O QUE
É CRISE ECONÔMICA?
Escrito
por Talita de Carvalho/Portal Politize!
Crise econômica, recessão, depressão,
desemprego, PIB, você com certeza já teve dúvidas sobre esses conceitos tão
comuns quando se fala em economia, não é mesmo? Mas afinal, o que é uma crise
na economia? Por que de tempos em tempos ouvimos falar nisso? O Politize!
preparou esse conteúdo para te explicar de uma maneira simples esses temas que
parecem tão complicados.
CRISE
ECONÔMICA, ISSO É NORMAL?
Antes de mais nada, precisamos explicar
que a economia é cíclica – apesar de apresentar períodos de certa estabilidade.
Isso significa que em alguns momentos há crescimentos e em outros há queda da
atividade econômica, o que é um padrão normal do sistema capitalista. Ou seja,
de tempos em tempos passaremos por crises, isso é inevitável. O que pode variar
são as razões que levam às crises, os setores da economia que serão mais
afetados e a intensidade delas, é claro. Em geral, grandes crises afetam de
alguma forma todos os países do sistema capitalista, pois as economias são
dependentes entre si.
CERTO,
MAS O QUE ACONTECE DURANTE UMA CRISE, AFINAL?
Durante uma crise econômica há declínio da
atividade econômica. A demanda por consumo diminui, o que leva à diminuição da
taxa de lucro das empresas. Como as empresas passam a lucrar menos, muitas
delas acabam demitindo funcionários e isso leva ao aumento de taxas de
desemprego. Com mais pessoas desempregadas, a renda diminui, o que leva a um
menor consumo das famílias, ou seja, menor demanda. Como podemos ver, esse
ciclo tende a se reproduzir e se intensificar. Para frear o ciclo, muitas vezes
é necessário adotar políticas econômicas de estímulo à economia e o sucesso –
ou não – dessas medidas, vai determinar a intensidade e duração dessas crises.
INTENSIDADE
DIFERENTE, COMO ASSIM?
A intensidade de uma crise econômica para
outra varia. Você provavelmente já ouviu falar sobre a crise de 1929, não é
mesmo? Essa é a crise mais famosa do sistema capitalista, foi tão grave que é
considerada uma depressão. Há duas classificações de crise conforme sua força e
duração: recessão e depressão, veja abaixo a diferença entre elas.
Recessão: as
recessões são crises relativamente curtas, são fases nas quais há retração da
atividade econômica, aumento do desemprego, diminuição da produção, nas taxas
de lucro e nos investimentos. Considera-se em recessão uma economia que
apresenta queda no PIB por dois trimestres consecutivos.
Depressão: são
crises duradouras – um estado de agravamento da recessão – com forte redução da
atividade econômica, falências, altas taxas de desemprego e grandes quedas de
produção e investimentos. Geralmente considera-se depressão uma recessão que
ultrapassa 3 ou 4 anos de duração ou então uma queda drástica no PIB.
PIB, é
com ele que se mede a produção econômica?
Isso mesmo, o Produto Interno Bruto é a
soma de toda a riqueza – conjunto de bens e serviços – produzidos internamente
no país durante um determinado período de tempo. É um dos indicadores mais
utilizados para medir o tamanho de uma economia, bem como seu crescimento ou
recessão.
Há duas formas de calcular o PIB: pela
oferta e pela demanda. Na ótica da oferta, soma-se o valor do que é produzido
pela indústria, serviços e agropecuária. Na ótica da demanda, calcula-se o que
é gasto: o consumo das famílias em bens e serviços, gastos do governo,
investimentos das empresas e as exportações, descontadas as importações.
CRISE
ECONÔMICA: NO BRASIL E NO MUNDO
Para você entender melhor o fenômeno das
crises econômicas, vamos explicar brevemente o que aconteceu antes, durante e
depois de três crises importantes da história: a depressão de 1929, a crise
econômica mundial em 2008 e a recessão brasileira entre 2014 e 2016.
Para você entender melhor o fenômeno
das crises econômicas, vamos explicar brevemente o que aconteceu antes, durante
e depois de três crises importantes da história: a depressão de 1929, a crise
econômica mundial em 2008 e a recessão brasileira entre 2014 e 2016.
Depressão
de 1929
Para entender a crise econômica de 1929,
vamos relembrar o que estava acontecendo antes desse período. Com o final da
primeira guerra mundial, os Estados Unidos tinham a Europa como um grande
consumidor dos seus produtos, afinal, a indústria europeia tinha sido afetada
pela guerra e boa parte dos produtos tinham que vir de fora. Mas aos poucos, a
indústria dos países europeus foi se recuperando, a necessidade de importar
produtos diminuiu e esses países passaram a comprar menos dos Estados Unidos.
Os Estados Unidos – devido a essa demanda
externa – estavam produzindo muito, mas com a redução das exportações para a
Europa, sofreram uma crise de superprodução. Isso significa que havia muito
produto, mas não havia comprador. Com muitos produtos parados, as empresas
passaram a demitir funcionários, levando a taxas altas de desemprego e
crescimento da pobreza. Como as empresas estavam ameaçadas, a compra de suas
ações reduziu drasticamente, o que levou à famosa quebra da bolsa de valores.
A crise de 1929 foi uma crise do
liberalismo. O liberalismo defendia o Estado mínimo, ou seja, a menor
intervenção possível do Estado na economia. Segundo essa corrente de
pensamento, o mercado se ajustaria conforme a lei de oferta e demanda. Porém, o
mercado não foi capaz de se auto regular e a economia entrou em crise. Para a
recuperação do país, foram adotadas medidas de intervenção do Estado na
economia, como estímulos às indústrias e programas assistencialistas.
Crise
econômica mundial de 2008
A crise global de 2008 também foi iniciada
nos Estados Unidos, mas diferente do que aconteceu em 1929, essa foi uma crise
financeira. Foi um colapso no sistema de especulação, decorrente da chamada
bolha imobiliária. Antes do estouro dessa crise, os juros estavam baixos e
havia crédito abundante no mercado americano. Isso significa que as pessoas
tinham facilidade de conseguir empréstimos e os juros que pagariam por eles era
baixo. Atrativo, não?
A forma desses empréstimos era a hipoteca.
Ou seja, ao pegar um empréstimo, as pessoas davam seus imóveis como garantia e,
geralmente, usavam o crédito para investir em outros imóveis. Esses empréstimos
eram considerados de alto risco, pois muitas dessas pessoas não tinham
condições de pagar suas dívidas. Desconsiderando esse risco, os bancos de
investimento vendiam essas dívidas e as classificavam como seguras, ou seja,
com baixo risco de calote.
Como a inflação no país estava aumentando,
o governo precisou aumentar a taxa de juros. Isso levou ao “esfriamento” da
economia e à desvalorização dos imóveis. Assim, grande parte das pessoas que
havia realizado empréstimos, não conseguiu mais pagar suas dívidas. Como essas
dívidas estavam sendo negociadas pelos bancos de investimento no mundo todo,
essa crise econômica gerou um efeito dominó, que levou ao colapso de diversos
bancos. A crise atingiu em princípio os Estados Unidos, depois de algum tempo
atingiu a Europa e até mesmo os países em desenvolvimento, embora em menor
intensidade. Para evitar uma crise ainda maior, novamente o Estado teve que
intervir para salvar os bancos. O plano de socorro de George W. Bush foi de R$
2,6 trilhões.
Crise
econômica brasileira
A recessão no Brasil foi de abril de 2014
a dezembro de 2016, ao longo desse período houve retração do Produto Interno
Bruto do país. Dentre as causas dessa crise, podemos destacar a crise global de
2008, que afetou o mercado internacional como um todo e as políticas adotadas
pela equipe econômica do governo em resposta à crise internacional. O Brasil é
um grande exportador de commodities – produtos cujos preços são determinados no
mercado internacional. Como o mundo estava em crise, o valor desses produtos
caiu. Essa queda de preços afetou as exportações brasileiras e, apesar da
adoção de políticas econômicas por parte do governo, não foi possível evitar a
recessão econômica.
Nesse período, o setor que mais sofreu no
Brasil foi a indústria, você talvez lembre de situações em que as indústrias
realizaram demissões em massa, não é mesmo? O desemprego aumentou, atingindo a
taxa de 13,7% em março de 2017 e a capacidade de consumo das famílias caiu.
Nesse período também houve baixa Formação bruta de capital fixo, que são os
investimentos que podem gerar mais produção e riqueza e aumentar o PIB, como
por exemplo, novas plantas industriais.
A gravidade da situação se intensifica com
uma crise política que culminou no impeachment da presidente Dilma Rousseff.
Para conter a crise, seu sucessor, Michel Temer, adotou várias medidas
econômicas, como a PEC do teto dos gastos, a reforma trabalhista e a Lei da
terceirização. Muitas dessas medidas se tornaram impopulares por seus riscos de
precarização do trabalho e das possíveis consequências para a população diante
das dificuldades que educação, saúde e segurança pública enfrentarão nos
próximos anos com o congelamento dos gastos.
ENTENDEU
UM POUCO SOBRE CRISE ECONÔMICA?
Esperamos que esse texto tenha te ajudado
a entender o que são as crises econômicas em um sistema capitalista. Como você
pode ver, há diferentes tipos de crise, seja pela origem, pelos setores que
mais são afetados e pela intensidade e duração. Em geral, as crises produzem
cenários de precarização da condição da vida da população, especialmente
daquelas camadas mais pobres, que são diretamente afetadas pelo desemprego e
diminuição da sua capacidade de consumo. Para ajudar a entender ainda melhor o
assunto, o Politize! preparou um infográfico para você, confira!
Fonte: politize!
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