NAFTA: O QUE É E COMO
AFETA O BRASIL?
Escrito por Eduardo Aguirre Gigante/Portal
Politize!
Para quem acompanha de perto o
noticiário internacional, a sigla “NAFTA” não deve soar estranha aos ouvidos.
Uma das promessas do agora presidente americano Donald Trump, durante sua
campanha eleitoral, é a de rever os termos acordados no NAFTA, que ele chamava
de “catastróficos”. Mas o que exatamente seria o NAFTA? Ele é ruim ou benéfico
para os países signatários? O Brasil é afetado de alguma forma? Vamos
descobrir!
O
QUE É O NAFTA?
O NAFTA (North American Free Trade
Agreement), ou Tratado de Livre-Comércio da América do Norte, é um acordo
comercial firmado em 1992 entre o Canadá, Estados Unidos e México, no qual os
três países aboliram a maioria das barreiras alfandegárias existentes entre
eles, permitindo a livre circulação de bens e comércio em suas fronteiras,
desde que tais bens tenham sido produzidos em um destes países. Por exemplo, se
o produto for fabricado no Brasil e exportado para os EUA, ele será taxado caso
for dos EUA para o Canadá.
Outro aspecto importante do NAFTA é a
eliminação de barreiras para empresas multinacionais dos três países,
permitindo que empresas norte-americanas invistam no México, por exemplo, ou
vice-versa. Assim como permite que empresas multinacionais participem de
licitações dos três governos, independentemente da sua nacionalidade.
O
NAFTA É BOM OU RUIM?
Por que existe tanta polêmica em torno
do NAFTA? Ele é bom ou ruim para os países signatários? A resposta é… depende
do ponto de vista. Graças à eliminação de boa parte de burocracia em torno de
investimentos estrangeiros, muitas empresas americanas transferiram suas
fábricas para o México, país com mão-de-obra mais barata. Isso levou à queda de
emprego nos EUA, em especial nas indústrias do setor automobilístico, vestuário
e móveis. Segundo estimativas, cerca de 500 mil estadunidenses perderam o seu
trabalho por causa de barreiras comerciais abolidas pelo NAFTA, enquanto os
trabalhadores que mantiveram seus empregos tiveram que aceitar uma redução
salarial para manterem-se competitivos.
Outro argumento contra o NAFTA é que a
transferência de fábricas e mão-de-obra para o México não contribuiu para uma
melhoria na qualidade de vida dos mexicanos. Muito pelo contrário, houve
aumento de fábricas “maquiladoras”, que ficam em cidades próximas à fronteira
do México com EUA e que são conhecidas por terem péssimas condições de
trabalho. Além disso, a exploração por empresas petroquímicas do Canadá e EUA,
e da costa mexicana também, é vista como um dos fatores para a deterioração do
meio-ambiente mexicano.
Em contrapartida, desde a assinatura do
NAFTA, o comércio entre os três países quadruplicou, de 297 bilhões de dólares
em 1993 para 1,14 trilhões de dólares em 2015. O fim de taxas aduaneiras também
contribuiu para a diminuição no preço de produtos domésticos e alimentícios,
tornando-se mais barato o supermercado do mês ou a compra de roupas e produtos
eletrônicos.
Além da transferência de fábricas e o
consequente desemprego, o NAFTA também foi responsável pela criação de 5
milhões de novas vagas de trabalho nos EUA, visto que a facilidade na
exportação de produtos levou a uma necessidade de aumento na mão-de-obra. Menos
taxas e tarifas também significa que empresas puderam investir mais em seus
produtos, o que levou à modernização de diversas indústrias.
Em suma, graças ao NAFTA, o PIB dos três
países aumentou em 0,5% por ano, e o custo de custo de vida para seus cidadãos
foi reduzido. No entanto, o NAFTA também contribuiu para uma perda na qualidade
de emprego, bem como resultou em um aumento na deterioração do meio ambiente
destes países.
O
NAFTA PODE SER ABOLIDO?
Conforme dito acima, o atual Presidente
dos Estados Unidos, Donald Trump, prometeu pôr fim ao NAFTA durante sua
campanha eleitoral.
No entanto, o alto volume de comércio
entre os países norte-americanos pesam contra o fim do NAFTA. De acordo com um
relatório do Banco de Montreal, caso o NAFTA terminasse, o PIB do Canadá e dos
EUA caíram, respectivamente, 01% e 0,5%, sendo que os preços de bens importados
aumentariam quase 1%. Além disso, o fim do NAFTA provavelmente levaria a novas
disputas comerciais entre os três países na Organização Mundial de Comércio
(OMC), uma vez eles não teriam mais a mesma liberdade de circulação e
importação de materiais.
Por esta razão, desde que tomou posse, o
Presidente Trump tem se distanciado um pouco de sua promessa de eliminar o
NAFTA, e os três signatários agora estão em rodadas para renegociar os termos
do tratado, atualizando o acordo para os tempos atuais.
O
FIM DO NAFTA AFETARIA O BRASIL?
O Brasil, embora não seja signatário do
NAFTA, se beneficia indiretamente com o tratado, uma vez que ele facilitou o
acesso aos mercados dos países norte-americanos. Tanto que o Brasil é o país
que mais investiu no México de 2006 a 2015.
Para o governo brasileiro, o fim do
NAFTA seria benéfico a nós, visto que a volta de barreiras comerciais levariam
Canadá, EUA e México a buscarem novos parceiros comerciais e existiria a
possibilidade de o Brasil estar entre eles. No entanto, conforme adverte o
Professor de Relações Internacionais da ESPM, José Pimenta Jr., outros países,
como China, Japão e Alemanha, podem ocupar esse espaço de grande parceiro dos
EUA, deixando o Brasil de fora. O país, assim como todos que acompanham o
desenrolar do NAFTA, não sabem o que esperar caso o tratado venha a terminar.
Fonte: http://www.politize.com.br
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