Acordo
avalia uso do Canal do Panamá para levar grãos do Brasil à Ásia
A Associação de Produtores de Soja e
Milho de Mato Grosso (Aprosoja) informou nesta quinta-feira (15) que assinou um
convênio com a Autoridade do Canal do Panamá (ACP), que administra a passagem
marítima entre os oceanos Atlântico e Pacífico, para promover a utilização
daquela via interoceânica para o transporte dos grãos produzidos no Brasil para
os mercados da Ásia.
O termo de cooperação foi assinado ontem
(14), em Cuiabá, entre o presidente da Aprosoja), Antônio Galvan, e o
administrador da ACP, Jorge Luis Quijano. O documento oficializa o
compartilhamento de informações entre as duas partes, como a realização de
atividades de mercado, troca de estudos e informações sobre fluxos comerciais,
além de programas de modernização e melhoras no Canal.
A parceria busca promover o uso do Canal
do Panamá para o transporte de grãos, principalmente soja e milho, do Brasil
para os mercados na Ásia em navios panamax (termo que designa os navios que,
devido às suas dimensões, alcançaram o tamanho limite para passar nas eclusas do
canal panamenho, com um comprimento máximo de 305 metros), dada a sua
similaridade no calado dos portos fluviais na Amazônia e nas eclusas de
embarque.
Ganho
financeiro e logístico
Para o presidente da Aprosoja, o termo
de cooperação é positivo e é reflexo de uma visita realizada pela Aprosoja ao
país da América Central no ano passado. “O Canal do Panamá é uma parte
importante da logística dos nossos grãos, porque encurtará o caminho para
acessar nosso grande mercado consumidor, que é o asiático. Com certeza essa
assinatura vai representar muito para o futuro dessa relação Brasil-Panamá e,
em especial, o Mato Grosso”.
Segundo Edeon Vaz Ferreira, diretor
executivo do Movimento Pró-Logística, de Mato Grosso, a relação com o Canal
deve se refletir em rentabilidade aos produtores rurais do estado. “O acordo
nos permitirá a troca de informações com o objetivo de reduzir o custo da
travessia do canal, que para alguns portos asiáticos pode significar de dois a
quatro dias a menos de navegação. Como o pagamento do frete marítimo é diário,
isso representaria uma redução significativa, tanto do ponto de vista
financeiro como logístico. Daí, estamos buscando junto à ACP formas de reduzir
esses custos do frete, que também se refletiria nos custos gerais dos nossos
produtores”, destacou.
Rota
global
Pelo canal panamenho, construído pelos
Estados Unidos no início do século passado e transferido para o Panamá em 31 de
dezembro de 1999, passa cerca de 6% do comércio mundial. O canal se conecta com
mais de 140 rotas marítimas e 1.700 portos em 160 países diferentes.
O executivo da ACP, Quijano, disse que
com o aumento de capacidade do Canal do Panamá, em 2016, foi vista uma
oportunidade de acessar novos mercados. “Dentre esses mercados, acreditamos que
podemos captar parte dos grãos que saem de Mato Grosso e chegam até o Norte do
Brasil. O Canal do Panamá seria uma opção para que o produto chegue até a Ásia,
em especial à China”.
"Buscamos continuamente formas
inovadoras de atender às necessidades do comércio mundial, que estão sempre em
transformação, e o acordo assinado com a Aprosoja fortalece ainda mais o
objetivo comum de promover o crescimento do comércio na região", indicou
Quijano.
De acordo com a ACP, os grãos são a terceira mercadoria que
mais transita pela via interoceânica, depois do petróleo e de seus derivados e
da carga em contêineres.
Novas
eclusas
As eclusas de embarque panamax funcionam
há mais de 100 anos no Canal do Panamá e foram complementadas com as novas
eclusas neopanamax, que estão em operação desde junho de 2016 e que permitem a
passagem de navios com até o triplo de capacidade dos primeiros.
A ACP explicou que assinou memorandos de
entendimento com 36 associações comerciais, portos e organizações marítimas,
principalmente dos Estados Unidos, e que
o acordo assinado com a Aprosoja seria o primeiro com um país latino-americano.
"O aumento de capacidade promovido
pela ampliação do Canal nos permitiu ter acesso a novos mercados, que podem
incluir carga proveniente dos portos no norte do Brasil", destacou Quijano.
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