Relatório mostra que 815 milhões de pessoas passam
fome no mundo
Em todo o mundo, 815 milhões de pessoas passam fome. Um dos desafios da humanidade será garantir que, em 2050, com uma população estimada em 10 bilhões de pessoas, todos tenham o que comer, prevê o relatório The State of Food Security and Nutrition in the World 2017 (o estado da segurança alimentar e nutrição no mundo, em tradução livre).
O
estudo foi anunciado hoje (15), em Roma, por organismos das Nações Unidas e
oferece estimativas atualizadas sobre o número e proporção de pessoas que
sofrem com a fome, apresentando dados globais, regionais e nacionais, além de
avaliar as perspectivas para o futuro.
Conflitos
A
grande maioria das 815 milhões de pessoas que sofrem de insegurança alimentar
(489 milhões de pessoas) vivem em países afetados por conflitos. Quase 122
milhões de crianças menores de cinco anos, com atrasos de crescimento (75%
delas), vivem em situação de conflito.
De
acordo com o relatório, os países em conflito apresentam em média uma taxa de
desnutrição infantil de 9% a mais do que nos outros países. Desde 2010, com o
aumento dos conflitos violentos, estabeleceu-se a tendência de aumento no
número de desnutridos nestes locais.
Fome
Após
uma trajetória de queda, que durou mais de uma década, a fome em todo mundo
parece estar aumentando de novo, afetando atualmente 11% da população mundial,
segundo o relatório.
Enquanto
em 2015 o número de pessoas subalimentadas no mundo era 777 milhões, agora o
problema alcançou 815 milhões de pessoas.
Apesar
da redução nos índices de desnutrição infantil, no ano passado 155 milhões de
crianças menores de cinco anos em todo o mundo sofriam de desnutrição crônica,
o que aumenta o risco de diminuição da capacidade cognitiva, de menor desempenho
na escola e de morte por infecções.
Em
todo o mundo, a prevalência da desnutrição infantil crônica diminuiu de 29,5%
para 22,9%, entre 2005 e 2016.
Em
2016, a desnutrição aguda afetava 7,7% das crianças menores de 5 anos em todo o
mundo, segundo o relatório. O dado representa cerca de 17 milhões de crianças.
Sobrepeso
Por
outro lado, o sobrepeso é um problema crescente na maioria das regiões do
mundo. Se estima que 6% das crianças com menos de 5 anos estavam acima do peso
em 2016 (41 milhões), em comparação com 5,3% em 2005.
A
obesidade em adultos também segue crescendo em todo o mundo, e representa um
importante risco de doenças cardiovasculares, diabetes e alguns tipos de
câncer.
A
obesidade mundial mais do que dobrou entre 1980 e 2014. Em 2014, 600 milhões a
mais de pessoas estavam obesas, o equivalente a 13% da população adulta
mundial.
O
problema é mais grave na América do Norte, Europa e Oceania, onde 28% dos
adultos são obesos, em comparação a 7% na Ásia e 11% na África. Na América
Latina e no Caribe, aproximadamente 25% da população adulta é considerada
obesa.
Amamentação
Nunca
tantas mulheres se dedicaram à amamentação exclusiva como hoje em dia, informa
o estudo. No mundo todo, cerca de 43% dos lactantes menores de seis meses
recebeu apenas leite materno em 2016. Em 2005, o percentual era de 36%.
A
estimativa é que o aumento nos índices de lactância materna pode ter impacto
preventivo sobre a mortalidade infantil, prevenindo 820 mil mortes de crianças
por ano e 20 mil mortes maternas, relacionadas a câncer, anualmente. A
amamentação reduz em 26% o risco de sobrepeso e obesidade na vida adulta.
O
relatório foi lançado pela Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a
Agricultura (FAO), conjuntamente com o Fundo Internacional de Desenvolvimento
Agrícola (FIDA), o Programa Mundial de Alimentos (PMA), o Fundo das Nações
Unidas para a Infância (UNICEF) e a Organização Mundial da Saúde (OMS).
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