ATUALIDADES
2018: RETROSPECTIVA DO PRIMEIRO SEMESTRE
Hoje, você vai descobrir quais foram os
principais acontecimentos políticos no mundo, nos primeiros meses de 2018. Sim,
é verdade que o tempo passou voando e muita coisa aconteceu! Pensando nisso,
preparamos esta viagem pelas atualidades de 2018, uma parceria do Politize! com
a Geekie. Vamos juntos voltar no tempo e conferir como foi o primeiro semestre?
Continue para descobrir o primeiro destino…
1)
ARMAS QUÍMICAS E GUERRA CIVIL NA SÍRIA
Voltamos no tempo e estamos em uma
sexta-feira à noite. A Casa Branca anuncia que o governo dos EUA enviou mísseis
aéreos a estabelecimentos de pesquisa e produção de armas químicas na Síria,
com apoio da França e da Inglaterra. Estamos em 13 de abril de 2018 e ainda há
uma guerra civil no país. O que causou essa resposta militar foi um ataque
químico – com cloro e sarin – em uma cidade ocupada por rebeldes sírios
contrários ao ditador Bashar al-Assad. Essas armas químicas se espalham pelo ar
e são absorvidas pela boca, pele ou nariz. Por isso, uma arma química é
qualquer substância tóxica que causa reações em organismos vivos e resulta em
mortes ou lesões permanentes. Bashar e o governo russo negam participação em
tal crime de guerra contra a própria população.
Hoje, a guerra civil na Síria é a maior
crise humanitária do século XXI. Estima-se que o conflito vitimou 400 mil
pessoas e 11 milhões foram obrigadas a se deslocar dentro da Síria. Com a
economia em frangalhos, quase 80% dos sírios vivem abaixo da linha de pobreza.
Como começou tudo isso? Em março de 2011, um grupo de crianças em Daraa, no sul
do país, pichou frases com críticas ao governo e foi preso. De início,
simpatizantes dos que se rebelaram contra o governo começaram a pegar em armas
– primeiro para se defender e depois para expulsar as forças de segurança de
suas regiões. Esse levante de pessoas nas ruas, lutando por democracia, faz
parte de um movimento chamado Primavera Árabe e culminou no início da guerra
civil na Síria.
2) 70
ANOS DO ESTADO DE ISRAEL E A INAUGURAÇÃO DA EMBAIXADA AMERICANA EM JERUSALÉM
Você sabia que Jerusalém é um território
em disputa há séculos, por ser uma terra sagrada para judeus, árabes e
cristãos? Só que, quando a Organização das Nações Unidas fundou o Estado de
Israel e propôs a divisão desse território sagrado, a ideia não foi bem aceita
pelo povo palestino. Isso gerou um conflito armado em 1948, no qual Israel
ocupou terras e estendeu suas fronteiras. Assim, a rivalidade se consolidou. Lá
para 1967, na “Guerra dos Seis Dias”, Israel ocupou totalmente a região sem
autorização da ONU, com o objetivo de firmar sua presença em Jerusalém e
estabelecê-la como capital. Essa ocupação foi criticada pela maioria das nações
e por isso nenhum país mantinha sua embaixada em Jerusalém, a Cidade Santa –
para não agravar a tensão entre os povos, é claro.
No dia 14 de maio, em homenagem aos 70
anos do Estado de Israel, os Estados Unidos transferiram a sua embaixada de Tel
Aviv para Jerusalém, desencadeando diversos protestos que levaram à morte de
mais de 50 pessoas na Faixa de Gaza. Como transferir a embaixada significa
reconhecer que Jerusalém é a capital de Israel, a decisão de Donald Trump foi
duramente criticada pela Autoridade Palestina, pela ONU, por diversos países e
até mesmo pelo Papa Francisco. Segundo os críticos dessa mudança, a decisão é
irresponsável e atrapalha as negociações de paz na região.
3)
NEGOCIAÇÕES E REAPROXIMAÇÃO DAS COREIAS
Outro contexto histórico, cujo futuro pode
ser influenciado pelos Estados Unidos, é o conflito entre as Coreias do Norte e
do Sul. Embora o tema seja super atual, a tensão mais recente aconteceu de 2006
a 2017, quando o líder da Coreia do Norte, Kim Jong-un, fez constantes testes
nucleares e paradas militares para mostrar seu armamento. O país tem investido
em tecnologia para desenvolver armas nucleares e mísseis, resultando em tensões
diplomáticas e militares no leste da Ásia. Uma dessas tensões teve como ápice
as ameaças de Trump, que considerava o uso de força militar para interromper o
desenvolvimento nuclear da região. Inclusive, chegou a deslocar tropas e
submarinos para as fronteiras norte-coreanas, com permissão da aliada Coreia do
Sul. Será que a paz chegará à península coreana?
Em abril de 2018, um encontro histórico
aconteceu na zona desmilitarizada: os líderes da Coreia do Norte e Coreia do
Sul se reuniram e anunciaram um esforço conjunto para desnuclearizar a
península e concluir, oficialmente, a Guerra da Coreia. Além disso, queriam
negociar uma possível conversa com o presidente Trump. Incrível, certo? A
proposta de um diálogo amigável foi aceita imediatamente pelos Estados Unidos,
mas o encontro agendado entre Trump e Kim Jong-un, para 12 de junho em
Singapura, foi adiado.
4)
SAÍDA DOS EUA DO ACORDO NUCLEAR IRANIANO E O AFASTAMENTO DA EUROPA COM OS EUA
Além da influência dos Estados Unidos no
acordo de paz entre as Coreias, há um outro acordo internacional que foi bem
noticiado: em maio de 2018, o presidente Trump anunciou a saída do país do
acordo nuclear com o Irã. Essa medida, aliás, tinha sido uma das propostas de
campanha do presidente. Desde aquela época, Trump chamava o acordo nuclear com
o Irã de catastrófico, desastroso e insano. Esse acordo havia sido firmado em
2015 entre Irã, Estados Unidos, França, Alemanha, Reino Unido, China e Rússia.
O acordo impõe limites ao programa nuclear de Teerã e, para equilibrar os dois
lados, algumas das sanções econômicas impostas ao país foram amenizadas.
Por essa e outras razões, Trump disse que
não acredita na força do acordo em frear uma bomba nuclear no Irã e que, se ele
propusesse outro acordo, haveria uma corrida pelas bombas nucleares no Oriente
Médio. A sua decisão em retirar os Estados Unidos do acordo influenciou negativamente
a relação com alguns dos seus principais aliados europeus, como França,
Alemanha e Reino Unido. Parte do descontentamento dos países europeus ocorre
porque, desde que foram aliviadas algumas sanções econômicas no Irã, o
continente passou a ter mais relações comerciais com o país. Segundo a revista
“Foreign Affairs”, entre 2015 e 2017, as importações europeias aumentaram quase
800%, principalmente com a compra de petróleo.
O presidente Trump elaborou uma série de
exigências que o Irã deveria seguir, caso tenha outro acordo. Algumas
exigências são:
- os iranianos devem revelar seus segredos
nucleares;
- devem desistir da produção de mísseis
balísticos;
- libertar os prisioneiros
norte-americanos e de países aliados;
- deixar de apoiar alguns grupos terroristas.
De acordo com especialistas e com as
partes envolvidas no acordo original, as exigências dos Estados Unidos são
excessivas e não abrem portas para uma nova negociação.
5)
MUDANÇA DE LIDERANÇA EM CUBA
Após quase 60 anos de uma Cuba liderada
pelos irmãos Castro, 2018 trouxe uma mudança significativa na presidência da
ilha: eleito com 99,83% dos votos na Assembleia Nacional de 19 de abril, o novo
presidente é Miguel Díaz-Canel. Pela primeira vez desde a Revolução Cubana, a
ilha tem um presidente civil, sem histórico militar nem participação na
revolução de 1959. Embora o novo líder seja engenheiro, professor universitário
e progressista em temas como acesso à internet e direitos dos homossexuais, o
foco do governo estará nas reformas econômicas e constitucionais pedidas pela
população. Essas reformas buscam a atualização de uma economia estagnada e
predominantemente estatal. Hoje, a ilha depende muito de importações – o que
encarece a comida, por exemplo – e de aliados políticos que se encontram em
crise, como a Venezuela. Mas por que Cuba está tão isolada no mundo?
A ilha passou por uma revolução em 1959 e,
durante a mudança de poder, o país migrou do capitalismo para o socialismo, o
que provocou sanções econômicas de diversos países. Desde então, há somente um
partido no país: o Partido Comunista Cubano. Enquanto Fidel seguiu por seis
mandatos, seu irmão Raúl reduziu a reeleição para apenas dois mandatos de cinco
anos cada. Isso impediu a reeleição do antigo presidente e abriu o caminho para
que novas pessoas chegassem ao poder. Hoje em dia, por exemplo, a eleição
presidencial ocorre de maneira indireta, por meio da escolha de um candidato
entre os 605 deputados do Parlamento e da votação pelos 31 membros do Conselho
do Estado. Apesar dessas pequenas mudanças, o sistema socialista segue bem
estabelecido na ilha.
6)
INSTABILIDADE ECONÔMICA DA ARGENTINA
Em maio de 2018, o presidente da
Argentina, Mauricio Macri, anunciou à população que iria pedir um resgate
financeiro ao Fundo Monetário Internacional, o FMI. O pedido de empréstimo é de
30 bilhões de dólares e contraria o que o Macri prometeu em sua campanha
presidencial, assim como declarações de seu Ministro da Fazenda, que prometeu o
não regresso da Argentina ao FMI.
Pode parecer estranho que esse empréstimo
seja tão significativo à população da Argentina, mas o histórico do país com
crises econômicas é extenso e explica a preocupação. Há 15 anos a Argentina não
recorria ao FMI, mas a situação financeira do país é preocupante. A economia argentina
é bastante dependente da variação do dólar e, com os seus recentes aumentos, o
governo subiu a taxa de juros de 22% para
40%. O aumento dos juros, a desvalorização
do peso – a moeda argentina – e a inflação tornam a situação da Argentina
bastante preocupante.
O FMI esteve presente em todas as crises
econômicas na Argentina, que correm de maneira cíclica. O primeiro empréstimo
foi em 1957, durante um governo militar. Nos anos de 1990, no governo de Carlos
Menem, que privatizou empresas estatais e buscou a liberalização da economia, o
governo decidiu atrelar o valor do peso ao dólar. Atrelar o valor da moeda
argentina ao dólar deu certo por um tempo, mas logo houve um pedido de
empréstimo ao Fundo. Portanto, esse histórico argentino de crises financeiras e
a atual crise são motivos para se ficar de olho na Argentina, nosso país
vizinho.
7)
DOCUMENTOS DA CIA SOBRE A DITADURA BRASILEIRA
No dia 10 de maio, um professor de relações
internacionais da FGV, Matias Spektor, revelou nas redes sociais a existência
de um memorando da CIA, agência de inteligência dos Estados Unidos, com
informações até então desconhecidas sobre a ditadura brasileira. O memorando
relata uma reunião de militares que ocorreu no dia 30 de março de 1974. Um
desses militares era Ernesto Geisel, que havia assumido a presidência do país
duas semanas antes. Durante a reunião, foram relatadas ao presidente as ações
tomadas contra “subversivos perigosos”. Segundo o militar que fazia o relato,
104 pessoas assim classificadas teriam sido executadas no ano de 1973. O então
presidente se questionou sobre os perigos dessa política e disse que pensaria
sobre o assunto durante o final de semana. No dia 1º de abril, ele autoriza
essa política, mas solicita que apenas os “subversivos mais perigosos” fossem
executados.
Já se sabia que os militares estavam
envolvidos com perseguições políticas e execuções durante a ditadura, porém
esse documento revela, pela primeira vez, que elas eram tratadas como políticas
de Estado e autorizadas pelo alto escalão do governo. Essa revelação mostra a
brutalidade do regime ditatorial, pois as execuções são proibidas pela
legislação brasileira e por acordos internacionais que o Brasil já havia assinado
à época. É raro, inclusive, casos no mundo em que um presidente autoriza uma
política como essa. Não se sabe como os Estados Unidos tiveram acesso a essas
informações. Segundo levantamento da Comissão Nacional da Verdade, que
investiga a violação dos direitos humanos no período, 89 pessoas morreram ou
desapareceram após 1º de abril de 1974. Já segundo o exército, os documentos
que poderiam comprovar a veracidade desse memorando já foram destruídos de
acordo com as normas existentes à época.
8)
PROTESTO DOS CAMINHONEIROS E O PREÇO DA GASOLINA
Em maio de 2018, uma greve levou à
paralisação do transporte rodoviário no Brasil: é a greve dos caminhoneiros,
articulada por meio das redes sociais, em especial o aplicativo de mensagens
chamado WhatsApp. Em poucos dias, a falta de abastecimento de combustível e de
mercadorias – como alimentos e remédios – esvaziou as ruas e instaurou uma
sensação de crise no país. Embora o direito à greve seja legítimo no Brasil, há
suspeitas de que o movimento seja, na verdade, um locaute – ou seja, a greve
foi articulada por empresários e não pelos trabalhadores, o que é ilegal. Em
foco, está o aumento do preço da gasolina e do diesel, que estaria encarecendo
as entregas e prejudicando os caminhoneiros. Mas não foi sempre assim? Bem, faz
um ano que algo mudou na política de regulação desse preço.
Em julho de 2017, a política de preços da
Petrobras foi alterada. Até então, a Petrobras tinha certo poder de determinar
o preço que seria cobrado por litro de combustível, pois pagava do próprio
bolso parte desse preço, a fim de controlar e manter a competitividade do setor
rodoviário no Brasil. E o que mudou? A Petrobras começou a repassar a oscilação
dos preços do mercado internacional para o mercado nacional. Assim, hoje, o preço
da gasolina e do diesel são determinados pelo preço do barril de petróleo no
mercado internacional e pela variação do dólar. Essa mudança teve como
principal consequência a perda do controle de parte do preço do combustível, já
que a situação se agravou com a alta do dólar e do petróleo. Isso aumentou o
preço do transporte e do escoamento de produtos que se concentra 60% nas
rodovias, segundo a Confederação Nacional do Transporte (CNT).
Atualmente, o Brasil tem um total de
1.580.964 km de rodovias, sendo que apenas 212.798 km são pavimentadas. Em
comparação com outros dois países de dimensões continentais, os EUA possuem
6.586.610 km de rodovias, sendo 4.304.715 km pavimentados. Já a China possui
4.577.300 km de rodovias, sendo que 4.046.300 são pavimentadas.
9) 30
ANOS DE CONSTITUIÇÃO CIDADÃ E ELEIÇÕES 2018
Comemoramos em 2018 os 30 anos da nossa
Constituição Federal, promulgada em 1988. A história dessa Constituição é
interessante, pois ela celebra a conquista de diversos direitos que antes os
brasileiros não tinham. Como se sabe, houve uma ditadura militar no Brasil
entre 1964 e 1985. Depois de manifestações populares reivindicando eleições
diretas, o que acabou não acontecendo, o próximo passo para a democracia foi a
criação de uma Assembleia Constituinte, uma comissão de especialistas que
criaria a Constituição Federal.
Em 2018, teremos eleições gerais, isto é,
para os cargos de Presidente, Deputados Federais e Estaduais, Senadores e
Governadores. A responsabilidade confiada ao cidadão com essas escolhas também
é fruto da Constituição e pode ser um momento positivo ao exercício da
cidadania. Por isso, aconselhamos que você entenda bem como funcionam as nossas
eleições, o sistema proporcional e majoritário, as funções dos cargos eletivos
em disputa, e também que vá atrás de todo o histórico dos seus candidatos. Isso
tudo fará com que você, cidadão, tenha um voto muito consciente e do qual terá
orgulho nos próximos 4 anos!
Fonte: http://www.politize.com.br
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