Caverna Toca da Boa Vista - Bahia
Cavernas
Augusto Auler*
Cavernas,
grutas, lapas são nomes genéricos que designam cavidades formadas por processos
naturais em diversos tipos de rocha e solo. O Brasil é particular mente bem
aquinhoado com respeito a seu patrimônio espeleológico (espeleologia =
ciência/esporte que lida com a exploração, documentação e estudo de cavernas),
já que entre nossas quase 6 mil cavernas até o momento registradas possuímos
exemplos em vários tipos de rocha, mas principalmente calcário, dolomito,
arenito, quartzito e minério de ferro. O potencial brasileiro em termos de
cavernas, no entanto, é muito superior, podendo ser estimado em mais de 100 mil
cavidades, o que demonstra que ainda temos muito ainda a descobrir. Basta
mencionar que a maior caverna conhecida no Brasil, a Toca da Boa Vista, no norte
da Bahia, com 107 km de galerias mapeadas, foi descoberta apenas em 1997,
enquanto a mais profunda caverna brasileira - o Abismo Guy Collet no estado do
Amazonas, com 670 m de desnível – foi descoberta e explorada apenas em 2006.
Embora
as cavernas sejam menos conhecidas e estudadas do que outras feições naturais,
como rios ou montanhas, sua importância científica e cultural é imensa. Muitos
dos sítios arqueológicos e paleontológicos mais rupestres e ossadas de animais
já extintos são comumente encontradas em grutas de várias regiões brasileiras.
O meio subterrâneo compreende, também, um ecossistema singular, comportando
diversas espécies adaptadas a um ambiente sem luz e com restrito aporte
alimentar, incluindo peixes, crustáceos, grilos, besouros, aranhas etc. Parte
dessas espécies é altamente especializada (por exemplo, têm redução dos olhos e
da pigmentação escura), são incapazes de viver no meio epígeo (fora das
cavernas) e em geral apresentam populações reduzidas e bastante vulneráveis à
alterações no meio externo.
As
cavernas brasileiras, apesar de protegidas por lei, sofrem ameaças constantes.
Mineração, poluição e depredação estão entre os impactos mais frequentes.
Apenas uma parcela ínfima de nossas cavernas encontra-se inserida em unidades
de conservação e fração ainda menor é gerenciada através de planos de manejo. É
imprescindível que o patrimônio espeleológico brasileiro, antes de ser
efetivamente preservado, seja descoberto e documentado.
Almanaque Brasil Socioambiental (2008)
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