O QUE SÃO MUDANÇAS CLIMÁTICAS?
Escrito
por
Camila Luz /Portal Politize!
Se você tem o costume de acompanhar
notícias ou ainda está na escola, provavelmente já ouviu falar de termos como
mudanças climáticas, aquecimento global e efeito estufa. Tais questões
ambientais já causam impactos graves no meio ambiente e, no futuro, podem
provocar catástrofes com potencial para acabar com a vida na Terra como
conhecemos.
Mas o que significam esses termos e qual a
relação entre eles? Será que são sinônimos? E qual o papel do ser humano nesses
desastres? Vamos entender!
EFEITO
ESTUFA E AQUECIMENTO GLOBAL
A partir do final do século 18, durante a
Revolução Industrial, a produção industrial começou a crescer rapidamente. As
fábricas se multiplicavam e o consumo de bens materiais crescia, assim como o
uso de automóveis. As principais atividades eram movidas pela queima de
combustíveis fósseis, como carbono, gás e petróleo. Essa queima de combustíveis
é responsável pela emissão de dióxido de carbono (CO2) na atmosfera.
Ainda no século 19, surgiu a consciência
de que o dióxido de carbono acumulado na atmosfera poderia criar um “efeito
estufa”. Na verdade, esse fenômeno é natural e garante a existência da vida na
Terra. Além do CO2, ele também é causado por gases como o metano (CH4) e óxido
nitroso (N2O) que, ao convergirem na atmosfera, provocam uma proteção especial
contra os raios solares nocivos. Assim, a Terra consegue manter a sua
temperatura média global, que hoje varia entre 14ºC e 15ºC. Se não houvesse
essa proteção, os raios solares refletiriam na superfície do planeta e
retornariam ao espaço, reduzindo a temperatura média para aproximadamente -18ºC.
Ou seja: nada de vida por aqui.
No entanto, o aumento da emissão de gases
durante a Revolução Industrial causou o espessamento da camada formada pelo
efeito estufa, retendo mais calor na Terra. Portanto, o grande problema não é o
fenômeno natural, e sim o agravamento dele. O efeito estufa agravado, por sua
vez, causa o aquecimento global – o aumento da temperatura da atmosfera
terrestre e dos oceanos.
Hoje, a concentração de CO2 na atmosfera
supera os valores registrados nos últimos 20 milhões de anos. Também segundo a
WWF, se o crescimento demográfico e o consumo energético mantiverem os níveis
atuais, baseando o seu funcionamento na utilização de combustíveis fósseis, a
situação irá piorar consideravelmente: antes de 2050 as concentrações de
dióxido de carbono terão duplicado em relação às registradas antes da Revolução
Industrial.
O QUE
SÃO MUDANÇAS CLIMÁTICAS?
Qual é, então, a diferença entre
aquecimento global e mudanças climáticas? Segundo a Administração Oceânica e
Atmosférica dos Estados Unidos, o aquecimento global diz respeito apenas ao
aumento da temperatura superficial da Terra. Já as mudanças climáticas incluem
esse aquecimento e todos os “efeitos colaterais” que ele causa, como derretimento
das geleiras, tempestades intensas e seca mais frequente.
Além disso, as mudanças climáticas
englobam tanto as alterações causadas pela natureza, quanto pelo homem. Elas
ocorrem naturalmente, por exemplo, por mudanças na radiação solar e nos
movimentos orbitais da Terra. O aquecimento global, por outro lado, normalmente
se refere somente às interferências causadas pelo ser humano.
Quais
são as consequências das mudanças climáticas?
Segundo o Instituto Nacional de Pesquisas
Espaciais (INPE), as décadas a partir de 1990 foram as mais quentes dos últimos
1.000 anos. Nos próximos 100 anos, poderá haver um aumento da temperatura média
global entre 1,8ºC e 4,0ºC. Parece pouco, mas os impactos que tal variação
poderá causar são graves. Além disso, o nível do mar poderá se elevar entre
0,18m e 0,59m, o que pode afetar significativamente as atividades humanas e os
ecossistemas terrestres.
Vamos conhecer algumas das consequências
já geradas pelas mudanças climáticas? Na Europa, uma onda de calor no verão de
2003 resultou em mais de 30 mil mortes. Já na Índia, em 2015, as temperaturas
chegaram a 48ºC e também provocaram milhares de mortes. Se o planeta continuar
esquentando, a tendência é que as ondas intensas de calor continuem ocorrendo e
até se agravem.
Eventos extremos, como tempestades
tropicais, inundações, ondas de calor, seca, nevascas, furacões, tornados e
tsunamis devem se tornar mais frequentes, podendo ocasionar a extinção de
espécies de animais e plantas. Em 2005, por exemplo, a ferocidade do furacão
Katrina nos Estados Unidos foi atribuída, em grande parte, à elevada
temperatura das águas no Golfo do México.
As mudanças climáticas também podem causar
alterações na superfície terrestre, provocando a mutação de terrenos. Em 2008,
160 km² de território se separaram da Costa Antártica e derreteram. O
derretimento de calotas polares e aumento do nível do mar podem ocasionar o
desaparecimento de ilhas e cidades litorâneas densamente povoadas.
Todas essas consequências podem, ainda,
ameaçar a segurança alimentar no planeta. O aumento de apenas 1ºC na
temperatura média da Terra poderá danificar especialmente plantações de milho e
arroz nos trópicos, alerta o International Panel on Climate Change. A extinção
de algumas espécies, portanto, não está descartada.
COMO O
SER HUMANO CONTRIBUI PARA AS MUDANÇAS CLIMÁTICAS?
Para 378 cientistas membros da National
Academy of Sciences (Estados Unidos), os seres humanos são responsáveis pelas
mudanças climáticas. Em 2016, eles publicaram uma carta aberta na qual dizem o
seguinte:
“A mudança climática causada pelo homem
não é crença, farsa ou conspiração. É uma realidade física[…]Combustíveis
fósseis alimentaram a Revolução Industrial. Mas a queima de petróleo, carvão e
gás também causou a maior parte do aumento histórico em níveis atmosféricos de
gases do efeito estufa que retêm calor. Este aumento de gases do efeito estufa
está mudando o clima da terra”.
A queima de combustíveis fósseis é uma das
principais atividades humanas que contribuem para as mudanças climáticas. Mas
outros fatores, como a agropecuária, desmatamento, o descarte de resíduos
sólidos e a conversão do uso do solo (transformando a vegetação natural para
fazer pasto, por exemplo) também estão diretamente relacionados ao aumento da
temperatura do planeta e suas consequências. Todas essas atividades emitem
grande quantidade de CO2 e de gases formadores do efeito estufa.
O
ACORDO DE PARIS E O COMBATE ÀS MUDANÇAS CLIMÁTICAS
A carta publicada pelos 378 cientistas
queria chamar atenção para o Acordo de Paris, o tratado mais recente e
importante sobre o tema. Assinado em 22 de abril de 2016 na Assembleia das
Nações Unidas, seu objetivo é conduzir um processo para diminuir
significativamente a emissão de gases causadores do efeito estufa. Além disso,
estabelece um objetivo importante: manter o teto do aquecimento global abaixo
de 2ºC, preferencialmente abaixo de 1,5ºC.
Naquela data, 175 países assinaram o
acordo, incluindo o Brasil. Hoje, 180 Estados já o ratificaram, o que significa
que se comprometem a colocar em prática as alterações sugeridas pelo acordo. Os
países signatários devem, obrigatoriamente, monitorar e reportar suas emissões
de gases. Mas fica a cargo de cada nação estabelecer suas próprias metas, atualizando-as
a cada cinco anos.
Outro acordo bastante importante foi o
Protocolo de Kyoto, firmado em 1997 durante a 3ª Conferência das Partes da
Convenção das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas. Ele também foi criado
com o objetivo de reduzir a emissão de gases poluentes responsáveis pelo
aquecimento global. No caso do Protocolo de Kyoto, os países desenvolvidos
teriam maior responsabilidade na redução de emissões, já que contribuíram com
mais de 150 anos de atividade industrial que elevaram a emissão de gases. Para
que cumprissem o objetivo, teriam de reduzir de forma drástica as emissões, o
que poderia diminuir o crescimento econômico. Os Estados Unidos, por exemplo,
assinaram o acordo, mas não o ratificaram.
O país norte-americano, inclusive, se
retirou do Acordo de Paris em 2017 sob o mandato do presidente Donald Trump.
Ele alegou que foi eleito para governar os cidadãos dos Estados Unidos, o que
faz parte da sua política chamada “America First”. Sua decisão foi amplamente
criticada por líderes políticos, empresários e ambientalistas do mundo todo.
MUDANÇAS
CLIMÁTICAS: HÁ QUEM DISCORDE
Uma das motivações de Trump para deixar o
Acordo do Paris é o questionamento sobre a veracidade do aquecimento global. O
presidente já o questionou pelo Twitter, por exemplo – atitude que foi bastante
rechaçada por cientistas.
Assim como Donald Trump, há quem duvide do
aquecimento global. Os motivos são diversos. Para o presidente dos Estados
Unidos, por exemplo, não há evidências reais. As diversas evidências divulgadas
seriam criadas para influenciar a opinião pública e prejudicar a economia de
países como os EUA. Afinal, é preciso adotar uma série de mudanças políticas,
sociais e econômicas para combatê-lo.
Outro argumento utilizado por cientistas e
estudiosos que discordam que o aquecimento global é um fenômeno não natural e
prejudicial para o planeta é de que o aquecimento global não seria causado pelo
gás carbônico e pela ação humana, e sim pela própria radiação solar. O sol tem
ciclos, nos quais sua variação de energia pode ser máxima ou mínima. Tal
radiação aqueceria ou esfriaria o planeta.
Assim como o sol tem ciclos, o clima da
Terra também. O planeta já passou por diversos momentos, como a Era Glacial e
períodos de temperatura média mais elevada. As novas mudanças climáticas
seriam, assim, uma consequência natural dos ciclos do planeta. Há, ainda, quem
não acredite na ciência ou questione as evidências, pois ainda há discordâncias
entre os cientistas sobre as causas e possíveis impactos das mudanças
climáticas.
No documentário “A grande farsa do
aquecimento global”, produzido em 2007, o diretor Martin Durkin realizou uma
série de entrevistas com economistas, cientistas, políticos e outros céticos
para traçar a ideia de que o consenso científico atual sobre o aquecimento
global tem muitas falhas. De acordo com as conclusões exibidas no filme, a
construção das mudanças climáticas seria motivada por interesses econômicos e
políticos, como a promoção da energia solar e eólica na África em vez de
combustíveis fósseis, impedindo o desenvolvimento do continente.
Contudo, esse pensamento ainda é minoria
no cenário científico, pois, segundo a NASA, há 97% de consenso entre a
comunidade científica sobre as mudanças climáticas e os impactos causados pelo
homem.
Fonte: politize!
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