A
Terra está bebendo seus próprios mares
De acordo com um novo estudo da
Universidade de Washington em St Louis (EUA), à medida que as placas tectônicas
da Terra se chocam e mergulham uma na outra, arrastam três vezes mais água para
o interior do planeta do que pensávamos anteriormente.
Usando os rumores sísmicos naturais da
zona de subducção da Fossa das Marianas, onde a placa do Pacífico está
deslizando sob a placa das Filipinas, os pesquisadores foram capazes de estimar
a quantidade de água que é incorporada nas rochas que mergulham profundamente
abaixo da superfície.
A descoberta tem grandes ramificações para
a nossa compreensão do ciclo das águas profundas da Terra. A água abaixo da
superfície pode contribuir para o desenvolvimento do magma e pode lubrificar as
falhas tectônicas, aumentando a probabilidade de terremotos.
O
estudo
A água é incorporada à crosta terrestre
quando placas se formam, ou quando se dobram e racham. Este último processo,
chamado de subducção, é a única forma pela qual a água penetra profundamente na
crosta e no manto, mas pouco se sabe sobre a quantidade de líquido que se move
durante o fenômeno.
Para tentar descobrir, os pesquisadores
usaram dados coletados por uma rede de sensores sísmicos posicionados ao redor
da fossa central das Marianas no oeste do Oceano Pacífico. A parte mais
profunda fica a quase 11 quilômetros abaixo do nível do mar.
Os sensores detectam terremotos, e os ecos
desses terremotos soam pela crosta terrestre como sinos.
Chen Cai, principal autor do estudo, e sua
equipe rastrearam a rapidez com que esses ecos viajavam: uma desaceleração na
velocidade indicaria fraturas cheias de água que fica presa em rochas e
minerais.
Resultado
De fato, os pesquisadores observaram uma
desaceleração profunda na crosta, cerca de 30 quilômetros abaixo da superfície.
Usando essas medidas de velocidade, junto
com medidas conhecidas de temperatura e pressão, a equipe calculou que as zonas
de subducção puxam 3 bilhões de teragramas de água para a crosta a cada um
milhão de anos (um teragrama é um bilhão de quilos).
A água do mar é pesada; um cubo de um
metro de comprimento em cada lado pesaria 1.024 kg. A quantidade puxada por
zonas de subducção não é apenas gigantesca; também é três vezes mais do que se
estimava.
E isso levanta algumas questões: essa
quantidade de água deveria retornar à suficiente, geralmente no conteúdo de
erupções vulcânicas. A nova estimativa de quanta água desce é maior do que a
estimativa do quanto está sendo emitido por vulcões, o que significa que tem
alguma coisa faltando nessa equação.
Mistério
Segundo Cai, não há falta de água nos
oceanos. Isso significa que a quantidade de água arrastada para dentro da
crosta e a quantidade de água expelida deveriam ser aproximadamente iguais.
O fato de que não são sugere que há algo
sobre como a água se move através do interior da Terra que os cientistas ainda
não entendem. “Muitos outros estudos precisam ser focados neste aspecto”, disse.
Fonte: Hypescience
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