Estrutura é preparada para o exercício militar de simulação, Amazonlog17, que terá início no dia 6 de novembro em Tabatinga (AM)
Militares de outros países começam a
chegar para exercício de simulação no AM
Tropas
militares de outros países começaram a chegar hoje (5) para participar do
exercício militar de simulação de atendimento humanitário na selva amazônica, o
AmazonLog 17, marcado para o período de 6 a 13 de novembro, em Tabatinga (AM),
na tríplice fronteira com a Colômbia e Peru. Na manhã deste domingo, militares
da Colômbia e Peru desembarcaram na base montada pelo Brasil para receber as
tropas. Alguns soldados dos Estados Unidos também já estão na cidade. O
restante da tropa norte-americana desembarca amanhã (6).
No
total, devem participar da simulação cerca de 2 mil pessoas, dos quais, cerca
de 500 são estrangeiras. Além de militares do Brasil (cerca de 1.550), Colômbia
(150), Peru (120) e Estados Unidos (30), observadores de mais de 20 países
devem acompanhar as ações, entre eles Alemanha, Argentina, Chile, Equador,
México, França, Reino Unido, Espanha, Rússia e Venezuela. Também participam
funcionários de órgãos federais e estaduais como a Empresa Brasileira de
Infraestrutura Aeroportuária (Infraero), a Fundação Nacional do Índio (Funai),
a Polícia Federal, a Receita Federal, entre outros.
O
objetivo do exercício é criar diretrizes para socorro a vítimas em caso de
catástrofes na região da tríplice fronteira amazônica. Serão realizadas
simulações atendimento a vítimas de incêndios florestais, terremotos, secas,
enchentes, acidentes com embarcações e também de medidas humanitárias para
casos de grande contingente de deslocamentos humanos, como no caso de
refugiados.
As
simulações envolvem o uso de 13 helicópteros, 11 aviões, além de diversas
embarcações para as ações de simulação de acidentes. Também serão realizados
atendimentos de saúde para a população ribeirinha e comunidades indígenas do
Brasil e dos países vizinhos. Alguns dos exercícios contarão com a participação
de "figurantes". Uma base militar multinacional foi montada para dar
suporte a militares e socorro emergencial às “vítimas”.
O
chefe do Estado-Maior Combinado da AmazonLog17, general de brigada Antonio
Manoel de Barros, disse à Agência Brasil que a escolha da região se deve ao seu
caráter estratégico e pelo desafio de se levar uma estrutura de apoio em uma
região cujo acesso só ocorre por meio aéreo ou de barco. “As pessoas sabem das
dificuldades da região Amazônica e da nossa fronteira e o Exército tem uma
grande preocupação com a presença do Estado brasileiro na região”, disse.
De
acordo com o general, em uma situação de catástrofe, os militares atuariam para
dar suporte de infraestrutura para que outras agências governamentais, como as
polícias Militar e Civil, Defesa Civil, Corpo de Bombeiros possam atuar. “Em
uma situação de grave problema ou ameaça como uma endemia, uma seca, uma
enchente e que se esgotam determinados recursos e que, no nosso caso, o governo
federal é chamado a auxiliar e é aí que aparecem as Forças Armadas. Se tivermos
que ser acionados, já estamos prontos para o jogo. Por isso é que estamos
realizando esse exercício”, acrescentou.
A
atividade envolve unidades de transporte, logística, manutenção, suprimento,
evacuação e engenharia. No caso de catástrofes, por exemplo, isso implica o
planejamento logístico de deslocamento de equipamentos, suprimentos e equipes
até o local da ação. Além de preparar a área, é preciso pensar em como atender
os feridos e evacuar as pessoas. No caso de Colômbia e Peru, a participação na
simulação também servirá para que os países vizinhos adquiram experiências para
oferecer ajuda humanitária em casos similares.
Estados Unidos
Ainda
de acordo com o general, a intenção de chamar observadores de outros países foi
mostrar que a atuação na Amazônia “é coisa de gente grande”. “Sabemos que
graves acidentes, catástrofes não têm fronteiras. Por isso, decidimos chamar
outros países como, além dos que estão diretamente envolvidos no exercício, para
mostrar que nos temos capacidade de cuidar do que é nosso, mesmo com todas as
dificuldades”, disse Barros.
No
caso dos Estados Unidos, o general disse que a participação foi voluntária e
que se dá pela relação de confiança construída com os norte-americanos. “Ao
realizar a simulação, pensamos primeiro na participação de agências e
organismos do nosso país. No caso de agências de outros, a participação é
baseada em tratados internacionais com outros países e também na relação de
confiança que o Brasil tem com outras nações”, disse Barros.
A
participação de militares norte-americanos no exercício de simulação gerou
questionamentos. O tema chegou a ser debatido na Câmara dos Deputados, quando o
líder do PSOL na Casa, deputado Glauber Braga (RJ), questionou o convite. No
início de outubro, o deputado encaminhou um requerimento ao ministro da Defesa,
Raul Jungmann, e ao comandante do Exército, general Eduardo Villas Boas,
pedindo mais informações sobre a participação de militares dos Estados Unidos.
De acordo com o deputado, a medida poderia representar a possibilidade de perda
de soberania e ou de subordinação do Exército.
Para
o general, a participação dos EUA contribui para o Brasil aprender com eles a
capacidade de mobilização rápida de recursos, a exemplo do que ocorreu no
terremoto no Haiti, em 2010, quando o país conseguiu mobilizar rapidamente uma
grande quantidade de alimentos para atender as vítimas. Segundo o general, os
americanos vão trazer ao Brasil conhecimentos e mostrar tecnologias
relacionadas à ajuda humanitária em catástrofes naturais, a exemplo de técnicas
de purificação de água.
Participarão
da simulação representantes da Guarda Nacional, da Guarda Florestal e militares
do Comando Sul, que é uma importante unidade do Exército dos Estados Unidos.
Em
relação a informações que de os Estados Unidos poderiam montar uma base na
região, o general disse que são boatos e descartou qualquer possibilidade de
instalação de uma base norte-americana.
Os
estadunidenses trazem um avião militar de carga C-130, que participará de
exercícios de combate a incêndios florestais e transporte de tropas. “Os
norte-americanos vão participar com uma aeronave, auxiliando no transporte.
Eles também estão conosco baseados na confiança adquirida. Não há possibilidade
de subordinação”, concluiu o general.
Esta
é a primeira vez que se realiza as Forças Armadas brasileiras realizam um
exercício militar logístico de caráter humanitário com essas proporções. A
inspiração para a realização do exercício, maior já feito na América do Sul,
veio de um evento similar realizado na Hungria em 2015, quando o Exército
brasileiro participou como observador. O exércio logístico “Capable Logistician
- 2015”, realizado por países da Organização do Atlântico Norte - OTAN, em
2015, foi voltado para atendimento humanitário em situaçoes envolvendo
refugiados.
Segundo
o exército, no total foram percorridos cerca de 20 mil km de estradas, 30 mil
Km em aeronaves e 40 mil km em rios para deslocar as diferentes estruturas
usadas para a montagem das instalaçoes da base militar. Nos contêineres e
demais materiais transportados para a realização do exercício se encontra quase
toda a base logística destinada à operação - armas, munição, gêneros
alimentícios, hospital de campanha, macas, aparelhos médicos e odontológicos,
medicamentos, UTI móvel, guindastes, geradores de energia e tanques de
combustível.
“A
primeira dificuldade foi construir um desenho [de exercício de simulação] que
não estava pronto […] primeiro que não tem um modelo, não adianta copiar o
modelo que a Otan fez na Europa, pois não funciona. Aqui são outras condições
geográficas, de infraestrutrua, o povo é outro.... aí tivemos que construir um
planejamento e a grande dificuldade de execução está na logística”, disse
Barros. “Não temos um comércio ali na esquina a para compra o que tá faltando;
se você não planejou, você não tem. Além disso não podemos impactar
negativamente a cidade, temos que ser a soluçao e não o problema”, disse
Barros.
A
dificuldade de transportar toneladas de equipamentos até a cidade amazonense de
pouco mais de 60 mil habitantes, a cerca de 1,1 mil quilômetros da capital do
estado, foi apenas um dos desafios enfrentados pelo Comando Logístico do
Exército brasileiro para organizar o AmazonLog 2017. "As pessoas não tem ideia
do que é a nossa Amazônia. No caso de Tabatinga, ainda tem algum fluxo
logistico por se encontrar na tríplice fronteira. Mas tem cidades ainda mais
isoladas. Por isso, montamos tudo do nada. Até porque a gente não pode pegar
daqui os recursos locais, temos que provê-los... trouxemos todo esse aporte
logístico para cá. Em linha reta foram mais de seis mil km. Para termos uma
comparação, a distância Lisboa a Moscou dá cerca de 4,5 mil km”, comentou o
general.
A
Empresa Brasil de Comunicação (EBC) acompanha o evento, com equipes da Agência
Brasil e da Rádio Nacional do Alto Solimões AM e FM.
Fonte: http://agenciabrasil.ebc.com.br
Fonte: http://agenciabrasil.ebc.com.br
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