Bancada
feminina cresce, mas recebe parentes de políticos tradicionais
A Câmara dos Deputados
terá, na legislatura que se inicia dia 1º de fevereiro, a maior bancada
feminina das últimas três legislaturas, mas o Brasil ainda continuará abaixo da
média da América Latina em número de mulheres no Legislativo. Uma das
características do grupo de deputadas eleitas é o parentesco com políticos
tradicionais: 10,4% das 77 eleitas.
Na bancada feminina, o
Departamento Intersindical de Assessoria Parlamentar (Diap) identificou oito
integrantes de famílias de políticos. A campeã de votos no Distrito Federal é
Flávia Arruda (PR), mulher do ex-governador, ex-senador e ex-deputado federal José
Roberto Arruda. Ele está inelegível, porque foi condenado em 2014 por
improbidade administrativa, após as investigações da Operação Caixa de Pandora.
Ao aproveitar os feitos
do governo do marido, no qual desenvolveu projetos sociais, a empresária Flávia
Arruda foi eleita para a Câmara com 121.140 votos.
Pelo Espírito Santo, o
senador Magno Malta (PR-ES) não conseguiu se reeleger, mas o eleitorado
capixaba mandou para a Câmara sua mulher, a empresária e música Lauriete
(PR-ES). Ela já exerceu mandato na Câmara de 2011 a 2015.
Outro derrotado nas
urnas que conseguiu eleger a herdeira política foi o deputado Alex Canziani
(PTB-PR). Nestas eleições, Canziani disputou uma cadeira no Senado e cedeu a
vaga na Câmara para sua filha Luísa (PTB-PR), de 22 anos, a mais jovem
deputada. Ela conquistou 90.249 votos.
Reeleitas
De Rondônia, chegará à
Câmara outra deputada com sobrenome tradicional: Jaqueline Cassol (PP).
Empresária e advogada, Jaqueline é irmã do senador Ivo Cassol (PP-RO) e teve
34.193 votos. Ambos são filhos do ex-deputado federal Reditário Cassol (PP-RO),
suplente de senador na chapa do filho.
No Rio de Janeiro,
Daniela do Waguinho (MDB) foi eleita com 136.286 votos. A nova deputada federal
é mulher do prefeito de Belford Roxo, Wagner dos Santos Cerneiro, o Waguinho.
Ela foi secretária de Assistência Social e Cidadania do município.
Entre as atuais
deputadas, renovaram os mandatos: Clarissa Garotinho (Pros-RJ), filha do
ex-governador Anthony Garotinho; Soraya Santos (PR), casada com o ex-deputado
federal Alexandre Santos; e Rejane Dias (PT), a campeã de votos no Piauí
(138.800 votos), esposa do governador reeleito Wellington Dias.
Crescimento
Segundo balanço feito
pelo Diap, houve crescimento de 15% no total de mulheres eleitas para a Câmara,
mas isso ainda é “insuficiente para equilibrar a participação de homens e
mulheres no exercício da função de legislar e fiscalizar em nome do povo
brasileiro”. Nestas eleições, a legislação estabeleceu um mínimo de 30% de
candidaturas femininas por partido ou coligação.
O percentual de
mulheres eleitas vem aumentando nas últimas legislaturas e, neste pleito, teve
discreta aceleração. Em 2014, quando foram eleitas 51 deputadas, a taxa de
crescimento foi 10% na comparação com a bancada de 45 deputadas eleitas em
2010.
“O índice alcançado na
eleição de 2018 sinaliza um cenário mais otimista, de modo que o Brasil avance
no ranking de participação de mulheres no Parlamento”, informa o Diap. No
entanto, segundo o Diap, o Brasil ainda está “abaixo da média na América
Latina, em torno de 30%” de representação feminina nos legislativos.
Na bancada da Câmara,
47 eleitas são novatas. Outras 30 já são deputadas e foram reeleitas. Das que
exercem mandato, 14 não se reelegeram. Há também deputadas que disputaram
outros cargos. Janete Capiberibe (PSB-RO) foi derrotada na disputa para o
Senado, Jô Moraes (PCdoB) perdeu como vice em Minas Gerais, ao contrário de
Luciana Santos (PCdoB) que assumirá como vice-governadora em Pernambuco.
Fonte: Agência Brasil
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