Feira
em São Paulo debate fortalecimento da agricultura familiar
Produtores da agricultura familiar,
orgânicos, agroecológicos e comunidades tradicionais estão reunidos na Bio
Brazil Fair-Biofach América Latina, que ocorre na capital paulista até o
próximo sábado (9), no Pavilhão de Exposições do Anhembi. O espaço promove o
debate em torno de alternativas ao atual modelo do agrícola do país e
possibilita que os produtores troquem experiências e encontrem novas parcerias
de negócio.
Dados da Secretaria Especial da
Agricultura Familiar e do Desenvolvimento Agrário (Sead), do governo federal,
mostram que 70% dos alimentos que os brasileiros consomem vêm da agricultura
familiar. Atualmente há cerca de 4,5 milhões estabelecimentos de agricultura
familiar, gerando uma economia de cerca de US$ 20 bilhões na cadeia de produção
de alimentos, segundo a secretária.
“Se o governo não fortalecer a agricultura
familiar, ela vai desaparecer. Esse pequeno agricultor vai para a cidade morar
na favela, morar na vila e vai engrossar as fileiras que hoje já sabe o sufoco
que é as grandes cidades, com vários problemas sociais”, disse o produtor de
arroz e sócio da Cooperativa dos Trabalhadores Assentados da região de Porto
Alegre (Cootap), Nelson Krupinski.
A cooperativa em que Nelson trabalha conta
com 1.462 famílias associadas em 21 assentamentos da reforma agrária em Porto
Alegre, distribuídas por 16 municípios. A produção começou com arroz, em 1999,
e atualmente já se expandiu para produção de verduras, frutas e leite. A
cooperativa tem o apoio da Sead que, segundo Nelson, possibilita a criação de
novos espaços para comercialização.
Ele destacou a importância do incentivo do
governo, em suas três esferas, para a sobrevivência da agricultura familiar por
meio da comercialização para abastecimento de escolas públicas, por exemplo.
“Comprar hoje da agricultura familiar, em compras organizadas pelo governo em
políticas públicas, ganha-se duas vezes, porque você mantém a família
produzindo e mantém o ambiente produtivo. Normalmente as famílias estão mais
convertidas à agroecologia, então essa família vai cuidar do local, vai cuidar
da mata, vai cuidar do solo, dos animais e da flora que ali existe, e vai
alimentar alguém na cidade”, defendeu.
O secretário da Sead, Jefferson Coriteac,
disse que a saída dos agricultores do campo em direção às cidades, na busca de
melhores oportunidades, é uma preocupação. “Nós temos uma preocupação que é o
êxodo rural. O jovem hoje sai do campo, vai para as cidades na expectativa e na
esperança de conseguir novas oportunidades. Nós, dentro do governo, estamos
desenvolvendo políticas públicas para manter o jovem na área rural para que ele
possa ter a garantia de continuidade”, disse.
O secretário ressaltou uma das políticas
de incentivo a esses produtores, que é a titulação de terra. A medida trata da
doação do título da terra para o agricultor, com o objetivo de que a família
possa permanecer no local em que já cultiva por gerações e se manter com os
recursos vindos da sua produção.
O produtor Nelson concorda que o
fortalecimento da agricultura familiar se dá por meio de políticas públicas.
“[É importante] fortalecer a pequena agricultura familiar. E hoje [o
fortalecimento] é com política pública, com fortalecimento de custeio, de financiamento
das propriedades, da agroindustrialização [processo de transformar alimentos in
natura em produtos diferenciados], porque de nada adianta produzir no campo e
não colocar a agroindústria lá”, acrescentou o produtor
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