13
pontos para embasar qualquer análise de conjuntura
Por
Maurício Abdalla
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por Mídia Ninja/cc
1 – O
foco do poder não está na política, mas na economia. Quem comanda a sociedade é
o complexo financeiro-empresarial com dimensões globais e conformações
específicas locais.
2 – Os
donos do poder não são os políticos. Estes são apenas instrumentos dos
verdadeiros donos do poder.
3 – O
verdadeiro exercício do poder é invisível. O que vemos, na verdade, é a
construção planejada de uma narrativa fantasiosa com aparência de realidade
para criar a sensação de participação consciente e cidadã dos que se informam
pelos meios de comunicação tradicionais.
4 – Os
grandes meios de comunicação não se constituem mais em órgãos de “imprensa”, ou
seja, instituições autônomas, cujo objeto é a notícia, e que podem ser
independentes ou, eventualmente, compradas ou cooptadas por interesses. Eles
são, atualmente, grandes conglomerados econômicos que também compõem o complexo
financeiro-empresarial que comanda o poder invisível. Portanto, participam do
exercício invisível do poder utilizando seus recursos de formação de
consciência e opinião.
5 – Os
donos do poder não apoiam partidos ou políticos específicos. Sua tática é
apoiar quem lhes convém e destruir quem lhes estorva. Isso muda de acordo com a
conjuntura. O exercício real do poder não tem partido e sua única ideologia é a
supremacia do mercado e do lucro.
6 – O
complexo financeiro-empresarial global pode apostar ora em Lula, ora em um
político do PSDB, ora em Temer, ora em um aventureiro qualquer da política. E
pode destruir qualquer um desses de acordo com sua conveniência.
7 – Por
isso, o exercício do poder no campo subjetivo, responsabilidade da mídia
corporativa, em um momento demoniza Lula, em outro Dilma, e logo depois Cunha,
Temer, Aécio, etc. Tudo faz parte de um grande jogo estratégico com cuidadosas
análises das condições objetivas e subjetivas da conjuntura.
8 – O
complexo financeiro-empresarial não tem opção partidária, não veste nenhuma
camisa na política, nem defende pessoas. Sua intenção é tornar as leis e a
administração do país totalmente favoráveis para suas metas de maximização dos
lucros.
9 –
Assim, os donos do poder não querem um governo ou outro à toa: eles querem, na
conjuntura atual, a reforma na previdência, o fim das leis trabalhistas, a
manutenção do congelamento do orçamento primário, os cortes de gastos sociais
para o serviço da dívida, as privatizações e o alívio dos tributos para os mais
ricos.
10 – Se a
conjuntura indicar que Temer não é o melhor para isso, não hesitarão em
rifá-lo. A única coisa que não querem é que o povo brasileiro decida sobre o
destino de seu país.
11 –
Portanto, cada notícia é um lance no jogo. Cada escândalo é um movimento
tático. Analisar a conjuntura não é ler notícia. É especular sobre a estratégia
que justifica cada movimento tático do complexo financeiro-empresarial (do qual
a mídia faz parte), para poder reagir também de maneira estratégica.
12 – A
queda de Temer pode ser uma coisa boa. Mas é um movimento tático em uma
estratégia mais ampla de quem comanda o poder. O que realmente importa é o que
virá depois.
13 –
Lembremo-nos: eles são mais espertos. Por isso estão no poder.
Maurício Abdalla é professor de filosofia
na Universidade Federal do Espírito Santo
Fonte: https://diplomatique.org.br
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