ARMAS
NUCLEARES: QUAL É O SEU PAPEL EM CONFLITOS POLÍTICOS?
Escrito por Louise Enriconi/Portal
Politize!
Com os recentes testes balísticos da
Coreia do Norte e as provocações entre Kim Jong-un, líder do país, e Donald
Trump, presidente dos Estados Unidos, o papel das armas nucleares em conflitos
voltou a ser debatido. É provável que tenhamos uma guerra nuclear? Se sim, como
ela seria?
Antes de realizarmos essa discussão,
vamos entender melhor o que são as armas nucleares e como elas podem ser
utilizadas?
QUAIS
OS TIPOS DE ARMAS NUCLEARES?
Há vários motivos para que uma migração
ocorra: mudanças climáticas, catástrofes naturais, conquistas militares,
insegurança em sua terra de origem, perseguição, povoamento de um novo
território, insatisfação com o governo de seu país, esperança de encontrar
condições de vida melhores em outro local, alguma oportunidade de trabalho, de
estudos, entre outros.
Fissão
Nuclear
Na fissão nuclear, núcleos de elementos
pesados, como o urânio e o plutônio, são quebrados em átomos menores, através
do bombardeamento com nêutrons – partículas minúsculas que também integram os
átomos.
Quando a desintegração ocorre, novos
nêutrons são liberados, atingindo os núcleos dos átomos pesados que se
encontram a sua volta, resultando em uma reação em cadeia que só terá fim
quando todos os elementos pesados já tiverem sido quebrados em átomos menores.
Este tipo de armamento nuclear foi
utilizado ao final da Segunda Guerra Mundial, pelos Estados Unidos, contra duas
cidades japonesas: Hiroshima e Nagasaki. Na primeira, foi utilizado o urânio e,
na segunda, o plutônio. Estima-se que cerca de 200 mil pessoas tenham falecido
por consequência de seu uso, tanto no momento da explosão quanto pela radiação
liberada.
Fusão
Nuclear
Na fusão nuclear, como o nome diz,
ocorre quase o oposto que na fissão: os núcleos, ao invés de serem quebrados em
elementos menores, juntam-se, formando átomos mais pesados. Do mesmo modo como
na fissão, o processo de fusão libera uma enorme quantidade de energia.
Os elementos mais comuns para a
realização de uma fusão nuclear são o hidrogênio e o hélio. Por isso,
armamentos nucleares que se utilizam da fusão também são conhecidos como
“bombas-H” ou bombas de hidrogênio.
A bomba mais poderosa já testada era
deste tipo: a “bomba Tsar”, feita pela URSS em 1961 e cuja força era
equivalente a aproximadamente 3,8 mil bombas de Hiroshima.
O
PAPEL DAS ARMAS NUCLEARES EM CONFLITOS POLÍTICOS
Durante a Guerra Fria, URSS e EUA
entraram em uma corrida armamentista, buscando expandir ao máximo seu poder
bélico. A corrida incluiu testes e desenvolvimento de armamentos nucleares.
Quando a URSS testou sua primeira bomba atômica, em 1949, o perigo de uma
guerra nuclear entre as duas superpotências se tornou mais real.
Apesar do medo e tensão que geram, as
armas nucleares são consideradas um dos grandes motivos para que a Guerra Fria
não tenha se tornado “quente”. Com a perspectiva de destruição mútua, ambos os
Estados evitaram um conflito direto durante os mais de 40 anos em que durou o
embate. O poder das armas nucleares e seu papel na Guerra Fria – bem como nos
conflitos atuais – pode ser resumido em 5 pontos:
Físico
As armas nucleares possuem um enorme
poder de destruição. Para termos uma ideia, os mísseis atuais podem transportar
mais de 100 vezes o poder explosivo da bomba de Hiroshima. Além disso, as
consequências das bombas nucleares ainda são incertas. Alguns afirmam que uma
guerra nuclear geraria tanto carbono e poeira na atmosfera que impediria as
plantas de realizarem a fotossíntese, acabando com os tipos de vida que
conhecemos atualmente.
Político
Com as armas nucleares, percebeu-se uma
desproporção entre os meios militares (possibilidade de destruição total) e
todos os fins políticos que o país poderia almejar, ou seja, não existe
objetivo político que justifique a possibilidade do país ser totalmente
destruído. Essa desproporção ocasionou uma paralisia na utilização da força
total durante a Guerra Fria, pois o preço a se pagar para alcançar os objetivos
políticos do país era muito grande.
Assim, foi restaurada a guerra limitada
(os países não utilizavam todos os seus meios bélicos possíveis), as várias
crises substituíram uma única guerra central, a dissuasão (desencorajamento
pelo medo) se tornou a estratégia central de ambos e as duas superpotências
buscaram ser prudentes, tendo o objetivo em comum de evitar a guerra
nuclear.
Equilíbrio
de terror
Com as armas nucleares, o poder das
superpotências foi equilibrado através do terror. Com isso, queremos dizer que
as demonstrações de força eram mais psicológicas do que físicas. As armas
nucleares não eram utilizadas, e, portanto, seu poder não era visto, mas o
conhecimento de que elas existiam era suficiente para impedir um ataque inicial
de ambos os lados.
Esse pode ser chamado de “efeito bola de
cristal”. Com as armas nucleares, os líderes de ambos os blocos conseguiam
prever o que aconteceria se dessem o primeiro passo: destruição de seu
território e milhões de mortes. Assim, calculavam que os custos de iniciar uma
guerra direta eram muito altos comparado ao retorno que poderiam ter. O fato é
que este equilíbrio de terror, somado ao sistema bipolar, produziu o mais longo
período de “paz” entre as potências centrais desde o início do sistema de
Estados modernos.
Dissuasão
nuclear
Esse tipo de dissuasão remete ao
raciocínio de que um não pode impedir o outro de atacar primeiro, mas a
retaliação de ambos os lados será tão violenta que nenhum dos dois irá realizar
o ataque inicial. Para que a dissuasão seja efetiva, dois elementos devem estar
presentes: a capacidade de destruição e a credibilidade de que as armas serão
utilizadas. A capacidade de destruição era clara por ambos os lados da Guerra
Fria a partir da década de 1950, já a credibilidade varia em cada caso, a depender
da importância atribuída ao objetivo.
Era provável que os Estados se
utilizassem das armas nucleares para defender seus próprios territórios, por
exemplo, bem como de seus aliados mais próximos. Já em conflitos em que não
havia um interesse tão grande, era pouco provável que as armas nucleares fossem
realmente utilizadas. Os Estados Unidos, por exemplo, não poderiam impedir a
União Soviética de invadir o Afeganistão através da dissuasão nuclear, pois a
URSS sabia que os norte-americanos não estariam dispostos a arcar com os custos
da retaliação por causa desse território.
Já uma ameaça direta, como a instalação
dos mísseis soviéticos em Cuba, tornou mais provável que um ataque nuclear
fosse realizado em auto-defesa, aumentando assim a dissuasão nuclear. A
credibilidade das ameaças estadunidenses de que utilizariam força nuclear caso
os mísseis não fossem retirados talvez tenha sido um dos principais fatores
para que a URSS tenha removido seus mísseis, evitando assim um conflito
nuclear.
Questões
morais
As armas nucleares promovem reflexões
morais. Por serem armas de destruição em massa, se utilizadas em grande escala
não permitem separar civis de combatentes, por exemplo. Por este motivo, muitos
consideram seu uso ou mesmo seu desenvolvimento, imoral.
Se utilizadas em pequena escala, as
armas nucleares podem funcionar do mesmo modo que armas convencionais, mas como
garantir que a partir desse primeiro ataque e de suas retaliações –
principalmente se o Estado atacado também possuir a tecnologia nuclear – não
haverá escalada do conflito e destruição total?
Desse modo, é possível que um Estado que
utilize armas nucleares em algum conflito sofra grande represália
internacional, pelo caráter imoral que muitos atribuem a esses armamentos. Este
também pode ser considerado um motivo pelo qual as armas nucleares não foram
utilizadas durante a Guerra Fria.
COMO
SERIA UMA GUERRA NUCLEAR?
Diante dos fatos apresentados e de toda
incerteza e insegurança que cerca a utilização de armas nucleares em conflitos,
parece quase impossível que ocorra uma guerra nuclear nos próximos anos, certo?
Mais ou menos.
Uma guerra nuclear ilimitada e absoluta,
ou seja, em que todos os recursos possíveis sejam utilizados – digamos, todo o
arsenal de armas nucleares existente hoje – é, realmente, muito pouco provável,
posto que teria o potencial de acabar com a vida na Terra como a conhecemos.
No entanto, um cenário mais possível –
ainda que improvável – seria a utilização limitada de armas nucleares, em alvos
específicos e estratégicos. Como já citamos anteriormente, duas bombas
nucleares já foram utilizadas em conflito, com essa mesma característica
limitada: em Hiroshima e Nagasaki. Claro que na época a situação era bem
diferente: somente os Estados Unidos possuíam armas nucleares, portanto não
havia perigo de retaliação.
Hoje, além dos EUA, Rússia, China,
França, Grã-Bretanha, Índia, Paquistão, Irã e Coreia do Norte possuem a
tecnologia. Desse modo, a utilização de armamento nuclear se torna uma questão
muito mais delicada, posto que uma resposta de igual tipo e porte pode
acontecer mais facilmente.
Fonte: http://www.politize.com.br
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