60. Enem Chegança
Sou Pataxó,
Sou Xavante e
Carriri,
Ianomâmi, sou
Tupi
Guarani, sou Carajá.
Sou Pancaruru,
Carijó,
Tupinajé,
Sou Potiguar,
sou Caeté,
Ful-ni-ô, Tupinambá
Eu atraquei
num porto muito seguro,
Céu azul, paz
e ar puro...
Botei as
pernas pro ar.
Logo sonhei
que estava no paraíso,
Onde nem era preciso dormir para sonhar.
Mas de repente
me acordei com a surpresa:
Uma esquadra
portuguesa veio na praia atracar.
Da grande-nau
Um branco de
barba escura,
Vestindo uma armadura me apontou pra me pegar.
E assustado
dei um pulo da rede,
Pressenti a
fome, a sede,
Eu pensei:
“vão me acabar”.
Levantei-me de
Borduna já na mão.
Aí, senti no
coração,
O Brasil vai começar.
NÓBREGA, A.; FREIRE, W. CD Pernambuco falando
para o mundo, 1998
A letra da canção apresenta um tema
recorrente na história da colonização brasileira, as relações de poder entre
portugueses e povos nativos, e representa uma crítica à ideia presente no
chamado mito
a) da democracia racial, originado das relações cordiais estabelecidas
entre portugueses e nativos no período anterior ao início da colonização brasileira.
b) da cordialidade brasileira, advinda da forma como os povos nativos se
associaram economicamente aos portugueses, participando dos negócios coloniais
açucareiros.
c) do brasileiro receptivo, oriundo da facilidade com que os nativos
brasileiros aceitaram as regras impostas pelo colonizador, o que garantiu o sucesso
da colonização.
d) da natural miscigenação, resultante da forma como a metrópole
incentivou a união entre colonos, ex-escravas e nativas para acelerar o
povoamento da colônia.
e) do encontro, que identifica a colonização portuguesa como pacífica em
função das relações de troca estabelecidas nos primeiros contatos entre portugueses
e nativos.
0 Comentários