BULLYING:
O QUE É?
Escrito por Bruno André Blume/Portal
Politize!
O bullying tem mobilizado
autoridades de inúmeros países, incluindo o Brasil. O problema atinge pessoas
das mais diversas idades, especialmente crianças e adolescentes, e pode causar
danos graves às vítimas. Entenda o significado do termo e como o governo
brasileiro e de outros países interpreta e combate esse problema.
DEFINIÇÃO
DE BULLYING
Bullying é um termo de
origem inglesa, popularizado pelo professor de psicologia Dan Olweus. Em países
como o Reino Unido e os Estados Unidos, alunos que intimidam alunos verbal e
fisicamente são chamados de bullies (valentões). E é precisamente a essa
prática que se refere o termo bullying: gestos que intimidam e agridem pessoas
tanto verbal quanto fisicamente. A prática é deliberada e recorrente, ou seja,
o agressor tem prazer em humilhar a vítima e volta a praticar inúmeras vezes.
Os ataques ocorrem sem motivo aparente. Existem também meios mais sutis de
bullying, como isolar a vítima socialmente ou espalhar boatos sobre ela.
A vítima de bullying costuma
ser uma pessoa com características que a diferenciam da maioria e a tornam mais
vulnerável a ataques. A prática ocorre, portanto, por conta de uma relação
desigual de poder entre o perpetrador e a vítima. Outro problema é que a vítima
costuma ser uma pessoa com dificuldades de se impor e impedir as agressões. Por
isso, muitas vezes elas sofrem em silêncio.
Por outro lado, o agressor
costuma ser uma pessoa com problemas de empatia, vindo de famílias
problemáticas. Mas alguém que pratica bullying também pode querer se tornar
mais popular ou simplesmente sentir-se mais poderoso. Há quem considere o
bullying uma doença.
O
QUE É E O QUE NÃO É BULLYING?
Nem toda agressão pode ser
chamada de bullying. Primeiro, o bullying geralmente ocorre entre
pares (entre colegas de escola, de faculdade, de trabalho, etc). Além disso,
brigas e discussões pontuais não são suficientes para
caracterizar bullying, pois decorrem de outros motivos. Um exemplo
clássico da prática – muito retratado em filmes infantis – é o que
ocorre entre uma criança maior, mais velha e mais forte contra uma
criança menor, mais nova e mais fraca. Como a criança menor
não tem como se defender do “valentão”, ela sofre na mão
dele. É obrigada a entregar dinheiro do lanche, é chamado de apelidos
jocosos e leva surras.
Com a internet,
surgiu o cyberbullying, ou
seja, práticas de bullying por meios virtuais, como redes sociais. Os
agressores utilizam esses meios para difundir boatos sobre as vítimas, postar
fotos e conteúdos que as expõem indevidamente, entre outros.
PÚBLICO
ESPECTADOR
Segundo Telma Vinha, doutora
em Psicologia Educacional e professora da Faculdade de Educação da Unicamp, a
presença de um público espectador é um dos elementos mais importantes para se
caracterizar o bullying. Outras pessoas assistem às agressões. A reação delas é
mista: muitas riem das agressões e não as consideram danosas; outras tomam as dores
da vítima. Mas a maioria, mesmo percebendo a violência, não confronta o
agressor. O motivo disso pode ser o medo de ser a próxima vítima dele (muito
comum nas escolas).
ONDE
OCORRE O BULLYING?
A prática não se limita aos
colégios e às creches. Não se trata de uma mera “brincadeira de criança”. A
dinâmica pode ser reproduzida em praticamente qualquer contexto social. Em
faculdades, empresas, instituições públicas e qualquer outro ambiente também há
bullying, mesmo que seja mais disfarçado ou tolerado. O bullying corporativo,
por exemplo, é um grave problema que atinge muitos profissionais. Onde há uma
relação de repetidas agressões verbais ou físicas a uma pessoa, causando-lhe dor
e angústia, há um caso de bullying.
QUAIS
SÃO AS CONSEQUÊNCIAS DO BULLYING?
A prática não pode ser
encarada como uma questão banal. As agressões podem ter implicações
graves à vítima, principalmente em sua saúde mental. Depressão, autoestima baixa e sentimentos
negativos são problemas comuns entre quem sofre ou já sofreu. Em
último caso, pode haver o suicídio.
QUAL
É O TAMANHO DO PROBLEMA?
Dados do IBGE indicam que,
infelizmente, a prática é generalizada. Por um lado, um terço dos estudantes
brasileiros relata sofrer bullying (dados de 2011). Por outro, um em cada cinco
já teria praticado, segundo estudo do IBGE de 2015, baseado em perguntas feitas
a mais de 100 mil estudantes. A pesquisa de 2015 também revelou que metade dos
praticantes não sabem explicar por que agridem os colegas. Os alvos mais
apontados nas agressões foram aparência do corpo ou do rosto, cor ou raça,
orientação sexual e origem das vítimas.
POLÍTICAS
ANTI-BULLYING: BRASIL E MUNDO
Por ser uma prática bastante
comum e também muito danosa às vítimas, países têm criado formas de combatê-lo.
Estados Unidos, Canadá e Noruega incluíram nos currículos planos de prevenção
ao bullying, que devem ser postos em prática por cada escola. A Noruega utiliza
metodologia elaborada por Dan Olweus, pesquisador que criou o termo bullying.
Outros países punem pelas
vias legais. O Reino Unido, por exemplo, considera a prática um caso de assédio
ou perseguição. Agressores podem ser responsabilizados criminalmente. Já a
Finlândia categoriza a prática como crime específico, sujeito a multas e restrição
de liberdades. As escolas em que o bullying ocorre podem ser processadas por
negligência.
O Brasil adotou legislação
anti-bullying em novembro de 2015.
A então presidente Dilma Rousseff sancionou o Programa
de Combate à Intimidação Sistemática, que prevê a capacitação de docentes e
equipes pedagógicas, campanhas educativas e assistência psicológica e jurídica
às vítimas e agressores. Mas a lei também determina que se evite punir quem
pratica, fato que motivou críticas de entidades ligadas à educação. No lugar da
punição, deve-se privilegiar ações alternativas que responsabilizem o indivíduo
e alterem o comportamento agressivo. A lei anti-bullying brasileira se
assemelha à de muitos estados americanos.
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