Entenda o que revela o índice calculado pela ONU
Escrito por Bruno André Blume/Portal Politize!
Você já deve ter ouvido falar sobre o IDH. Todos os anos, essa sigla ressurge nos jornais apenas para nos dizer quão boa ou ruim é nossa qualidade de vida. Vamos explicar como esse índice é feito e por que ele importa para o Brasil e para o mundo.
Escrito por Bruno André Blume/Portal Politize!
Você já deve ter ouvido falar sobre o IDH. Todos os anos, essa sigla ressurge nos jornais apenas para nos dizer quão boa ou ruim é nossa qualidade de vida. Vamos explicar como esse índice é feito e por que ele importa para o Brasil e para o mundo.
O
QUE É?
IDH é a sigla para Índice de
Desenvolvimento Humano. Trata-se de uma metodologia usada para comparar o
desenvolvimento de 188 países membros da Organização das Nações Unidas (ONU). O
índice foi criado nos anos 1990 por dois economistas: o paquistanês Mahbub ul
Haq (falecido em 1998 e um dos fundadores da teoria do desenvolvimento humano)
e o indiano Amartya Sen (prêmio Nobel em 1998 e professor do departamento de
economia de Harvard). O IDH tem sido usado desde 1993 pelo Programa das Nações
Unidas para o Desenvolvimento (Pnud).
QUAL
É O OBJETIVO DO IDH?
Como você deve saber,
existem diversos indicadores econômicos que podem adequadamente revelar o
cenário de desenvolvimento de um país. O Produto Interno Bruto (PIB), por
exemplo, é um indicador exaustivamente usado para medir a renda de um país.
Então por que o IDH foi criado?
A maior preocupação dos
criadores do índice era a ênfase excessiva que se dá para a dimensão econômica
quando se fala em desenvolvimento. O crescimento econômico, apesar de
considerado indispensável, é apenas um meio para o que realmente importa: a
melhoria geral da qualidade de vida das pessoas no mundo todo. Foi pensando
nisso que se criou um índice que leva em conta as condições de renda, saúde e
educação a que estão submetidas às populações mundiais.
COMO
É CALCULADO?
O IDH leva em conta três
indicadores principais:
Educação
Duas taxas são usadas para
medir a qualidade da educação de um país. O primeiro é a média de anos de
educação de adultos (pessoas com mais de 25 anos de idade). O segundo é a
expectativa de anos de estudo para crianças.
Longevidade
A expectativa de vida ao
nascer é utilizada para medir a longevidade da população de um país. Esse
número leva em conta todas as mortes precoces que ocorrem no país para chegar a
uma expectativa de quantos anos viverá um recém-nascido. Ou seja, tem relação
com fatores como as condições de saúde, a taxa de mortalidade infantil e a
violência nacional.
Renda
O terceiro componente do IDH
é determinado pela renda per capita nacional. Para chegar à renda per capita,
você deve dividir toda a renda nacional pelo número de habitantes de um país.
Para evitar distorções na análise, a renda per capita é medida em dólar,
considerando ainda a paridade do poder de compra (um método que revela quanto a
moeda local é capaz de comprar no âmbito internacional, desconsiderando o custo
de vida local).
O IDH de um país é a média
dos resultados dos três índices acima, obtida após vários cálculos que não
mostraremos aqui. O índice varia de zero a um – e quanto mais próximo de um,
mais desenvolvido é o país. O Pnud divide as nações de acordo com o resultado
do IDH, em quatro grandes grupos:
- Desenvolvimento humano
baixo;
- Desenvolvimento humano
médio;
- Desenvolvimento humano alto;
- Desenvolvimento humano muito
alto.
E
A DESIGUALDADE?
Uma das maiores críticas ao
IDH é que ele não consegue abarcar toda a complexidade que envolve determinar a
qualidade de vida de um país. Por exemplo: pelos critérios que mostramos acima,
é possível que ditaduras tenham um desenvolvimento humano muito maior do que
algumas democracias. A falta de liberdade não seria um fator que prejudica a
população?
Da mesma forma, a desigualdade
também não é levada em conta no cálculo tradicional do IDH. Um país pode ter
uma renda extremamente concentrada nas camadas mais ricas da população,
apresentar altas taxas de pobreza e mesmo assim ter um IDH elevado.
Foi pensando nisso que se
criou o IDH ajustado pela desigualdade (IDHAD). Desde 2010, o Pnud tem
recalculado o IDH de acordo com um cálculo da desigualdade proposto pelo
economista britânico Anthony Barnes Atkinson. O cálculo considera as
desigualdades em todos os três índices usados para compor o IDH.
A partir disso, o resultado
dos países é corrigido para baixo. O IDHAD sempre fica menor do que o IDH
original porque a desigualdade social ainda é uma realidade em todos os países
(mesmo que mais intensa em alguns países). Nessa configuração, a Islândia, por
exemplo, ganha seis posições e torna-se o país com segundo maior IDH do mundo.
Já os Estados Unidos perdem 10 posições no ranking geral.
O
IDH Municipal (IDHM)
Além de medir a qualidade de
vida de praticamente todos os países do globo, o IDH também inspirou a criação
de rankings locais. No Brasil, temos o IDH Municipal (IDHM), que leva em conta
os mesmos três indicadores do IDH para comparar a qualidade de vida dos mais de
5 mil municípios brasileiros. Os dados são extraídos do Censo do IBGE, feito a
cada dez anos e cuja última edição foi em 2010.
OS
RESULTADOS DO IDH 2017
Segundo o relatório do
desenvolvimento humano mais recente do Pnud (divulgado em março de 2017, com
dados referentes a 2015), os dez países de maior desenvolvimento humano são:
Noruega (0,949), Austrália (0,939), Suíça, (0,939), Alemanha (0,926), Dinamarca
(0,925), Singapura (0,925), Holanda (0,924), Irlanda (0,923), Islândia (0,921)
e Canadá (0,920 – mesmo resultado dos Estados Unidos).
Já entre os países de menor
desenvolvimento humano estão a República Centro-Africana (0,352), Níger
(0,353), Chad (0,396), Burkina Faso (0,402) e Burundi (0,404).
De um modo geral, Europa e
América do Norte predominam entre os países de desenvolvimento muito alto;
países latino-americanos e do leste europeu aparecem na categoria de
desenvolvimento alto; países do norte africano e do sudeste asiático predominam
entre os de desenvolvimento médio; e boa parte dos países africanos figura entre
os países de desenvolvimento baixo.
E
O BRASIL, COMO SE SAI?
No mais recente relatório do
desenvolvimento humano da Pnud, o Brasil apareceu na 79ª posição no ranking
mundial, com IDH de 0,754. Com esse resultado, estamos no grupo de países com
alto desenvolvimento humano – uma realidade estabelecida há alguns anos. O
problema é que estagnamos: no relatório anterior, de 2016, havíamos conquistado
exatamente a mesma posição e o mesmo nível de desenvolvimento (0,754). Desde
2010, a trajetória brasileira era de alta, com ganho de três pontos percentuais
em cinco anos. O não avanço do último ano pode ter relação com a crise
econômica iniciada em 2015, que diminuiu nossa renda nacional per capita.
Se ajustado à desigualdade,
o Brasil cai 19 posições no ranking global, com índice de 0,561. Trata-se de
uma das maiores diferenças de resultado de todo o levantamento.
Confira os resultados
brasileiros em cada sub-índice:
- Renda nacional bruta per
capita: R$ 1.113,00;
- Médio de anos de estudo
(adultos): 7,8 anos;
- Expectativa de anos de
estudo (entre pessoas em idade escolar): 15,2 anos;
- Expectativa de vida ao
nascer: 74,7 anos.
1 Comentários
Carmelreus
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