Coqueiro
“Coco-da-bahia”, “Coqueiro de itapuã”, ou
será o “Coqueiro Velho”? Na verdade pode ser ”o coqueiro que dá coco - onde
amarro minha rede - nas noites claras de luar”. Todo mundo fala das mil
utilidades do coco, mas a principal delas é mesmo dar pinta em música
brasileira.
Apesar dele ser assim tão baiano, a origem
do coqueiro é incerta. Ele é uma árvore tão antiga que ninguém sabe dizer onde
ele nasceu realmente. Pode ser das Filipinas, Malásia, da Índia, da Nova
Zelândia, América Central. E em cada um desses lugares você vai ouvir alguém
dizer categoricamente: “o coqueiro é nosso! ” Na Índia, por exemplo, foram
encontrados vestígios de coqueiros de mais de 15 milhões de anos.
Recapitulando: não sabemos de onde veio o primeiro
coqueiro. Para complicar ainda mais, existe a teoria de que o coqueiro não foi
trazido para o Brasil por ninguém. Veio a nado. O coco, que é a semente do coqueiro,
pode boiar por mais de 40 dias, tempo suficiente para uma corrente marinha
qualquer empurrar o coco do outro lado do mundo até nossas praias.
Segundo alguns historiadores, o fato de todos
os coqueirais nas paisagens do Brasil antigo - e os existentes até hoje - serem
assim simétricos, um do lado do outro, é uma prova de que ele foi mesmo trazido
e plantado pelo homem. Isso quer dizer que quando Cabral chegou aqui, em 1500,
não viu nenhum coqueiro. Isso quer dizer também que qualquer coqueiro que você
tenha visto aqui veio de um coqueiro ancestral, trazido e plantado por um
homem. Mas quem?
Há quem diga que foram os africanos que
trouxeram o coco no porão dos navios, junto com o dendê. Os africanos usavam, e
ainda usam, o coqueiro em todos os seus aspectos, como alimento, construção de
casas. Danças populares, como a ciranda, eram originalmente realizadas embaixo
dos pés de coqueiro. O mar, os africanos ou os portugueses, quem quer que tenha
trazido o primeiro coqueiro, fez isso há muito tempo. Existem registros de que,
durante a ocupação holandesa em Pernambuco, no século XVII, Maurício de Nassau
transplantou 700 coqueiros já grandes para decorar os jardins do palácio que
ele estava construindo. Eram coqueiros centenários, o que quer dizer que eles
já estavam aqui no século XVI.
Além de decorar, matar a sede e alimentar,
o coqueiro ainda tem mil e uma utilidades. Por isso ele é chamado de
“boi-vegetal” em alguns países e “árvore da vida” em outros. Tudo nele é
aproveitado. Com as raízes e as flores, faz-se remédio. Da seiva, dá para tirar
vinho, vinagre e açúcar. Com o óleo do coco, você faz cera, vela, sabão. Com o
tronco, pode fazer uma balsa ou uma casa. Com as folhas, você cobre a casa que
fez com os troncos, ou faz umas cestinhas, uma esteira, um chapéu. Dentro do
coco tem o endosperma. Quando ele está líquido você bebe, quando está sólido,
come. Com a parte fibrosa da casca, o mesocarpo, você faz cordas, tapetes,
redes, vassouras, escovas – até o recheio do banco do seu carro é feito com
isso. E com a parte entre o interior e a fibra, a parte mais durinha, você pode
fazer o famoso coquinho. É com o coquinho que toda a criança tem o seu primeiro
contato com a música.
Fonte: Almanaque Brasil Socioambiental (2008)
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