O DNA
DO BRASILEIRO
O Brasil certamente não pode ser
considerado uma “democracia racial”. Prova disso é a necessidade de uma lei
para proibir o racismo, quando muitos brancos brasileiros possuem no sangue
grandes porcentagens de linhagens africanas e ameríndias, sem se dar conta de que
esse fato não é lenda ou força de expressão.
Estudos sobre o DNA dos brasileiros
mostram que em torno de 90% das patrilinhagens dos brancos brasileiros
(descendência paterna) é de origem europeia, enquanto aproximadamente 60% das matrilinhagens
dos brancos brasileiros (descendência materna) é de origem africana ou
ameríndia. Essa conclusão combina com o que se sabe sobre o povoamento do
Brasil após seu “descobrimento”: praticamente apenas os portugueses vieram para
o Brasil até o século XIX. Os primeiros colonizadores não trouxeram suas
mulheres, rapidamente se miscigenando com mulheres indígenas. Com a chegada dos
escravos, a partir da segunda metade do século XVI, esse processo se estendeu
às africanas.
Os estudos mostram ainda, de maneira
geral, uma proporção no DNA dos brasileiros de 33% de linhagens ameríndias, 28%
de africanas e 39% de europeias, embora esses números sejam bastante variáveis
de região para região, de acordo com o histórico da colonização.
Além disso, a palavra “raça”, por si só,
já pode trazer equívocos quando se fala nas diferenças do povo brasileiro.
Embora o IBGE ainda utilize esse termo para diferenciar a população (o
principal critério usado é a cor da pele, por autodeclararão, que o IBGE divide
em brancos, pardos, pretos, amarelos e indígenas), a “raça” não existe do ponto
de vista da ciência genética. O homem moderno distribuiu-se geograficamente e
desenvolveu características físicas, incluindo cor da pele, que são adaptações
de acordo com o meio geográfico. No entanto, não houve diferenciação genética
suficiente entre os grupos para que fossem considerados outras raças.
Para se referir às diferentes populações,
então, o termo “etnia” tem sido empregado ao invés de “raça”, e designa populações
com características físicas (de aparência) e culturais comuns. Mesmo assim, a
definição da palavra “etnia” no Novo Dicionário Aurélio (primeira edição) diz
“um grupo biológico e culturalmente homogêneo”. Não existe, na face da Terra,
nenhum grupo humano biologicamente (nem culturalmente) homogêneo, muito menos
no Brasil.
Fonte: Almanaque Brasil Socioambiental (2008)
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