DESIGUALDADE SOCIAL: UMA REALIDADE
URGENTE E SISTÊMICA
Escrito por Carla Mereles/Portal
Politize!
A
desigualdade social é um tema presente desde a escola, quando se colocavam as
diferenças econômicas e de tratamento na sociedade, até a faculdade, onde se
aprofundam os conhecimentos sobre a área. Mas, afinal, o que é e como surge a
desigualdade? Vamos tentar explicar um pouco das origens desse mal que
existente desde os primórdios da humanidade.
O QUE É DESIGUALDADE SOCIAL?
A
desigualdade social é um processo existente dentro das relações da sociedade,
presente em todos os países do mundo. Faz parte das relações sociais, pois
determina um lugar aos desiguais, seja por questões econômicas, de gênero, de
cor, de crença, de círculo ou grupo social. Essa forma de desigualdade
prejudica e limita o status social dessas pessoas por determinados motivos,
além de seu acesso a direitos básicos, como: acesso à educação e saúde de
qualidade, direito à propriedade, direito ao trabalho, direito à moradia, ter
boas condições de transporte e locomoção, entre outros.
Sociedades
em que as pessoas são diferentes, optam por vestir roupas de determinado jeito
ou viver sua vida de maneiras diferentes não são formas de desigualdade. O
fenômeno da inequidade se manifesta no acesso aos direitos, como dito
anteriormente, mas principalmente no acesso a oportunidades. De acordo com
Rosseau, a desigualdade tende a se acumular. Logo, determinados grupos de
pessoas de classes sociais e econômicas mais favorecidas têm acesso a boas
escolas, boas faculdades e, consequentemente, a bons empregos. Vivem, convivem
e crescem num meio social que lhe está disponível.
É um
ciclo vicioso: esses grupos se mantêm, com seus privilégios e num círculo
restrito, relacionando-se social e economicamente por gerações a fio. A grande
questão é: o que fazem aqueles que estão à margem dessa bolha social?
PERPETUAÇÃO DA DESIGUALDADE
As
pessoas que são marginalizadas sofrem os maus efeitos da existência dessas
bolhas sociais e econômicas, sem lhes ser concedidas oportunidades de vida, de
estudo e de crescimento profissional da mesma maneira que às outras pessoas.
Quem é de uma família pobre tem menos probabilidade de ter uma excelente educação
e instrução; assim, com baixo nível de escolaridade, terão destinados a si
certos empregos sem grande prestígio social e com uma remuneração modesta,
mantendo seu status social intacto.
Por
essa razão, a meritocracia é um mito: não há como clamar que uma
classe social alcança bons feitos por mérito, frente a outra que sequer
consegue acessar as mesmas oportunidades. Um princípio do direito prega em
tratar os iguais como iguais e os desiguais como desiguais, com o intuito de
reconhecer a força das vivências, dos locais de origens e da vida social
tendem a se manter os mesmos por décadas. influencia como a sociedade enxerga e
trata as classes menos favorecidas social e economicamente.
COMO SURGE A DESIGUALDADE SOCIAL?
Vários
teóricos e pensadores buscam entender esse fenômeno, que assola boa parte dos
países do mundo até hoje. Boa parte deles, em suas teorias, culpa a existência
da desigualdade social num vértice em comum: a concentração do dinheiro, ou
seja, a má distribuição de renda. Sendo a desigualdade social é fruto da
concentração de dinheiro e poder a uma parte muito pequena da população, o que
resta à grande parcela da sociedade é dividir o restante.
Algumas
das causas da desigualdade social
- Má
distribuição de renda – e concentração do poder;
- Má
administração de recursos – principalmente públicos;
- Lógica
de mercado do sistema capitalista – quanto mais lucro para as empresas e os
donos de empresa, melhor;
- Falta
de investimento nas áreas sociais, em cultura, em assistência a populações mais
carentes, em saúde, educação;
- Falta
de oportunidade de trabalho.
EM QUAIS ÂMBITOS A DESIGUALDADE SOCIAL
PODE SE MANIFESTAR?
Existem
diversas formas de desigualdade quando se fala em desigualdade social. Ora, o
que é social permeia todos os âmbitos da vida de uma pessoa. Entenda alguns
deles:
- Desigualdade
de gênero: uma pauta muito discutida desde o início desta primavera feminista
do século XXI. Ela se manifesta na discriminação de oportunidades, de
tratamento, de direitos, de liberdade. Por vezes, no sistema patriarcal,
mulheres recebem salários mais baixos que um homem, mesmo fazendo o mesmo
trabalho, com o mesmo grau de ensino e cumprindo os mesmos horários – na esfera
pública, também é discutida a representatividade da mulher em cargos de poder e
na política.
- Desigualdade
racial: o Brasil, ao contrário do mito, não é uma democracia racial. A
desigualdade começa já na discussão de oportunidades: onde as pessoas negras
moram e crescem hoje? Como herança da escravidão, 72% dos moradores de favela
são negros. Sete em cada dez casas que recebem o benefício do Bolsa Família são
chefiadas por negros, segundo dados do estudo Retrato das desigualdades de
gênero e raça, do Ipea. Além disso, o analfabetismo é duas vezes maior entre
negros do que entre brancos. Em segundo lugar, há preconceito e discriminação
racial em diversos âmbitos ainda: diz-se que
racismo é estrutural e reproduzido pela sociedade a fim de excluí-los
dos círculos sociais. Os jornais, a televisão e os filmes, por exemplo, também
reproduzem e ajudam a perpetuar essa lógica.
- Desigualdade
de classes: dependendo o autor, a explicação desse tipo de desigualdade será
diferente, mas sempre levará em conta a ocupação profissional, a escolaridade,
a riqueza, os bens, a renda das pessoas. O sociólogo Max Weber acredita que as
classes sociais estão ligadas aos privilégios e prestígios, sendo uma forma de
estratificação social. Acredita que essas classes tendem a se manter estáveis
ao longo de gerações, reproduzindo a desigualdade com as classes inferiores. Já
Karl Marx, entende que existem duas grandes classes: a trabalhadora
(proletariado) e os capitalistas (burguesia). Enquanto os trabalhadores se
importam em sobreviver, os capitalistas se preocupam com o lucro, criando as
desigualdades e os conflitos sociais, como a opressão e a exploração.
Fonte:
http://www.politize.com.br
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