Apesar
de o Brasil viver intensamente o sincretismo religioso (que Jorge Amado
retratou tão bem) e todos estarmos familiarizados com alguns dos principais
orixás – de Iemanjá a Xangô – ainda são poucos os conhecimentos da maioria dos
brasileiros sobre a mitologia yorubá e as divindades que compõem o panteão do
candomblé. Para adaptar-se à nova realidade no Brasil, os escravos que
cultuavam essas divindades acabaram identificando alguns dos orixás com santos
católicos, e dessa forma Ogum acabou se misturando com São Jorge e os gêmeos
infantis Ibeji com Cosme e Damião.
Iemanjá
Identificada como a “rainha do mar”, é uma das que goza de maior popularidade
no Brasil. Essa divindade é tida como a deusa-mãe da humanidade (o que torna comum
que haja sincretismo com Nossa Senhora), sendo associada com as cores branco e
azul.
Xangô
Atrevido
e viril, é o deus do fogo, dos raios e trovões e da justiça, castigando os
mentirosos e os ladrões. Filho de Oranian com Iemanjá, toma três deusas como
esposas: Oyá, Oxum e Obá. Representa também a masculinidade e a sexualidade
masculina. Na santeria (religião cubana derivada do yorubá, como o nosso
candomblé) houve sincretismo de Xangô com Santo Antônio.
Ogum
O orixá ferreiro, que forjava suas próprias armas, é também um grande guerreiro,
deus da caça, da agricultura e da guerra. Foi um dos primeiros deuses a ser
cultuado no yorubá, e acredita-se que ele tenha sido um dos primeiros a descer
do Orun (Céu) para o Aiye (Terra). No Brasil,
é comum que ele seja identificado com São Jorge.
Oyá
Também
conhecida como Iansã, é a deusa guerreira dos ventos e dos
furacões. Geralmente, a recebe como oferenda o acarajé, sua comida favorita, e
é identificada pelas cores rosa, tons de roxo e marrom. Trata-se de uma das
orixás femininas mais imponentes e poderosas.
Oxum
A deusa da beleza, da fertilidade, do amor e das águas doces dos rios. Oxum seria
uma das esposas de Xangô, e segundo a mitologia yorubá teria desavenças com
outra de suas esposas, Obá.
Obá
Deusa
do casamento e da vida doméstica, essa filha de Iemanjá seria muito poderosa, e
temida por diversos orixás. Foi a primeira esposa de Xangô, e cortou
a orelha para provar seu amor pelo marido (ainda que haja versões em que foi
enganada a fazer isso por Oxum). Também é a deusa dos rios, mas das águas
revoltosas: pororocas e cachoeiras são os seus domínios.
Ibejis
Os
gêmeos sagrados são orixás crianças, um menino e uma menina, que teriam os
nomes de Kehinde e Taiwo. São os deuses da juventude e da vitalidade. Segundo a
mitologia yorubá, os gêmeos Ibeji são filhos abandonados por Oyá, que os teria
jogado na água depois do parto, sendo então criados por Oxum como seus próprios
filhos. No Brasil, é comum que sejam sincretizado com os santos Cosme e Damião.
Omolu
Conhecido
também como Obaluaiê, é o orixá da varíola e das doenças
contagiosas, e portanto também muito ligado à morte. Porém, assim como Omolu
traz a doença, também tem o poder de afastá-la, e é atribuído a ele muitas
curas milagrosas. Muitas vezes é sincretizado como São Lázaro.
Exu
Orixá
da comunicação, o mensageiro entre o mundo material e espiritual, e também
protetor das aldeias, das casas e das encruzilhadas. É irreverente, provocador
e brincalhão, e por esse motivo foi erroneamente identificado com o diabo pelos
colonizadores da África.
Oxalá
No
Brasil, todos vários orixás funfun (do branco), entre os quais Obatalá e
Orixalá, acabaram recebendo o nome genérico de Oxalá e sendo agrupados sob uma
mesma imagem. Esse é o deus da humanidade, descendente direto de Olorum (o
orixá criador). É uma divindade mais rígida, e muitas vezes opõe-se à natureza
irreverente de Exu. No Brasil, houve sincretismo com o Senhor do Bonfim da
Bahia.
Oxumaré
Essa
complexa figura é protetor das crianças e dos cordões umbilicais, divindade da
mobilidade e do arco-íris. Na Bahia costuma ser sincretizado com São
Bartolomeu. Curiosamente, tanto por seu símbolo ser o arco-íris quanto por
muitos acreditarem que esse orixá é ao mesmo tempo homem e mulher, ele é tido
por algumas pessoas como o protetor dos homossexuais.
Olokun:
Senhor
dos mares profundos e dos abismos – e, por consequência, do conhecimento
profundo que será sempre um mistério. Esse orixá é metade homem, metade
peixe, e tem um temperamento misterioso e violento.
1 Comentários
olaa,amei
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