1. (ITA) Leia
as proposições acerca de O Cortiço.
I.
Constantemente, as personagens sofrem zoomorfização, isto é, a animalização do
comportamento humano, respeitando os preceitos da literatura naturalista.
II. A visão
patológica do comportamento sexual é trabalhada por meio do rebaixamento das
relações, do adultério, do lesbianismo, da prostituição etc.
III. O meio
adquire enorme importância no enredo, uma vez que determina o comportamento de
todas as personagens, anulando o livre-arbítrio.
IV. O estilo de
Aluísio Azevedo, dentro de O Cortiço, confirma o que se percebe também no
conjunto de sua obra: o talento para retratar agrupamentos humanos.
Está(ão) correta(s)
a) todas.
b) apenas I.
c) apenas I e
II.
d) apenas I,
II e III.
e) apenas III
e IV.
2. (UFV-MG) Leia
o texto abaixo, retirado de O Cortiço, e faça o que se pede:
Eram cinco horas da manhã e o cortiço
acordava, abrindo, não os olhos, mas a sua infinidade de portas e janelas
alinhadas.
Um acordar alegre e farto de quem dormiu de
uma assentada, sete horas de chumbo. […]. O rumor crescia, condensando-se; o
zunzum de todos os dias acentuava-se; já se não destacavam vozes dispersas, mas
um só ruído compacto que enchia todo o cortiço. Começavam a fazer compras na
venda; ensarilhavam-se discussões e rezingas; ouviam-se gargalhadas e pragas;
já se não falava, gritava-se. Sentia-se naquela fermentação sangüínea, naquela
gula viçosa de plantas rasteiras que mergulham os pés vigorosos na lama preta e
nutriente da vida, o prazer animal de existir, a triunfante satisfação de
respirar sobre a terra.
AZEVEDO, Aluísio. O cortiço. 15. ed. São
Paulo: Ática, 1984. p. 28-29.
Assinale a alternativa que NÃO corresponde a
uma possível leitura do fragmento citado:
a) No texto, o
narrador enfatiza a força do coletivo. Todo o cortiço é apresentado como um
personagem que, aos poucos, acorda como uma colmeia humana.
b) O texto apresenta um dinamismo descritivo,
ao enfatizar os elementos visuais, olfativos e auditivos.
c) O discurso
naturalista de Aluísio Azevedo enfatiza nos personagens de O Cortiço o aspecto
animalesco, “rasteiro” do ser humano, mas também a sua vitalidade e energia
naturais, oriundas do prazer de existir.
d) Através da descrição do despertar do
cortiço, o narrador apresenta os elementos introspectivos dos personagens,
procurando criar correspondências entre o mundo físico e o metafísico.
e) Observa-se,
no discurso de Aluísio Azevedo, pela constante utilização de metáforas e
sinestesias, uma preocupação em apresentar elementos descritivos que comprovem
a sua tese determinista.
3. (UNIFESP) A questão a seguir baseia-se no seguinte fragmento do
romance O cortiço (1890), de Aluísio Azevedo (1857-1913):
O cortiço
Fechou-se um entra-e-sai de marimbondos
defronte daquelas cem casinhas ameaçadas pelo fogo. Homens e mulheres corriam
de cá para lá com os tarecos ao ombro, numa balbúrdia de doidos. O pátio e a
rua enchiam-se agora de camas velhas e colchões espocados. Ninguém se conhecia
naquela zumba de gritos sem nexo, e choro de crianças esmagadas, e pragas
arrancadas pela dor e pelo desespero. Da casa do Barão saíam clamores
apopléticos; ouviam-se os guinchos de Zulmira que se espolinhava com um ataque.
E começou a aparecer água. Quem a trouxe? Ninguém sabia dizê-lo; mas viam-se
baldes e baldes que se despejavam sobre as chamas. Os sinos da vizinhança
começaram a badalar. E tudo era um clamor.
A Bruxa surgiu à janela da sua casa, como à
boca de uma fornalha acesa. Estava horrível; nunca fora tão bruxa. O seu moreno
trigueiro, de cabocla velha, reluzia que nem metal em brasa; a sua crina preta,
desgrenhada, escorrida e abundante como as das éguas selvagens, dava-lhe um
caráter fantástico de fúria saída do inferno. E ela ria-se, ébria de
satisfação, sem sentir as queimaduras e as feridas, vitoriosa no meio daquela
orgia de fogo, com que ultimamente vivia a sonhar em segredo a sua alma
extravagante de maluca. Ia atirar-se cá para fora, quando se ouviu estalar o
madeiramento da casa incendiada, que abateu rapidamente, sepultando a louca num
montão de brasas.
(Aluísio Azevedo. O cortiço)
Em O cortiço, o caráter naturalista da obra
faz com que o narrador se posicione em terceira pessoa, onisciente e
onipresente, preocupado em oferecer uma visão crítico-analítica dos fatos. A
sugestão de que o narrador é testemunha pessoal e muito próxima dos
acontecimentos narrados aparece de modo mais direto e explícito em:
a) Fechou-se
um entra-e-sai de marimbondos defronte daquelas cem casinhas ameaçadas pelo
fogo.
b) Ninguém
sabia dizê-lo; mas viam-se baldes e baldes que se despejavam sobre as chamas.
c) Da casa do
Barão saíam clamores apopléticos...
d) A Bruxa
surgiu à janela da sua casa, como à boca de uma fornalha acesa.
e) Ia
atirar-se cá para fora, quando se ouviu estalar o madeiramento da casa
incendiada...
4. (UNIFESP) A questão a seguir baseia-se no seguinte fragmento do
romance O cortiço (1880), de Aluísio Azevedo (1857-1913):
O cortiço
Fechou-se um entra-e-sai de marimbondos
defronte daquelas cem casinhas ameaçadas pelo fogo. Homens e mulheres corriam
de cá para lá com os tarecos ao ombro, numa balbúrdia de doidos. O pátio e a
rua enchiam-se agora de camas velhas e colchões espocados. Ninguém se conhecia
naquela zumba de gritos sem nexo, e choro de crianças esmagadas, e pragas
arrancadas pela dor e pelo desespero. Da casa do Barão saíam clamores
apopléticos; ouviam-se os guinchos de Zulmira que se espolinhava com um ataque.
E começou a aparecer água. Quem a trouxe? Ninguém sabia dizê-lo; mas viam-se
baldes e baldes que se despejavam sobre as chamas. Os sinos da vizinhança
começaram a badalar. E tudo era um clamor.
A Bruxa surgiu à janela da sua casa, como à
boca de uma fornalha acesa. Estava horrível; nunca fora tão bruxa. O seu moreno
trigueiro, de cabocla velha, reluzia que nem metal em brasa; a sua crina preta,
desgrenhada, escorrida e abundante como as das éguas selvagens, dava-lhe um
caráter fantástico de fúria saída do inferno. E ela ria-se, ébria de
satisfação, sem sentir as queimaduras e as feridas, vitoriosa no meio daquela
orgia de fogo, com que ultimamente vivia a sonhar em segredo a sua alma
extravagante de maluca. Ia atirar-se cá para fora, quando se ouviu estalar o
madeiramento da casa incendiada, que abateu rapidamente, sepultando a louca num
montão de brasas.
(Aluísio Azevedo. O cortiço)
O caráter naturalista nessa obra de Aluísio
Azevedo oferece, de maneira figurada, um retrato de nosso país, no final do
século XIX. Põe em evidência a competição dos mais fortes, entre si, e estes,
esmagando as camadas de baixo, compostas de brancos pobres, mestiços e escravos
africanos. No ambiente de degradação de um cortiço, o autor expõe um quadro
tenso de misérias materiais e humanas. No fragmento, há várias outras
características do Naturalismo. Aponte a alternativa em que as duas características
apresentadas são corretas:
a) Exploração
do comportamento anormal e dos instintos baixos; enfoque da vida e dos fatos
sociais contemporâneos ao escritor.
b) Visão
subjetivista dada pelo foco narrativo; tensão conflitiva entre o ser humano e o
meio ambiente.
c) Preferência
pelos temas do passado, propiciando uma visão objetiva dos fatos; crítica aos
valores burgueses e predileção pelos mais pobres.
d) A onisciência
do narrador imprime-lhe o papel de criador, e se confunde com a idéia de Deus;
utilização de preciosismos vocabulares, para enfatizar o distanciamento entre a
enunciação e os fatos enunciados. e) Exploração de um tema em que o ser humano
é aviltado pelo mais forte; predominância de elementos anticientíficos, para
ajustar a narração ao ambiente degradante dos personagens.
5. (UNIFESP) A questão a seguir baseia-se no seguinte fragmento do
romance O cortiço (1890), de Aluísio Azevedo (1857-1913):
O cortiço
Fechou-se um entra-e-sai de marimbondos
defronte daquelas cem casinhas ameaçadas pelo fogo. Homens e mulheres corriam
de cá para lá com os tarecos ao ombro, numa balbúrdia de doidos. O pátio e a
rua enchiam-se agora de camas velhas e colchões espocados. Ninguém se conhecia
naquela zumba de gritos sem nexo, e choro de crianças esmagadas, e pragas
arrancadas pela dor e pelo desespero. Da casa do Barão saíam clamores
apopléticos; ouviam-se os guinchos de Zulmira que se espolinhava com um ataque.
E começou a aparecer água. Quem a trouxe? Ninguém sabia dizê-lo; mas viam-se
baldes e baldes que se despejavam sobre as chamas. Os sinos da vizinhança
começaram a badalar. E tudo era um clamor.
A Bruxa surgiu à janela da sua casa, como à
boca de uma fornalha acesa. Estava horrível; nunca fora tão bruxa. O seu moreno
trigueiro, de cabocla velha, reluzia que nem metal em brasa; a sua crina preta,
desgrenhada, escorrida e abundante como as das éguas selvagens, dava-lhe um
caráter fantástico de fúria saída do inferno. E ela ria-se, ébria de
satisfação, sem sentir as queimaduras e as feridas, vitoriosa no meio daquela
orgia de fogo, com que ultimamente vivia a sonhar em segredo a sua alma
extravagante de maluca. Ia atirar-se cá para fora, quando se ouviu estalar o
madeiramento da casa incendiada, que abateu rapidamente, sepultando a louca num
montão de brasas.
(Aluísio Azevedo. O cortiço)
Releia o fragmento de O cortiço, com especial
atenção aos dois trechos a seguir:
Ninguém se conhecia naquela zumba de gritos
sem nexo, e choro de crianças esmagadas, e pragas arrancadas pela dor e pelo
desespero. (...) E começou a aparecer água. Quem a trouxe? Ninguém sabia
dizê-lo; mas viam-se baldes e baldes que se despejavam sobre as chamas.
No fragmento, rico em efeitos descritivos e soluções
literárias que configuram imagens plásticas no espírito do leitor, Aluísio
Azevedo apresenta características psicológicas de comportamento comunitário.
Aponte a alternativa que explicita o que os dois trechos têm em comum:
a) Preocupação
de um em relação à tragédia do outro, no primeiro trecho, e preocupação de
poucos em relação à tragédia comum, no segundo trecho.
b) Desprezo de
uns pelos outros, no primeiro trecho, e desprezo de todos por si próprios, no
segundo trecho.
c) Angústia de
um não poder ajudar o outro, no primeiro trecho, e angústia de não se conhecer
o outro, por quem se é ajudado, no segundo trecho.
d) Desespero
que se expressa por murmúrios, no primeiro trecho, e desespero que se expressa
por apatia, no segundo trecho.
e) Anonimato
da confusão e do “salve-se quem puder”, no primeiro trecho, e anonimato da
cooperação e do “todos por todos”, no segundo trecho.
6. (ESPM) Dos
segmentos abaixo, extraídos de O Cortiço, de Aluísio Azevedo, marque o que não
traduza exemplo de zoomorfismo:
a) Zulmira
tinha então doze para treze anos e era o tipo acabado de fluminense; pálida,
magrinha, com pequeninas manchas roxas nas mucosas do nariz, das pálpebras e
dos lábios, faces levemente pintalgadas de sardas.
b) Leandra...a
Machona, portuguesa feroz, berradora, pulsos cabeludos e grossos, anca de
animal do campo.
c) Daí a
pouco, em volta das bicas era um zunzum crescente; uma aglomeração tumultuosa
de machos e fêmeas.
d) E naquela
terra encharcada e fumegante, naquela umidade quente e lodosa começou a
minhocar, e multiplicar-se como larvas no esterco.
e) Firmo, o
atual amante de Rita Baiana, era um mulato pachola, delgado de corpo e ágil
como um cabrito...
7. (UEL) A
questão refere-se aos trechos a seguir.
“Justamente por essa ocasião vendeu-se também
um sobrado que ficava à direita da venda, separado desta apenas por aquelas
vinte braças; e de sorte que todo o flanco esquerdo do prédio, coisa de uns
vinte e tantos metros, despejava para o terreno do vendeiro as suas nove
janelas de peitoril. Comprou-o um tal Miranda, negociante português,
estabelecido na rua do Hospício com uma loja de fazendas por atacado.” “E
durante dois anos o cortiço prosperou de dia para dia, ganhando forças,
socando-se de gente. E ao lado o Miranda assustava-se, inquieto com aquela
exuberância brutal de vida, aterrado diante daquela floresta implacável que lhe
crescia junto da casa, por debaixo das janelas, e cujas raízes piores e mais
grossas do que serpentes miravam por toda parte, ameaçando rebentar o chão em
torno dela, rachando o solo e abalando tudo.”
(AZEVEDO, Aluísio. O Cortiço. 26. ed. São
Paulo: Martins, 1974. p. 23; 33.)
Com base nos fragmentos citados e nos
conhecimentos sobre o romance O Cortiço, de Aluísio Azevedo, considere as
afirmações a seguir:
I. A descrição
do cortiço, feita através de uma linguagem metafórica, indica que, no romance,
esse espaço coletivo adquire vida orgânica, revelando-se um “ser” cuja força de
crescimento assemelha-se ao poderio de raízes em desenvolvimento constante que
ameaçam tudo abalar.
II. A
inquietação de Miranda quanto ao crescimento do cortiço deve-se ao fato de que
sua casa, o sobrado, ainda que fosse uma construção imponente, não possuía uma
estrutura capaz de suportar o crescimento desenfreado do vizinho, que ameaçava
derrubar sua habitação.
III. Não
obstante a oposição entre o sobrado e o cortiço em termos de aparência física
dos ambientes, os moradores de um e outro espaço não se distinguem totalmente,
haja vista que seus comportamentos se assemelham em vários aspectos, como, por
exemplo, os de João Romão e Miranda. IV. Os dois ambientes descritos marcam uma
oposição entre o coletivo (o cortiço) e o individual (o sobrado) e, por
extensão, remetem também à estratificação presente no contexto do Rio de
Janeiro do final do século XIX.
Estão corretas apenas as afirmativas:
a) I e II.
b) I e III.
c) II e IV.
d) I, III e
IV.
e) II, III e
IV.
8. (UFLA)
Relacione os trechos da obra O Cortiço, de Aluísio de Azevedo, às
características realistas/naturalistas seguintes que predominam nesses trechos
e, a seguir, marque a alternativa CORRETA:
1. Detalhismo.
2. Crítica ao
capitalismo selvagem.
3. Força do
sexo.
(__) “(...)
possuindo-se de tal delírio de enriquecer, que afrontava resignado as mais
duras privações. Dormia sobre o balcão da própria venda, em cima de uma
esteira, fazendo travesseiro de um saco de estepe cheio de palha.”
(__) “(...) era
a luz ardente do meio-dia; ela era o calor vermelho das sestas de fazenda; era
o aroma quente dos trevos e das baunilhas, que o atordoara nas matas
brasileiras.”
(__) “E seu tipo
baixote, socado, de cabelos à escovinha, a barba sempre por fazer (...) Era um
pobre diabo caminhando para os setenta anos, antipático, muito macilento.”
a) 2, 1, 3
b) 1, 3, 2
c) 3, 2, 1
d) 2, 3, 1
e) 1, 2, 3
9. (UNIFESP / SP) Em O cortiço, o caráter naturalista da obra faz com que
o narrador se posicione em terceira pessoa, onisciente e onipresente,
preocupado em oferecer uma visão crítico-analítica dos fatos. A sugestão de que
o narrador é testemunha pessoal e muito próxima dos acontecimentos narrados
aparece de modo mais direto e explícito em:
a) Fechou-se
um entra-e-sai de marimbondos defronte daquelas cem casinhas ameaçadas pelo
fogo.
b) Ninguém
sabia dizê-lo; mas viam-se baldes que se despejavam sobre as chamas.
c) Da casa do
Barão saíam clamores apopléticos...
d) A Bruxa
surgiu à janela da sua casa, como à boca de uma fornalha acesa.
e) Ia
atirar-se cá para fora, quando se ouviu estalar o madeiramento da casa
incendiada...
10. (UEL)
Texto 1
De cada casulo espipavam homens armados de
pau, achas de lenha, varais de ferro. Um empenho coletivo os agitava agora, a
todos, numa solidariedade briosa, como se ficassem desonrados para sempre se a
polícia entrasse ali pela primeira vez. Enquanto se tratava de uma simples luta
entre dois rivais, estava direito! ‘Jogassem lá as cristas, que o mais homem
ficaria com a mulher!’ mas agora tratava-se de defender a estalagem, a comuna,
onde cada um tinha a zelar por alguém ou alguma coisa querida.
(AZEVEDO, Aluísio, O cortiço. 26. ed. São
Paulo: Martins, 1974. p. 139.)
Texto 2
O cortiço é um romance de muitas personagens.
A intenção evidente é a de mostrar que todas, com suas particularidades, fazem
parte de uma grande coletividade, de um grande corpo social que se corrói e se
constrói simultaneamente.
(FERREIRA, Luiz Antônio. Roteiro de leitura:
O cortiço de Aluísio Azevedo. São Paulo: Ática, 1997. p. 42.)
Sobre os textos, assinale a alternativa
correta.
a) No Texto 1,
por ser ele uma construção literária realista, há o predomínio da linguagem
referencial, direta e objetiva; no Texto 2, por ser ele um estudo analítico do
romance, há o predomínio da linguagem estética, permeada de subentendidos.
b) A
afirmação contida no Texto 2 explicita o modo coletivo de agir do cortiço, algo
que também se observa no Texto 1, o que justifica o prevalecimento de um termo
coletivo como título do romance.
c) Tanto no
Texto 1 quanto no Texto 2 há uma visão exacerbada e idealizada do cortiço,
sendo este considerado um lugar de harmonia e justiça.
d) No Texto 1
prevalece a desagregação e corrosão da grande coletividade a que se refere o
Texto 2.
e) O que se afirma no Texto 2 vai contra a ideia contida no Texto 1, visto que no cortiço jamais existe união entre os seus moradores.
e) O que se afirma no Texto 2 vai contra a ideia contida no Texto 1, visto que no cortiço jamais existe união entre os seus moradores.
11. (UEL) A
questão refere-se aos trechos a seguir.
Justamente por essa ocasião vendeu-se também
um sobrado que ficava à direita da venda, separado desta apenas por aquelas
vinte braças; e de sorte que todo o flanco esquerdo do prédio, coisa de uns
vinte e tantos metros, despejava para o terreno do vendeiro as suas nove
janelas de peitoril. Comprou-o um tal Miranda, negociante português,
estabelecido na rua do Hospício com uma loja de fazendas por atacado.
E durante dois anos o cortiço prosperou de
dia para dia, ganhando forças, socando-se de gente. E ao lado o Miranda
assustava-se, inquieto com aquela exuberância brutal de vida, aterrado diante
daquela floresta implacável que lhe crescia junto da casa, por debaixo das
janelas, e cujas raízes piores e mais grossas do que serpentes miravam por toda
parte, ameaçando rebentar o chão em torno dela, rachando o solo e abalando
tudo.
(AZEVEDO, Aluísio. O Cortiço. 26. ed. São
Paulo: Martins, 1974. p. 23; 33.)
Com base nos fragmentos citados e nos
conhecimentos sobre o romance O Cortiço, de Aluísio Azevedo, considere as
afirmações a seguir.
I. A descrição
do cortiço, feita através de uma linguagem metafórica, indica que, no romance,
esse espaço coletivo adquire vida orgânica, revelando-se um “ser” cuja força de
crescimento assemelha-se ao poderio de raízes em desenvolvimento constante que
ameaçam tudo abalar.
II. A
inquietação de Miranda quanto ao crescimento do cortiço deve-se ao fato de que
sua casa, o sobrado, ainda que fosse uma construção imponente, não possuía uma
estrutura capaz de suportar o crescimento desenfreado do vizinho, que ameaçava
derrubar sua habitação.
III. Não
obstante a oposição entre o sobrado e o cortiço em termos de aparência física
dos ambientes, os moradores de um e outro espaço não se distinguem totalmente,
haja vista que seus comportamentos se assemelham em vários aspectos, como, por
exemplo, os de João Romão e Miranda.
IV. Os dois
ambientes descritos marcam uma oposição entre o coletivo (o cortiço) e o
individual (o sobrado) e, por extensão, remetem também à estratificação
presente no contexto do Rio de Janeiro do final do século XIX.
Estão corretas apenas as afirmativas:
a) I e II.
b) I e III.
c) II e IV.
d) I, III e IV.
e) II, III e
IV.
12. (UFLA) Leia
o texto para responder à questão.
O CORTIÇO (Aluísio de Azevedo)
Estalagem de São Romão. Alugam-se casinhas e
tinas para lavadeiras.” As casinhas eram alugadas por mês e as tinas por dia;
tudo pago adiantado. O preço de cada tina, metendo a água, quinhentos réis;
sabão à parte. As moradoras do cortiço tinham preferência e não pagavam nada para
lavar. (...) E aquilo se foi constituindo numa grande lavanderia, agitada e
barulhenta, com as suas cercas de varas, as suas hortaliças verdejantes e os
seus jardinzinhos de três e quatro palmos, que apareciam como manchas alegres
por entre a negrura das limosas tinas transbordantes e o revérbero das claras
barracas de algodão cru, armadas sobre os lustrosos bancos de lavar. E os
gotejantes jiraus, cobertos de roupa molhada, cintilavam ao sol, que nem lagos
de metal branco.
E naquela terra encharcada e fumegante,
naquela umidade quente e lodosa, começou a minhocar, a esfervilhar, a crescer,
um mundo, uma coisa viva, uma geração, que parecia brotar espontânea, ali
mesmo, daquele lameiro, e multiplicar-se como larvas no esterco.
(O Cortiço. São Paulo, Ática, 1997)
A fusão entre os seres e o ambiente a que
pertencem é um traço naturalista fortemente presente no fragmento. Indique a
alternativa que melhor expressa essa característica.
a)"Diga-me
com quem tu andas e eu te direi quem és" / "Filho de peixe peixinho
é."
b) Vão-se os
anéis, ficam os dedos” / “Cada macaco no seu galho.”
c) “Ri
melhor quem ri por último” / “Nem todos os dedos da mão são iguais.”
d) “Antes só
do que mal acompanhado” / “Água mole em pedra dura tanto bate até que fura.”
e) “O que os
olhos não vêem o coração não sente” / “De grão em grão a galinha enche o papo.”
13. (UNILAVRAS) Pode-se afirmar corretamente com relação ao romance O
Cortiço, exceto:
a) É um
romance urbano.
b) O Autor
admite a influência do meio no comportamento do indivíduo.
c) Alcança a
época da escravidão.
d) Romão é tudo, menos um ingrato.
e) O
protagonista não se contenta com a ascensão econômica, quer a social também.
(UNIFESP)
INSTRUÇÃO: Para responder às questões de números 14, 15 e 16 leia
o trecho de O cortiço, de Aluísio Azevedo.
Jerônimo bebeu um bom trago de parati, mudou
de roupa e deitou-se na cama de Rita. – Vem pra cá... disse, um pouco rouco.
– Espera! espera! O café está quase pronto!
E ela só foi ter com ele, levando-lhe a
chávena fumegante da perfumosa bebida que tinha sido a mensageira dos seus
amores (...)
Depois, atirou fora a saia e, só de camisa,
lançou-se contra o seu amado, num frenesi de desejo doído. Jerônimo, ao
senti-la inteira nos seus braços; ao sentir na sua pele a carne quente daquela
brasileira; ao sentir inundar-se o rosto e as espáduas, num eflúvio de baunilha
e cumaru, a onda negra e fria da cabeleira da mulata; ao sentir esmagarem-se no
seu largo e peludo colo de cavouqueiro os dois globos túmidos e macios, e nas
suas coxas as coxas dela; sua alma derreteu-se, fervendo e borbulhando como um
metal ao fogo, e saiu-lhe pela boca, pelos olhos, por todos os poros do corpo,
escandescente, em brasa, queimando-lhe as próprias carnes e arrancando-lhe
gemidos surdos, soluços irreprimíveis, que lhe sacudiam os membros, fibra por
fibra, numa agonia extrema, sobrenatural, uma agonia de anjos violentados por
diabos, entre a vermelhidão cruenta das labaredas do inferno.
14. Pode-se
afirmar que o enlace amoroso entre Jerônimo e Rita, próprio à visão
naturalista, consiste
a) na
condenação do sexo e consequente reafirmação dos preceitos morais.
b) na
apresentação dos instintos contidos, sem exploração da plena sexualidade.
c) na
apresentação do amor idealizado e revestido de certo erotismo.
d) na
descrição do ser humano sob a ótica do erótico e animalesco.
e) na
concepção de sexo como prática humana nobre e sublime.
15. O enlace
amoroso, seja na perspectiva de Rita, seja na de Jerônimo,
a) é
sublimado, o que lhe confere caráter grotesco na obra.
b) é
desejado com intensidade e lhes aguça os ânimos.
c) reproduz
certo incômodo pelo tom de ritual que impõe.
d)
representa-lhes o pecado e a degradação como pessoa.
e) é de
sensualidade suave, pela não explicitação do ato.
16. A atração
inicial entre Rita e Jerônimo não acontece na cena descrita. Segundo o texto,
pode-se inferir que ela se relaciona com
a) uma dose de
parati.
b) a cama de
Rita.
c) uma
xícara de café.
d) o perfume
de Rita.
17. (UFAM)
Assinale a alternativa incorreta feita a propósito do romance O Cortiço, de
Aluísio Azevedo:
a) É também
uma história de corrupção, centrada na animalização humana estimulada pelo sexo
e pelo dinheiro.
b) O
verdadeiro protagonista desse romance é uma comunidade popular explorada em
proveito da burguesia ascendente da época.
c) Observam-se sátiras a alguns tipos
predominantes na época: o comerciante rico e grosseiro, a velha beata e
raivosa, o cônego relaxado e comilão.
d) O enredo
não gira em função de pessoas, havendo muitas descrições precisas onde cenas
coletivas e tipos psicologicamente primários fazem o conjunto.
e) Existe uma
divisão clara entre a vida dos que venceram, como João Romão, senhor da
pedreira e do cortiço, e a labuta dos humildes que se exaurem na luta pela
sobrevivência.
18. (UFAM) Das
frases abaixo, apenas uma, por não conter características do Naturalismo, não
expressar com acerto uma parte do enredo ou não conter o nome de um dos
personagens de O Cortiço, NÃO pertence a esse romance. Assinale-a:
a) “A mulata
era o prazer, era a volúpia, era o fruto dourado (...) onde a alma de Jerônimo
aprendeu lascívias de macaco e onde seu corpo porejou o cheiro sensual dos
bodes”.
b) “A primeira
que se pôs a lavar foi a Leandra, por alcunha a “Machona”, portuguesa feroz,
berradora, pulsos cabeludos e grossos, anca de animal do campo”.
c) “As
corridas até à venda reproduziam-se, transformando-se num verminar constante de
formigueiro assanhado”.
d) “Um
bruxuleio barato no fundo da biboca dos retirantes, que, perdida na amplidão do
latifúndio, ficava menor, semelhando um ninho caído, modificava-lhes a
impressão da vida”.
e) “De
repente, veio enorme borboleta de fogo adejar luxuriosamente em torno da imensa
rosa, em cujo regaço a virgem permanecia com os peitos franqueados
19. (PUC-RJ) Estão relacionados, na primeira coluna, nomes de
personagens de O Cortiço, de Aluísio Azevedo, e na segunda enunciados que podem
caracterizá-las. Numere de forma a indicar a que personagem o narrador atribui
qual característica:
(__) Rita
Baiana
(__) Firmo
(__) Jerônimo
(__) Pombinha
(__) João Romão
(__) Bertoleza
(__) Miranda
|
1. amante de João Romão
2. lutador de capoeira
3. cavouqueiro português
4. a flor do cortiço
5. proprietário do
Cortiço
6. amante de Jerônimo
7. comerciante e
comendador
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a) 1, 2, 5, 6, 3, 4, 7
b) 4, 3, 2, 1,
7, 6, 5
c) 6, 3, 5, 4,
7, 1, 2
d) 4, 2, 7, 1,
5, 6, 3
e) 6, 2, 3,
4, 5, 1, 7
20. (FMTM) "Aquilo
já não era ambição, era uma moléstia nervosa, uma loucura, um desespero de
acumular, de reduzir tudo a moeda. E seu tipo baixote, socado, de cabelos à
escovinha, a barba sempre por fazer, ia e vinha da pedreira para a venda, da
venda às hortas e ao capinzal..."
Nesse retrato de João Romão, personagem de O
Cortiço, patenteia-se a adesão de Aluísio Azevedo à estética naturalista
a) na
insistência em destacar as causas patológicas do comportamento, na preocupação
com os detalhes de descrição do físico.
b) no uso
freqüente de hipérboles, na constância dos paradoxos na descrição do
comportamento.
c) no
contraste entre a exacerbação dos sentimentos atribuídos à figura central e a
simplicidade da pessoa física.
d) na
idealização dos motivos do comportamento, no embelezamento dos traços físicos
mencionados na descrição.
e) na
preferência pela narração de episódios, desligados de qualquer ordenação
cronológica.
21. (VUNESP) Leia com atenção:
"Raimundo tinha vinte e seis anos e
seria um tipo acabado de brasileiro, se não foram os grandes olhos azuis, que
puxara do pai. Cabelos muito pretos, lustrosos e crespos; tez morena e
amulatada, mas fina; dentes claros que reluziam sob a negrura do bigode;
estatura alta e elegante; pescoço largo, nariz direito e fronte espaçosa. A
parte mais característica de sua fisionomia eram os olhos grandes, ramalhudos,
cheios de sombras azuis; pestanas eriçadas e negras, pálpebras de um roxo
vaporoso e úmido; as sobrancelhas muito desenhadas no rosto, como a nanquim,
faziam sobressair a frescura da epiderme, que, no lugar da barba raspada,
lembrava os tons suaves e transparentes de uma aquarela sobre papel de
arroz."
O trecho acima transcrito apresenta o retrato
físico da personagem principal de um romance, cujo ano de publicação tem sido
tomado didaticamente como fim de um movimento literário e começo de outro.
Assinale a alternativa que contenha uma
afirmação incorreta sobre esse romance:
a) Raimundo é
a personagem do romance O Mulato, responsável pelo título da obra.
b) Ana Rosa é
o nome da heroína de O Mulato, que, ao final da obra, se casa com Dias,
caixeiro de seu pai e assassino de Raimundo.
c) Vilão de O
Mulato é o cônego Diogo, responsável tanto pela morte de José Pero, pai de
Raimundo, quanto pelado próprio Raimundo.
d) Os três
principais assuntos tratados por Machado de Assis em O Mulato são o racismo, o
adultério e a corrupção do clero.
e) Aluísio
Azevedo escreveu, além de O Mulato, publicado em 1881, as seguintes obras: O
Cortiço, Casa de Pensão, O Coruja, Livro de uma Sogra.
22. (UNIJUI-RS) O Cortiço escrito em 1890 é considerada a obra-prima de
Aluísio Azevedo. Escolha nas colocações que seguem a que melhor caracteriza a
obra:
a) um dos
melhores retratos que já se levantaram do Brasil do II Império, em que a
sobrevivência da estrutura colonial punha à mostra uma numerosa mostragem de
portugueses enriquecidos a empolgar as posições de comando e uma região mal
definida de pretos, mulatos e brancos em pleno processo de caldeamento e
formação, constituindo o escalão mais inferior da sociedade;
b) retrata a
falência da sociedade patriarcal nordestina que, tendo por base sempre a
atividade econômica açucareira, pouco se modificara desde os fins do século
XVIII;
c) reflete as
transformações que afetaram a região da campanha na segunda metade do séc. XIX.
Não há nele nenhum delineamento saudosista, ao contrário de outros textos
ficcionais da época;
d) no plano da
temática, o rompimento com a tradição narrativa brasileira se dá pela inserção,
ao longo dos relatos, de elementos inverossímeis;
e) fixando a
região de campanha, a obra descreve a crise e as divisões entre os estancieiros
do sul do Brasil. O protagonista tenta colocar em prática certas ideias
reformistas, mas fracassa em seus objetivos.
23. (VUNESP-SP) "E assim, pouco a pouco, se foram reformando todos
os seus hábitos singelos de aldeão português: e Jerônimo abrasileirou-se. A sua
casa perdeu aquele ar sombrio e concentrado que a entristecia; já apareciam por
lá alguns companheiros de estalagem, para dar dois dedos de palestra nas horas
de descanso, e aos domingos reunia-se gente para o jantar. A revolução afinal
foi completa: a aguardente de cana substituiu o vinho; a farinha de mandioca
sucedeu à broa; a carne-seca e o feijão-preto ao bacalhau com batatas e cebolas
cozidas; a pimenta-malagueta e a pimenta-do-reino invadiram vitoriosamente a
sua mesa (...)"
O trecho que faz parte de um romance, ilustra
uma das teses caras a certa escola literária vigente no Brasil no fim do século
XIX e começo do século XX. No caso, essa tese só se compreende bem se o quadro
de referências incluir uma personagem feminina como causa da transformação do
português Jerônimo. Considerando esses pontos, assinale a alternativa correta:
a) romance é A
Carne; a escola, o Naturalismo; a tese, a influência determinante do momento, e
a personagem feminina, Lenita.
b) romance é
Casa de Pensão; a escola, o Realismo-naturalismo; a tese, a influência
determinante da raça, e a personagem feminina, Bertoleza.
c) romance
é O Cortiço; a escola, o Naturalismo; a tese, a influência determinante da
raça, e a personagem feminina, Rita Baiana.
d) romance é O
Cortiço; a escola, o Naturalismo; a tese, a influência determinante do meio, e
a personagem, Rita Baiana.
e) romance é O
Mulato; a escola, o Realismo; a tese, a determinação causal do meio, e a
personagem, Ana Rosa.
24. (FUVEST-SP) "E naquela terra encharcada e fumegante, naquela
umidade quente e lodosa, começou a minhocar, e esfervilhar, a crescer, um
mundo, uma coisa viva, uma geração, que parecia brotar espontânea, ali mesmo, daquele
lameiro, a multiplicar-se como larvas no esterco."
O fragmento de O cortiço, romance de Aluísio
Azevedo, apresenta uma característica fundamental do Naturalismo. Qual?
a) Uma
compreensão psicológica do Homem.
b) Uma
compreensão biológica do Mundo.
c) Uma
concepção idealista do Universo.
d) Uma
concepção religiosa da Vida.
e) Uma visão
sentimental da Natureza.
25. (F.Objetivo-SP) Analise o seguinte fragmento e responda:
"A primeira que se pôs a lavar foi a
Leandra, por alcunha a Machona, portuguesa feroz, berradora, pulsos cabeludos e
grossos..." (Aluísio Azevedo)
Descrição de personagens pela acentuação de
caracteres biológicos e raciais é característica do:
a) Romantismo.
b) Realismo.
c) Modernismo.
d) Impressionismo.
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