A produção contemporânea
Produção
contemporânea deve ser entendida como as obras e movimentos literários surgidos
nas décadas de 60 e 70, e que refletiram um momento histórico caracterizado
inicialmente pelo autoritarismo, por uma rígida censura e enraizada
autocensura. Seu período mais crítico ocorreu entre os anos de 1968 e 1978,
durante a vigência do Ato Institucional nº 5 (AI-5). Tanto que, logo após a
extinção do Ato, verificou-se uma progressiva normalização no País.
As
adversidades políticas, no entanto, não mergulharam o País numa calmaria
cultural. Ao contrário, as décadas de 60 e 70 assistiram a uma produção
cultural bastante intensa em todos os setores.
Na
poesia, percebe-se a preocupação em manter uma temática social, um texto
participante, com a permanência de nomes consagrados como Carlos Drummond de
Andrade, João Cabral de Melo Neto e Ferreira Gullar, ao lado de outros poetas
que ainda aparavam as arestas em suas produções.
Visual
- O início da década de 60 apresentou alguns grupos em luta contra o que
chamaram "esquemas analítico-discursivos da sintaxe tradicional". Ao
mesmo tempo, esses grupos buscavam soluções no aproveitamento visual da página
em branco, na sonoridade das palavras e nos recursos gráficos. O sintoma mais
importante desse movimento foi o surgimento da Poesia Concreta e da Poesia
Práxis. Paralelamente, surgia a poesia "marginal", que se desenvolveu
fora dos grandes esquemas industriais e comerciais de produção de livros.
No
romance, ao lado da última produção de Jorge Amado e Érico Veríssimo, e das
obras "lacriminosas" de José Mauro de Vasconcelos ("Meu pé de
Laranja-Lima", "Barro Blanco"), de muito sucesso junto ao grande
público, tem se mantido o regionalismo de Mário Palmério, Bernardo Élis,
Antônio Callado, Josué Montello e José Cândido de Carvalho. Dentre os
intimistas, destacam-se Osman Lins, Autran Dourado e Lygia Fagundes Telles.
Na
prosa, as duas décadas citadas assistiram à consagração das narrativas curtas
(crônica e conto). O desenvolvimento da crônica está intimamente ligado ao
espaço aberto a esse gênero na grande imprensa. Hoje, por exemplo, não há um
grande jornal que não inclua em suas páginas crônicas de Rubem Braga, Fernando
Sabino, Carlos Heitor Cony, Paulo Mendes Campos, Luís Fernando Veríssimo e
Lourenço Diaféria, entre outros. Deve-se fazer uma menção especial a Stanislaw
Ponte Preta (Sérgio Porto), que, com suas bem humoradas e cortantes sátiras
político-sociais, escritas na década de 60, tem servido de mestre a muitos
cronistas.
O
conto, por outro lado, analisado no conjunto das produções contemporâneas,
situa-se em posição privilegiada tanto em qualidade quanto em quantidade. Entre
os contistas mais significativos, destacam-se Dalton Trevisan, Moacyr Scliar,
Samuel Rawet, Rubem Fonseca, Domingos Pellegrini Jr. e João Antônio.
Fonte: Domínio
Público
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