O
QUE FOI A REVOLUÇÃO VERDE?
Durante a primeira metade do século XX,
os agrotóxicos, os fertilizantes químicos, a motomecanização e o melhoramento
genético fomentaram uma série de mudanças na agricultura e no setor produtor de
insumos. Ao mesmo tempo, a ciência agronômica também avançava, pesquisando e
potencializando o emprego dessas inovações. No final da década de 1960 e início
da década de 1970, os avanços do setor industrial agrícola e das pesquisas nas
áreas química, mecânica e genética culminaram com um dos períodos de maiores
transformações na história recente da agricultura e da agronomia: a Revolução
Verde.
A Revolução Verde fundamentava-se na
melhoria do desempenho dos índices de produtividade agrícola, por meio da
substituição dos moldes de produção locais, ou tradicionais, por um conjunto
bem mais homogêneo de práticas tecnológicas, isto é, de variedades vegetais
geneticamente melhoradas, muito exigentes em fertilizantes químicos de alta
solubilidade, agrotóxicos com maior poder biocida, irrigação e motomecanização.
Este conjunto tecnológico viabilizou, na Europa e nos EUA, as condições
necessárias à adoção, em larga escala, dos sistemas monoculturais.
Dentre essas inovações tecnológicas, o
avanço da engenharia genética aplicada à agricultura foi, certamente, o ponto
crucial da Revolução Verde. O próprio termo deriva da capacitação científica
para o desenvolvimento de variedades vegetais “melhoradas”, também chamadas de
variedades “de alto rendimento”, aptas a apresentar elevados níveis de
produtividade. Essas práticas possibilitaram, inicialmente, maior independência
em relação às condições naturais do meio, como também a possibilidade de
modificar e controlar os processos biológicos que determinam o crescimento e o
rendimento das plantas. Nos EUA, por exemplo, algumas variedades de trigo e de arroz
chegaram a apresentar rendimento cinco vezes superior aos de variedades
tradicionais.
No que se refere ao aumento da produção
total da agricultura, a Revolução Verde foi, sem dúvida, um sucesso. Entre 1950
e 1985 a produção mundial de cereais cresceu 2,7% ao ano, a produção alimentar
dobrou e a disponibilidade de alimento por habitante aumentou em 40%. Esses
resultados pareciam mostrar que o problema da fome no mundo seria superado
pelas novas descobertas agronômicas.
Rapidamente a Revolução Verde
espalhou-se por vários países, quase sempre apoiada por órgãos governamentais, pela
grande maioria da comunidade agronômica e pelas empresas produtoras de insumos.
Mas a euforia das grandes safras” logo cederia lugar a uma série de
preocupações relacionadas tanto a seus impactos socioambientais quanto à sua
viabilidade energética. Dentre as consequências ambientais desse padrão
agrícola destacam-se: a erosão e a perda da fertilidade dos solos; a destruição
florestal; a dilapidação do patrimônio genético e da biodiversidade; a contaminação
dos solos, da água, dos animais silvestres, do homem do campo e dos alimentos.
Fonte: Almanaque Brasil Socioambiental (2008)
0 Comentários