Trump mostra documento assinado após anunciar a saída dos EUA do acordo nuclear com o Irã. Foto: Reprodução/Youtube/White House
Países
da Europa e Oriente Médio divergem sobre saída de EUA de acordo
O anúncio de Donald Trump de que os
Estados Unidos vai abandonar o acordo nuclear com o Irã firmado em 2015 teve
reação imediata na Europa e Oriente Médio. Pouco depois do pronunciamento de
Trump na Casa Branca, o presidente francês Emmanuel Macron, condenou no Twitter
o posicionamento assumido pelo presidente norte-americano e falou em nome de
outros países, como Reino Unido e Alemanha.
"A França, a Alemanha e o Reino Unido
lamentam a decisão dos EUA de deixar o JCPOA [sigla do acordo em inglês]. O
regime de não proliferação nuclear está em jogo", alertou Macron. Ele
também afirmou que estes países trabalharão em conjunto por um acordo mais
completo.
"Trabalharemos coletivamente em uma
estrutura mais ampla, abrangendo a atividade nuclear, o período pós-2025, a
atividade balística e a estabilidade no Oriente Médio, notadamente na Síria, no
Iêmen e no Iraque".
Há menos de quinze dias, Macron foi até os
Estados Unidos para conversar com Trump e tentar convencê-lo a não abandonar o
acordo.
A União Europeia posicionou-se minutos
antes do anúncio de Trump e afirmou que o acordo é importante como instrumento
de dissuasão do Irã para obter armas nucleares e que manterá o apoio. "A
União Europeia está determinada a agir de acordo com seus interesses de segurança
e a proteger seus investimentos econômicos", disse Federica Mogherini,
chefe do bloco.
Ela lembrou que o acordo nuclear com o Irã
é o "ponto culminante de 12 anos de diplomacia e que o pacto pertence a
toda a comunidade internacional".
Federica Mogherini fez um apelo ao Irã e
aos iranianos para que não permitam que "ninguém desmantele o
acordo".
Irã
Algumas reações também foram de apoio ao
Irã. Pouco depois das declarações de Trump, a Turquia afirmou por meio de seu
ministro da economia, Nihat Zeybekci, que vai continuar suas relações
bilaterais comerciais com o Irã, e que não "prestará contas a ninguém a
respeito".
O presidente iraniano, Hassan Rouhani,
disse que a decisão anunciada por Trump repetiu uma experiência histórica de
que os "Estados Unidos nunca cumpriram seus compromissos". No
domingo, ele já havia dito que o país sofreria um "arrependimento
histórico" se tomasse alguma decisão sobre deixar o acordo e afirmou não
estar disposto a rediscutir novos termos.
Aliados
O primeiro-ministro de Israel Benjamin
Netanyahu, afirmou em declarações à imprensa que Trump fez um "movimento
histórico". Ele elogiou o presidente norte-americano pelo que chamou de
uma decisão "corajosa de liderança" contra um regime que alimenta o
terrorismo e um acordo que jamais "deveria ter sido celebrado" nos
termos em que foram.
A Arábia Saudita, importante aliado
econômico dos Estados Unidos, divulgou um comunicado em sua TV Al Arabiya em
que afirma que o Irã "usou ganhos econômicos da suspensão das sanções para
continuar suas atividades para desestabilizar a região", seguindo os
argumentos de Trump de que o governo iraniano estaria desenvolvendo mísseis
balísticos e apoiando grupos terroristas na região.
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