Mulher pega água do esgoto em Porto Príncipe, capital do Haiti
Escassez
de água leva a migrações em diversos países
Estudos da Organização das Nações Unidas
para a Alimentação e Agricultura (FAO) mostram que a escassez de água e as
secas recorrentes podem gerar fluxos migratórios. O estresse hídrico e a
redução da produção agrícola estão levando a movimentos populacionais em
diversos países, já que as populações saem em busca de melhores condições de
vida.
Um exemplo é a Somália, com 2,7 milhões
de pessoas vivendo em situação de emergência, principalmente deslocados por
conflito e comunidades de pequenos agricultores afetadas pela falta de chuvas,
segundo informações da EFE.
Ao participar do painel Água e Migrações
no 8º Fórum Mundial da Água, representantes de países como Espanha, Nigéria,
Portugal e Marrocos relataram como a falta de água impacta nos movimentos
migratórios em seus territórios. Na África do Norte, a busca pela água é um dos
principais motivos para esse “fenômeno social”.
Os chamados “refugiados do clima” também
estão presentes na Nigéria, país que tem sofrido com conflitos internos entre
caçadores e agricultores, migração para áreas próximas a florestas e o
recrutamento de jovens pelo grupo terrorista Boko Haram.
Para o diretor da Divisão de Terra e
Água da Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO),
Eduardo Mansur, esses movimentos colocam em risco o cumprimento dos Objetivos
de Desenvolvimento Sustentável 2030, sendo um deles garantir a alimentação para
população global, que nos próximos anos chegará a 9 bilhões de pessoas. Ele
destacou que os “recursos naturais estão sendo esgotados” e têm sido fruto de
uma “competição crescente”, em especial na questão da água.
Brasil
No Brasil, a água também é responsável
por migrações. O ministro da Integração Nacional, Helder Barbalho, lembrou a
histórica migração de brasileiros de regiões mais secas, especialmente do
Nordeste, para conseguirem melhor acesso à água em outras áreas do país.
“Culturalmente vivemos as migrações
entre regiões a partir da seca, da escassez hídrica, em algumas regiões do
país. Apesar de sermos um país que detém 11% da água doce do planeta, essa divisão
não permite democratização da água e faz com que tenhamos necessidade de
conviver com migração de brasileiros”, afirmou.
Como uma das estratégias para conter
esse movimento, o ministro citou o Projeto de Transposição do Rio São
Francisco, como “a mais importante da história do nosso país” que, segundo ele,
vai permitir o acesso à água a populações de vários estados nordestinos.
Paz
Azul
Mais cedo, houve o painel temático Paz
Azul: Das Recomendações à Ação, em que foi apresentado o relatório Uma Questão
de Sobrevivência, pelo presidente do Painel Mundial de Alto Nível sobre a Água
e a Paz, Danilo Türk. O relatório traz recomendações para a prevenção de
conflitos relacionados à água.
Danilo Türk, ex-presidente da Eslovênia,
defendeu a necessidade de haver “vontade política” para o compartilhamento de
recursos hídricos. Ao responder a perguntas dos participantes do fórum, ele
mencionou o período em que enfrentou uma série de inundações no país europeu,
para o qual foram exigidas novas soluções para enfrentar as mudanças políticas.
“Por isso precisamos de pressão da sociedade civil. Por favor, façam pressão”,
pediu.
Fonte: http://agenciabrasil.ebc.com.br
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