O HOMEM NO CERRADO
A
ocupação do Cerrado pelos humanos é antiga. Há registros arqueológicos com
cerca de 11.500 anos, em Lagoa Santa, Minas Gerais.
Entretanto há registros anteriores, com mais de 31.500 anos em São Raimundo Nonato, Piauí, a menos de 50 quilômetros dos limites do bioma Cerrado.
Os
efeitos ambientais da ocupação do bioma foram percebidos aos poucos, só
alcançaram o interior através da ocupação indígena e posteriormente no ciclo do
ouro, com os Bandeirantes, em meados dos anos 1700, nas as regiões que hoje conhecemos como Centro Oeste e Bahia. Nos dois
séculos seguintes, com a exaustão do ouro, a principal atividade no interior
passou a ser a pecuária.
Na década
de 1950, países como o Brasil, com características ambientais
favoráveis à agricultura, passaram a receber inovações tecnológicas no meio agrícola,
o que foi posteriormente chamado de Revolução Verde. Nesse contexto o Cerrado,
com suas vastas planícies, boas condições climáticas, solos de fácil correção e
mão de obra barata, surgiu como uma nova fronteira agrícola a ser explorada e
foi nessa lógica que Getúlio Vargas criou a marcha para o Oeste.
Até
então, o que se imaginava sobre o Cerrado era negativo, de sertão, algo sem
valor, algo a ser domado, de povo rústico e selvagem. Na década de 1960, com a criação da Brasília, vieram mais incentivos
à ocupação humana do Cerrado. Nesse período a população na região do Cerrado
aumentou 6,5 vezes entre 1950 e 1960. Quando a pecuária e agricultura se
consolidaram no Cerrado o foco era produzir para exportar produtos de interesse
internacional. Esses avanços da fronteira agropecuária são as principais causas
das taxas de desmatamento do Cerrado. Foram desmatados mais de um milhão de
quilômetros quadrados do Cerrado e em 2010, o Cerrado tinha apenas metade de sua vegetação nativa.
Essa
perda de vegetação nativa tem diversos impactos ambientais, como por exemplo a
grande perda de biodiversidade, diminuição da disponibilidade de água em períodos
secos, aumento de enchentes, maior dispersão de pragas agrícolas e de espécies invasoras,
além da diminuição dos espaços ocupados pela população que vivia no Cerrado
antes. Por isso cabe a todos repensar a ocupação humana do Cerrado de forma a
pressionar o governo a promover uma ocupação planejada, que incorporem
critérios ambientais capazes de preservar e recuperar bem e serviços ambientais
do Cerrado.
Fonte:
ICMBio - 2018
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