Faixa de Gaza – Palestina
OS
CONFLITOS ENTRE ISRAEL E PALESTINA: DOS ACORDOS DE CAMP DAVID AOS DIAS ATUAIS
Escrito por Paulo
Gorniak/Portal Politize!
No texto anterior falamos sobre a
declaração de independência de Israel e da criação da Organização para a
libertação da Palestina. Foram vários conflitos entre Israel e Palestina ao
longo das últimas décadas: Guerra dos Seis Dias, Massacre de Munique, Guerra do
Yom Kippur e várias ocupações do território diferentes do que havia sido
estabelecido na partilha da ONU. Nesse terceiro e último texto, vamos continuar
a história desse conflito até os dias atuais, passando pela primeira e segunda
intifadas, a declaração de independência da Palestina e a assinatura dos
Acordos de Oslo.
COMBATE
À ORGANIZAÇÃO PELA LIBERTAÇÃO DA PALESTINA – OLP
Apesar dos reconhecimentos da Liga Árabe e
da ONU, para os judeus e para vários outros países, inclusive os EUA, a OLP era
considerada um grupo terrorista. Em 1982 os israelenses invadem o sul do Líbano
para combater a OLP, na chamada Operação Paz para Galileia e, em resposta a
esse ataque, árabes libaneses mais radicais criam o Hezbollah.
A
PRIMEIRA INTIFADA (1987)
A Intifada foi a rebelião popular
palestina na Faixa de Gaza e na Cisjordânia contra as forças de ocupação
israelenses. Foi um movimento espontâneo, cujo combustível era o rancor acumulado
em mais de 40 anos de conflitos. Outra motivação foi e a indignação contra
Israel por ter se apropriado daquelas terras, expulsando milhares de palestinos
e impondo dura vigilância sobre os que ficaram.
Nesses confrontos, grande parte da população
masculina jovem da Faixa de Gaza foi presa, ferida ou morta. Com isso, o ódio
dos palestinos contra os judeus aumentou exponencialmente e foi criado o Hamas,
acrônimo em árabe para Movimento de Resistência Islâmica. Esse grupo era muito
mais radical do que aqueles que formaram a OLP, principalmente o Al Fatah. Como
um exemplo, o Hamas tinha como um dos objetivos, descritos na sua carta de
fundação, “a destruição total do Estado de Israel”.
A Intifada também marca uma mudança
importante nos conflitos entre Israel e Palestina: até então, os conflitos eram
externos – forças em outros países atacavam. A partir desse momento, o conflito
passou a ser, também, interno.
OS
ACORDOS DE OSLO E A AUTORIDADE NACIONAL PALESTINA (1993)
Em 1991 os EUA, ainda comandados por
George Bush (pai), começam a costurar um acordo de paz, que irá se tornar os
Acordos de Oslo de 1993 (já sob a mediação de Bill Clinton). Esse acordo,
assinado entre Yasser Arafat e Yitzak Rabin (primeiro ministro de Israel), é
histórico porque avança em alguns aspectos.
Israel e a Autoridade Nacional Palestina –
como passou a ser chamada a OLP a partir da assinatura dos acordos – passam a
reconhecer a existência mútua – apesar de vários países árabes ainda hoje não
reconhecerem o Estado de Israel – e se comprometem a negociar a criação dos dois
estados.
A Autoridade Nacional Palestina ganha
autonomia na Faixa de Gaza e em Jerusalém Ocidental. A Cisjordânia é dividida
em 3 áreas:
Zona
A:
controlada civil e militarmente pela Palestina;
Zona
B:
controlada pela Palestina, mas policiada pelo exército israelense;
Zona
C:
controlada civil e militarmente por Israel.
O primeiro-ministro de Israel, Yitzak
Rabin – que desde 1992 já demonstrava grande esforço para desenvolver um
diálogo de paz com seus vizinhos, divide o Nobel da Paz com Arafat.
SEGUNDA
INTIFADA (2000)
Nos anos seguintes aos Acordos de Oslo,
houve ações positivas em direção a uma resolução: Israel e Jordânia assinam um
tratado de paz (1994); o então presidente dos EUA George W. Bush (filho) pede
por um Estado Palestino – algo importantíssimo vindo do principal aliado de
Israel -; e a Arábia Saudita propõe um plano de paz, a Iniciativa de Paz Árabe.
Na prática, pouca coisa muda nos
territórios ocupados e os conflitos entre Israel e Palestina continuaram. O
Hamas – grupo palestino radical surgido na Primeira Intifada – discorda dos
métodos da ANP e Israel continua mantendo tropas do exército na Cisjordânia,
como também continua criando assentamentos israelenses. Dezenas de tentativas
de conversas entre as partes falham, em grande medida devido aos constantes
ataques do Hamas a civis israelenses.
A possibilidade de paz se torna ainda mais
distante em 1995, após o assassinato do primeiro-ministro Israelense Yitzak
Rabin por um judeu opositor aos acordos de Oslo minutos antes de fazer um
discurso histórico pelo fim do conflito com a Palestina.
Argumentando que havia muita discussão e
poucos resultados e que os palestinos continuavam oprimidos, em 2000, o Hamas
começou a segunda Intifada, praticando diversos atentados suicidas. A partir
desse ponto, israelenses e americanos passam a considerar o Hamas como um grupo
terrorista. Temendo mais ataques terroristas, Israel constrói uma cerca de
segurança na divisa com a Cisjordânia. Na segunda Intifada o exército
israelense mata ainda mais palestinos do que na primeira.
A segunda Intifada acaba quando o
primeiro-ministro israelense, Ariel Sharon, buscando retomar as negociações de
paz, determina a retirada das suas tropas da Faixa de Gaza. Yasser Arafat morre em 2004 e Mahmmoud Abbas,
do Fatah, é eleito o seu sucessor.
A
SITUAÇÃO DOS CONFLITOS ENTRE ISRAEL E PALESTINA ATUALMENTE
Com o fim da segunda Intifada e a retirada
das tropas de Israel (2005), o Hamas ganhou força e passou a governar a Faixa
de Gaza. A Cisjordânia continuou sendo governada pelo Fatah, e os grupos
começaram a discordar entre si sobre as atitudes que deveriam ser tomadas no
interesse da Autoridade Nacional Palestina. Isso levou a uma ruptura entre
Fatah e Hamas.
Nesses últimos dez anos, aconteceram
diversos conflitos entre Israel e Palestina, invasões de Israel na Faixa de
Gaza e inúmeras tentativas de acordos de cessar-fogo – nenhuma, entretanto,
bem-sucedida. Israel continuou criando novos assentamentos nas zonas C da
Cisjordânia, ato repudiado por palestinos e por organismos internacionais.
O Brasil e grande parte dos países do
mundo reconhecem a existência do Estado da Palestina nas fronteiras
estabelecidas pelo acordo de 1967 (antes da Guerra dos Seis Dias) e reconhece
as Colinas de Golã como propriedade da Síria e a Cisjordânia como território
palestino invadido. Atualmente, cerca de 20% da população de Israel é árabe. Há
4,5 milhões de palestinos em Israel e na Palestina e cerca de 8 milhões
espalhados pelo mundo.
Hoje, a diferença entre os dois Estados é
gritante. Israel conta com um dos exércitos mais bem equipados e preparados do
mundo – devido, principalmente, ao apoio dos EUA. Sua economia também é fonte
de tecnologia de ponta e ciência de alta qualidade, reconhecida no mundo
inteiro.
Por outro lado, a Palestina segue com a
divisão política entre a Cisjordânia do Fatah moderado e da Faixa de Gaza, do
Hamas radical, e ainda sem o reconhecimento da ONU como Estado membro (é apenas
um não-membro ouvinte, sem poder de voto). Sua economia se mantém fraca, sendo
bastante prejudicada pela imposição de bloqueios por parte de Israel.
A
VISÃO DE CADA UM (E PORQUE OS CONFLITOS ENTRE ISRAEL E PALESTINA NÃO VAI ACABAR
TÃO CEDO)
Na visão de Israel, a existência do seu
país é legítima, primeiro porque foi garantido a eles por Deus. Segundo, porque
seria uma espécie de merecida retribuição pelos séculos de expulsões e
extermínio que sofreram. Quanto ao Estado palestino e à presença do exército
israelense na Cisjordânia, o argumento é de que eles, os israelenses, têm que
se defender de possíveis ataques, tanto dos palestinos quanto dos países árabes
vizinhos. Afinal, apesar da Autoridade Nacional Palestina de tempos em tempos
sentar para dialogar em busca de um acordo, há uma ala que prega a destruição
de Israel e os israelenses precisam garantir a segurança do seu povo.
Na visão dos palestinos, eles foram
expulsos das suas terras pelos israelenses e Israel ocupa um pedaço de terra
que deveria ser dos palestinos (com o direito reconhecido pela ONU e por
diversos países do mundo). Para eles, Israel é um povo invasor que usa força
desproporcional para se manter nos territórios invadidos e que vem, há mais de
seis décadas, expondo os palestinos a humilhações e os impedindo de viver com
dignidade em um lugar que seria do povo árabe por direito. Justamente os
judeus, que foram tão perseguidos e sofreram tantas violências, agora fazem a
mesma coisa com outro povo, dizem os palestinos.
Fonte: politize!
0 Comentários