RETROSPECTIVA: ABRIL DE 2018
1) O
USO DE ARMAS QUÍMICAS E O BOMBARDEIO NA SÍRIA
No dia 13 de abril de 2018, uma
sexta-feira à noite, o presidente dos EUA enviou mísseis aéreos a
estabelecimentos de pesquisa e produção de armas químicas, com apoio bélico de
países como França e Inglaterra. O que causou essa resposta militar foi o ataque
com cloro e sarin, no início do mês, em uma cidade ocupada por rebeldes
contrários ao governo de Bashar al-Assad. Este, por sua vez, nega que tenha
sido responsável por tal crime de guerra contra seus próprios civis. Seu
principal apoiador, o governo russo, também nega participação na morte de
dezenas de sírios. Hoje, considera-se que a guerra civil na Síria seja a maior
crise humanitária do século XXI.
Por
que é crime de guerra
As armas químicas são diferentes daquelas
que conhecemos no dia a dia ou nos filmes: elas não explodem como bombas, por
exemplo, mas se espalham pelo ar e são absorvidas pela boca, pele ou nariz.
Assim, uma arma química é qualquer substância tóxica que causa reações em
organismos vivos e resulta em mortes ou lesões permanentes. Por outro lado, há
como usar essas substâncias para fins pacíficos, em guerras ou não. E quem
regula esse uso? A OPAQ, a Organização para Proibição de Armas Químicas criada
em 1997.
Como é
feita a investigação
A Síria tornou-se um país signatário, em
2013, da Convenção sobre as Armas Químicas (CAQ). Na prática, significa que
pode receber em seu território equipes para fiscalizar o uso, a produção e o
armazenamento dessas substâncias. No caso da Síria, os números são divergentes:
a ONU diz que, desde 2013, houve 35 casos de ataques químicos no país; já a
oposição (os rebeldes ao governo de Bashar al-Assad) contam que foram 200 usos
nos sete anos de conflito. Representando a OPAQ, o diretor das inspeções do
ataque de abril de 2018 é um brasileiro, Marcelo Kós, cuja equipe já coletou
amostras ambientais e pediu exumação dos corpos de quem morreu com o ataque
químico, para análise.
2)
REAPROXIMAÇÃO DAS COREIAS
No dia 27 de abril de 2018, um encontro
histórico aconteceu na fronteira entre dois países ideologicamente rivais: o
líder norte-coreano, Kim Jong-un, e o presidente sul-coreano, Moon Jae-in,
apertaram as mãos em um gesto rumo à paz na península coreana. Juntos,
anunciaram que este era o fim de 65 anos de Guerra da Coreia e das hostilidades
que envolviam Estados Unidos, China e Japão. Suas sanções comerciais e pressões
políticas para a desmilitarização nuclear da região provocaram a necessidade de
uma saída, fosse diplomática ou não. Agora, no entanto, os dois líderes
declararam compromisso com a paz entre as duas Coreias. Mas, afinal, por que
elas estavam em guerra?
Contexto
histórico
Em 1910, o Japão ocupou a península
coreana, que antes disso havia sido uma monarquia. A ocupação só se encerrou ao
fim da Segunda Guerra Mundial, em 1945, quando a União Soviética declarou
guerra ao Japão e ocupou a Coreia. Temendo que a Coreia viesse a ser totalmente
dominada pelos soviéticos, os EUA negociaram uma divisão da península, na
altura da latitude 38. A porção de terras ao sul desse ponto, onde está
localizada a capital Seul, foi ocupada pelas tropas americanas, enquanto o
norte, onde fica Pyongyang, ficou sob controle soviético. Em suma, após anos
sem conciliação entre as potências sobre as eleições na região, foi fundada a
Coreia do Sul, em 1948. Depois, foi fundada também a Coreia do Norte. Ambos os
governos se declararam como os legítimos governantes de toda a península. A ONU
declarou apoio ao governo da Coreia do Sul, no fim de 1948.
3)
INQUÉRITO DOS PORTOS E O ENVOLVIMENTO DE TEMER
Desde 2017, a Polícia Federal tem
coordenado a Operação Skala, a fim de apurar lavagem de dinheiro e corrupção em
um decreto do presidente Michel Temer, que teria favorecido empresas portuárias
em troca de propina. O inquérito é consequência dos depoimentos de delatores da
Operação Lava Jato, pois eles apontaram o recebimento de propina, por agentes
do governo, para que o decreto presidencial fosse editado. E qual foi a
mudança?
Cerca de um ano atrás, em maio de 2017, a
assinatura do presidente da República permitiu que o prazo das concessões das
zonas portuárias aumentasse de 25 para 35 anos, além de poder ser prorrogado
por mais 70 anos. Investiga-se, portanto, se Temer recebeu mesmo um pedido para
ampliar os contratos. No final de março de 2018, a PF prendeu o dono de uma das
empresas beneficiadas e três pessoas próximas ao presidente (leia mais aqui).
O que
dizem a acusação e a defesa
Está sob investigação a possibilidade de
Temer ter “lavado” esse dinheiro por meio das reformas nas casas de familiares,
pagas com dinheiro vivo. Calcula-se que Temer teria recebido R$ 2 milhões em
propina, em 2014. Para investigar isso, o STF autorizou quebra de sigilo da sua
conta bancária. Sua filha, inclusive, já foi interrogada como testemunha. A
defesa diz que não há irregularidades no decreto e que Temer é vítima de
“perseguição criminosa disfarçada de investigação”. Recentemente, a PF
solicitou ao relator do caso que o inquérito seja prorrogado por mais 60 dias.
A Procuradoria Geral da República analisa o pedido.
4)
Lula
No dia 7 de abril de 2018, o ex-presidente
Luiz Inácio Lula da Silva foi preso para cumprir a pena de 12 anos e um mês,
por corrupção e lavagem de dinheiro na Operação Lava Jato. O contexto é um
pouco parecido com o atual inquérito do Temer: por meio de reformas em um
triplex (e do próprio imóvel), Lula teria lavado a propina recebida de uma
construtora beneficiada por contratos na Petrobras. A defesa também diz que há
perseguição política.
Além do peso histórico de um ex-presidente
da República condenado, os eleitores lidam agora com a corrida eleitoral neste
ano. Devido à Lei da Ficha Limpa, condenados não podem assumir cargos
políticos, tornando-se inelegíveis por 8 anos após a prisão. Com Lula fora da
disputa e o surgimento de movimentos de renovação política, novos personagens
ganharão destaque no pleito à presidente.
5)
Marielle
No dia 14 de abril de 2018, completou-se 1
mês da morte de Marielle Franco. A vereadora tinha atuação no Rio de Janeiro
pelo PSOL e foi assassinada a tiros, no centro da capital. A investigação de sua
morte ainda não trouxe resultados concretos, mas sim pistas como o envolvimento
de milícias, que teriam utilizado uma arma roubada; as câmeras de segurança que
foram desligadas na véspera; e os fragmentos de bala na nova perícia do carro,
onde estava a vereadora, sua assessora e seu motorista, no momento do crime.
Outra notícia foi o assassinato de uma pessoa que depôs como testemunha no caso
da Marielle. A investigação está sob comando da intervenção federal, que se
instalou nos órgãos de segurança pública do Rio em fevereiro de 2018.
Fonte: http://www.politize.com.br
0 Comentários