Garoto desnutrido na cama de um hospital em Houdieda, Iêmen
(Foto: Abduljabbar Zeyad/Reuters)
Iêmen poderá ter “a maior
fome do mundo em décadas", alerta a ONU
O
subsecretário-geral da ONU para Assuntos Humanitários, Mark Lowcock, alertou ao
Conselho de Segurança das Nações Unidas que se o acesso aéreo, marítimo e
terrestre não for reaberto no Iêmen para ajuda humanitária, "haverá uma
fome sem precedentes" no país. Segundo ele, esta seria a "maior crise
de fome que o mundo já viu em décadas, com milhões de vítimas". A
informação é da ONU News.
Segundo
Lowcock, não será uma fome como a vista no Sudão do Sul no início deste ano,
que atingiu dezenas de milhares de pessoas ou a que custou a vida de 250 mil na
Somália em 2011, mas algo muito pior.
Na
terça-feira (7), a ONU já havia confirmado que as operações humanitárias para o
Iêmen estavam bloqueadas devido ao fechamento de portos aéreos e marítimos no
país. O fechamento ocorreu após a morte de um príncipe saudita e sete outras
pessoas na queda de um helicóptero perto da fronteira do Iêmen com a Arábia Saudita,
país que lidera a coligação que atua no conflito iemenita.
Ações imediatas
Falando
a jornalistas na sede da ONU na quarta-feira (8), em Nova Iorque, após seu
informe ao Conselho de Segurança, Lowcock defendeu a realização imeditata de
algumas medidas.
Em
primeiro lugar, ele pediu a retomada imediata de serviços aéreos regulares da
ONU e de outros parceiros humanitários às cidades de Sanaa e Áden, seguida de
uma garantia "clara e imediata" de que não haverá outras interrupções
a esses serviços.
Lowcock
citou ainda: um acordo sobre o posicionamento do navio do Programam Mundial de
Alimentos (PMA), na costa de Áden, com garantias de que as funções que ele
apoia não serão mais interrompidas; e a retomada imediata do acesso humanitário
e comercial a todos os portos marítimos do Iêmen, especialmente para a entrega
de comida, combustível, medicamentos e outros suprimentos essenciais.
Por
fim, o oficial da ONU pediu a redução da interferência, com atrasos ou
bloqueios, a todos os navios que tenham passado por inspeção do Mecanismo da
ONU de Verificação e Inspeção para que possam seguir em direção aos portos o
mais rápido possível. Segundo o subsecretário-geral, isso seria "muito
importante", já que o acesso humanitário através dos portos já "era
inadequado mesmo antes das medidas anunciadas em 6 de novembro".
Desde
março de 2015, o número de mortos nos combates no Iêmen é de 5.295. Mais de 8,8
mil pessoas ficaram feridas. O país também está passando pela epidemia de
cólera de crescimento mais rápido já registrado. Até 1º de novembro já houve
cerca de 895 mil casos suspeitos, mais da metade em crianças, com cerca de 2,2
mil mortes associadas desde 27 de abril.
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