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CONFLITO ENTRE ISRAEL E PALESTINA: DA RESOLUÇÃO 181 DA ONU AO INÍCIO DOS ANOS
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Escrito
por Paulo Gorniak/Portal Politize
Nesse texto, vamos explicar como foi feita
a partilha do território de Israel e Palestina pela ONU e a sequência dos
conflitos até a assinatura dos Acordos de Camp David.
RESOLUÇÃO
181: A PARTILHA DA PALESTINA (1947)
Em 1947, por meio da Resolução 181, a ONU
cria o Estado de Israel e o Estado da Palestina, dividindo as terras da região:
55% para os judeus e 45% para os muçulmanos, cuja população era o triplo da de judeus.
Além de ter um território maior, os judeus teriam as terras mais férteis. Os
judeus aceitam a proposta. Os palestinos, por sua vez, rejeitam.
A
INDEPENDÊNCIA DE ISRAEL (1948)
Após a Resolução de 181, entre 1947 e
1949, o conflito entre Israel e Palestina continuou. A Haganá e os outros
grupos paramilitares dos judeus derrotaram o exército palestino e expulsaram
muitos palestinos que estavam nas terras delimitadas pela ONU como território
de Israel.
Em 14 de maio de 1948, um dia antes do
mandato britânico sobre a Palestina expirar, o líder israelense declara a
independência de Israel. Mas os judeus não têm nem tempo de comemorar: um dia
depois, os exércitos da Liga Árabe – formada por Egito, Jordânia, Síria,
Líbano, Iraque e os árabes palestinos – invadem Israel, buscando impedir que o
novo Estado se consolide. Em março de 1949 a Liga Árabe – que apesar de mais
numerosa, carecia de uma liderança efetiva – é derrotada.
AL
NAKBA (1947-1949)
No total, nesses três anos de guerras
(1947-1949) entre judeus e árabes, mais da metade da população dos palestinos
que viviam na região é expulsa de suas casas. Os palestinos chamam essa
diáspora de Al Nakba (a catástrofe).
ORGANIZAÇÃO
PARA LIBERTAÇÃO DA PALESTINA – OLP (1964)
Como os palestinos não tinham uma
liderança que unisse todos e negociasse o estabelecimento do seu Estado, eles
acabaram se espalhando pela Jordânia e pelo Líbano. Os territórios que seriam
do Estado Palestino foram absorvidos por outros países árabes: a Faixa de Gaza
foi ocupada pelo Egito e a Cisjordânia pela Jordânia.
Os diversos grupos que lutavam pelos
direitos dos palestinos se unem em 1964 e criam, na Jordânia, a OLP –
Organização para Libertação da Palestina. O maior desses grupos era o Fatah, e
seu criador, Yasser Arafat, passa a presidir a OLP. É importante ressaltar que,
apesar de todos estarem unidos em torno do objetivo de “libertar” a Palestina
dos judeus, e de a OLP ser a voz de todos eles, a organização não era, de forma
alguma, um grupo homogêneo. Alas mais radicais defendiam ações mais violentas,
e alas mais moderadas preferiam a negociação.
GUERRA
DOS SEIS DIAS (1967)
Tendo como justificativa uma ameaça de
invasão árabe, essa guerra se iniciou com um ataque surpresa de Israel contra
Egito, Jordânia e Síria. Esse conflito intensificou as tensões entre
israelenses e palestinos, pois culminou na ocupação de novos territórios por
parte de Israel, expandindo ainda mais o seu território em relação à partilha
feita pela ONU em 1948. Os territórios ocupados nessa ocasião foram: algumas
áreas da Península do Sinai, da Faixa de Gaza, as Colinas de Golã, Cisjordânia
e toda a cidade de Jerusalém.
A guerra, como o nome diz, durou 6 dias e
tem duas versões. Para Israel, ela foi um ataque preventivo, pois o Egito já
vinha dando mostras de que um ataque a Israel era iminente. Os países árabes, por
sua vez, alegam que o ataque foi covarde e injustificado, baseado em mentiras e
que Israel pretendia conquistar o território, não se defender.
A
TENTATIVA DE ASSUMIR O CONTROLE DA JORDÂNIA (1970)
Os refugiados palestinos foram para Síria,
Jordânia e Líbano. A Organização para a Libertação da Palestina (OLP) se exilou
na Jordânia e com Yasser Arafat ainda no comando, começou a ganhar força como
entidade representativa dos palestinos.
Depois da derrota para Israel e da perda
da Cisjordânia, era possível imaginar que a Jordânia – bem como seu exército –
estavam enfraquecidos. Foi exatamente o que Yasser Arafat pensou. O líder da
OLP viu esse momento como uma oportunidade ideal para tentar dar um golpe e
assumir o controle da Jordânia. Pelo raciocínio dele, seria mais simples fazer
desse país o lar dos palestinos do que continuar enfrentando Israel pela posse da
Cisjordânia. A tentativa de derrubar o rei acontece em 1970 e fracassa; Yasser
Arafat e todos os seguidores da OLP são expulsos do país. Sem ter para onde ir,
acabam indo para o sul do Líbano.
MASSACRE
DE MUNIQUE (1972)
Em 1972, uma ala radical da OLP, conhecida
como Setembro Negro, vai às Olimpíadas de Munique e toma como reféns 11 atletas
israelenses. Sequestradores e reféns acabam mortos, e esse incidente faz com
que a causa palestina e o conflito com os israelenses – até então ignorados
pelas grandes potências do mundo – ganhe destaque na mídia internacional.
GUERRA
DO YOM KIPPUR (1973)
O Yom Kippur, Dia do Perdão, é um dos
principais dias santos para os judeus. Aproveitando-se disso e utilizando o
mesmo argumento judeu na Guerra dos Seis Dias (ameaça de invasão), Egito e
Síria atacaram Israel durante o Yom Kippur, sem declaração de guerra. Israel
perde a Península do Sinai e as Colinas de Golã, mas graças à ajuda militar dos
Estados Unidos, consegue recuperar esses territórios.
Mesmo sem ter conseguido tomar de volta
nenhum território perdido na Guerra dos Seis Dias, os árabes se dão por
satisfeitos: primeiro porque sentiram-se vingados pelo ataque surpresa sofrido
na Guerra dos Seis Dias e segundo, porque mostraram que se não fosse a
intervenção americana, teriam derrotado Israel.
Essa demonstração de força dos árabes
muçulmanos e a constatação de que haviam se tornado um grupo mais organizado
foi um fator decisivo para que Israel começasse a cogitar um acordo de paz.
UNIFICAÇÃO
DOS PALESTINOS E RECONHECIMENTO DA OLP (1974)
Em 1974, dois acontecimentos ajudam a
delinear uma liderança unificada dos palestinos, aquilo que muitos estudiosos
entendem como crucial para a criação de um Estado palestino. Esses eventos
foram:
- Declaração da liga Árabe de que a OLP
era a única representante legítima do povo palestino;
- Reconhecimento da Assembleia Geral da
ONU que a OLP seria a entidade competente em qualquer assunto que diga respeito
à Palestina.
Apesar de não ser um Estado, a OLP passa a
fazer parte da ONU como um ente observador. Os constantes ataques da OLP a
Israel também tiveram um grande peso para que se tentasse estabelecer o diálogo
entre as duas nações.
ACORDOS
DE CAMP DAVID (1979)
Nos Acordos de Camp David, mediados pelos
Estados Unidos, Israel e Egito se comprometem em estabelecer a paz.
No ano seguinte o Egito abre mão da Faixa
de Gaza, inclusive reconhecendo o Estado de Israel, sendo o primeiro país da
região a fazer isso. Israel devolve a Península do Sinai, agora como uma região
desmilitarizada. Por esse acordo, os líderes egípcio – Anwar el-Sadat – e
israelense – Menachem Begin – recebem, em conjunto, o Prêmio Nobel da Paz.
Em decorrência desse acordo, alguns anos
mais tarde, ambos seriam assassinados por extremistas nacionalistas de seus
respectivos países, contrários a qualquer tentativa de reconciliação. Agora que
os palestinos tinham uma liderança unificada e que o Estado de Israel
mostrava-se disposto a buscar a paz com seus vizinhos árabes, parecia que um
acordo sobre o Estado palestino era viável, certo? Errado.
Fonte: Politize
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