Efeito Estufa e Aquecimento Global
O
efeito estufa é um fenômeno natural e possibilita a vida humana na Terra.
Parte
da energia solar que chega ao planeta é refletida diretamente de volta ao
espaço, ao atingir o topo da atmosfera terrestre - e parte é absorvida pelos
oceanos e pela superfície da Terra, promovendo o seu aquecimento. Uma parcela
desse calor é irradiada de volta ao espaço, mas é bloqueada pela presença de
gases de efeito estufa que, apesar de deixarem passar a energia vinda do Sol
(emitida em comprimentos de onda menores), são opacos à radiação terrestre,
emitida em maiores comprimentos de onda. Essa diferença nos comprimentos de
onda se deve às diferenças nas temperaturas do Sol e da superfície terrestre.
De
fato, é a presença desses gases na atmosfera o que torna a Terra habitável,
pois, caso não existissem naturalmente, a temperatura média do planeta seria
muito baixa, da ordem de 18ºC negativos. A troca de energia entre a superfície
e a atmosfera mantém as atuais condições, que proporcionam uma temperatura
média global, próxima à superfície, de 14ºC.
Quando
existe um balanço entre a energia solar incidente e a energia refletida na
forma de calor pela superfície terrestre, o clima se mantém praticamente
inalterado. Entretanto, o balanço de energia pode ser alterado de várias
formas: (1) pela mudança na quantidade de energia que chega à superfície
terrestre; (2) pela mudança na órbita da Terra ou do próprio Sol; (3) pela
mudança na quantidade de energia que chega à superfície terrestre e é refletida
de volta ao espaço, devido à presença de nuvens ou de partículas na atmosfera
(também chamadas de aerossóis, que resultam de queimadas, por exemplo); e,
finalmente, (4) graças à alteração na quantidade de energia de maiores
comprimentos de onda refletida de volta ao espaço, devido a mudanças na
concentração de gases de efeito estufa na atmosfera.
Essas
mudanças na concentração de gases de efeito estufa na atmosfera estão ocorrendo
em função do aumento insustentável das emissões antrópicas desses gases.
As
emissões de gases de efeito estufa ocorrem praticamente em todas as atividades
humanas e setores da economia: na agricultura, por meio da preparação da terra
para plantio e aplicação de fertilizantes; na pecuária, por meio do tratamento
de dejetos animais e pela fermentação entérica do gado; no transporte, pelo uso
de combustíveis fósseis, como gasolina e gás natural; no tratamento dos
resíduos sólidos, pela forma como o lixo é tratado e disposto; nas florestas,
pelo desmatamento e degradação de florestas; e nas indústrias, pelos processos
de produção, como cimento, alumínio, ferro e aço, por exemplo.
Gases de efeito estufa
Há
quatro principais gases de efeito estufa (GEE), além de duas famílias de gases,
regulados pelo Protocolo de Quioto:
- O
dióxido de carbono (CO2) é o mais abundante dos GEE, sendo emitido como
resultado de inúmeras atividades humanas como, por exemplo, por meio do uso de
combustíveis fósseis (petróleo, carvão e gás natural) e também com a mudança no
uso da terra. A quantidade de dióxido de carbono na atmosfera aumentou 35%
desde a era industrial, e este aumento deve-se a atividades humanas,
principalmente pela queima de combustíveis fósseis e remoção de florestas. O
CO2 é utilizado como referência para classificar o poder de aquecimento global
dos demais gases de efeito estufa;
- O gás
metano (CH4) é produzido pela decomposição da matéria orgânica, sendo
encontrado geralmente em aterros sanitários, lixões e reservatórios de
hidrelétricas (em maior ou menor grau, dependendo do uso da terra anterior à
construção do reservatório) e também pela criação de gado e cultivo de arroz.
Com poder de aquecimento global 21 vezes maior que o dióxido de carbono;
- O
óxido nitroso (N2O) cujas emissões resultam, entre outros, do tratamento de
dejetos animais, do uso de fertilizantes, da queima de combustíveis fósseis e
de alguns processos industriais, possui um poder de aquecimento global 310
vezes maior que o CO2;
- O
hexafluoreto de enxofre (SF6) é utilizado principalmente como isolante térmico
e condutor de calor; gás com o maior poder de aquecimento, é 23.900 vezes mais
ativo no efeito estufa do que o CO2;
- O
hidrofluorcarbonos (HFCs), utilizados como substitutos dos clorofluorcarbonos
(CFCs) em aerossóis e refrigeradores; não agridem a camada de ozônio, mas têm,
em geral, alto potencial de aquecimento global (variando entre 140 e 11.700);
- Os
perfluorcarbonos (PFCs) são utilizados como gases refrigerantes, solventes,
propulsores, espuma e aerossóis e têm potencial de aquecimento global variando
de 6.500 a 9.200.
Os
hidrofluorcarbonos e os perfluorcarbonos pertencem à família dos halocarbonos,
todos eles produzidos, principalmente, por atividades antrópicas.
Aquecimento global
Embora
o clima tenha apresentado mudanças ao longo da história da Terra, em todas as
escalas de tempo, percebe-se que a mudança atual apresenta alguns aspectos
distintos. Por exemplo, a concentração de dióxido de carbono na atmosfera
observada em 2005 excedeu, e muito, a variação natural dos últimos 650 mil
anos, atingindo o valor recorde de 379 partes por milhão em volume (ppmv) -
isto é, um aumento de quase 100 ppmv desde a era pré-industrial.
Outro
aspecto distinto da mudança atual do clima é a sua origem: ao passo que as
mudanças do clima no passado decorreram de fenômenos naturais, a maior parte da
atual mudança do clima, particularmente nos últimos 50 anos, é atribuída às
atividades humanas.
A
principal evidência dessa mudança atual do clima é o aquecimento global, que
foi detectado no aumento da temperatura média global do ar e dos oceanos, no
derretimento generalizado da neve e do gelo, e na elevação do nível do mar, não
podendo mais ser negada.
Atualmente,
as temperaturas médias globais de superfície são as maiores dos últimos cinco
séculos, pelo menos. A temperatura média global de superfície aumentou cerca de
0,74ºC, nos últimos cem anos. Caso não se atue neste aquecimento de forma
significativa, espera-se observar, ainda neste século, um clima bastante
incomum, podendo apresentar, por exemplo, um acréscimo médio da temperatura
global de 2ºC a 5,8°C, segundo o 4° Relatório do Painel Intergovernamental
sobre Mudanças Climáticas (IPCC), de 2007.
Em
resumo, a primeira parte do 4º relatório do IPCC, que compila os estudos sobre
base científica da mudança do clima, considera o aquecimento global um fenômeno
inequívoco e, muito provavelmente, causado pelas atividades antrópicas. A
comunidade científica tem tido um papel importante para subsidiar os países em
sua tomada de decisão, fornecendo projeções da mudança do clima sob diferentes
cenários futuros, dentro de margens de erro aceitáveis, indicando desafios e
apontando oportunidades.
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