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QUESTÕES SOBRE CLARICE LISPECTOR



1. (FMTM) "Pela primeira vez um autor nacional vai além, nesse campo quase virgem de nossa literatura, da simples aproximação; pela primeira vez um autor penetra até o fundo a complexidade psicológica da alma, alcança em cheio o problema intelectual, vira no avesso, sem piedade nem concessões, uma vida eriçada de recalques".
O juízo crítico acima refere-se ao romance de estreia de Clarice Lispector:
a) Quinze
b) Perto do Coração Selvagem
c) Escolha o seu Sonho
d) A Casa da Paixão
e) As Meninas.


2. (UFRS) O romance de Clarice Lispector:
a) filia-se à ficção romântica do século XIX, ao criar heroínas idealizadas e mitificar a figura da mulher.
b) define-se como literatura feminista por excelência, ao propor uma visão da mulher oprimida num universo masculino.
c) prende-se à crítica de costumes, ao analisar com grande senso de humor uma sociedade urbana em transformação.
d) explora até às últimas consequências, utilizando embora a temática urbana, a linha do romance neonaturalista da geração de 30.
e) renova, define e intensifica a tendência introspectiva de determinada corrente de ficção da segunda geração modernista.


3. (FEI-SP) Trata-se do último livro publicado por Clarice Lispector, em vida, em 1977. A personagem protagonista é Macabéa, que acumula em seu corpo franzino todas as formas de repressão cultural, o que a deixa alheada de si e da sociedade.
As afirmações acima referem-se à obra:
a) A hora da estrela.
b) Perto do coração selvagem.
c) A mação no escuro.
d) A paixão segundo G.H.
e) Laços de família.   


4. (PUC-RS) A partir do livro de estreia, _______________, uma das características do estilo de Clarice Lispector é a adjetivação ___________________.
a) O lustre – pictórica
b) A maçã no escuro – preciosa
c) A cidade sitiada – coloquial
d) Perto do coração selvagem – surpreendente
e) A legião estrangeira – popular


5. (FUVEST-SP) "Será que eu enriqueceria este relato se usasse alguns difíceis termos técnicos? Mas aí que está: esta história não tem nenhuma técnica, nem de estilo, ela é ao deus-dará. Eu que também não mancharia por nada deste mundo com palavras brilhantes e falsas uma vida parca como a da datilógrafa."
(Clarice Lispector, A hora da estrela)
Em A hora da estrela, o narrador questiona-se quanto ao modo e, até, à possibilidade de narrar a história. De acordo com o trecho acima, isso deriva do fato de ser ele um narrador:
a) iniciante, que não domina as técnicas necessárias ao relato literário.
b) pós-moderno, para quem as preocupações de estilo são ultrapassadas.
c) impessoal, que aspira a um grau de objetividade máxima ao relato.
d) objetivista, que se preocupa apenas com a precisão técnica do relato.
e) autocrítico, que percebe a inadequação de um estilo sofisticado para narrar a vida popular.


6. (USC) As obras de Clarice Lispector e Cecília Meireles têm em comum:
a) a forma literária utilizada para manifestarem-se.
b) a abordagem da problemática humana a nível profundo.
c) o fato de se destinarem também ao público infantil.
d) a não filiação radical a nenhuma das correntes modernistas.
e) a predominância da narrativa introspectiva.


7. (VUNESP) "A passagem estreita fora pela barata difícil, e eu me havia esgueirado com nojo através daquele corpo de cascas e lama. E terminara, também eu toda imunda, apor desembocar através dela para o meu passado que era o meu contínuo presente e o meu futuro contínuo."
A quebra da narração tradicional pelo fluxo de consciência – em que os acontecimentos se ligam ou por meio das emoções ou por uma contiguidade estabelecida pelo subconsciente – e o uso reiterado de imagens incomuns na ficção ortodoxa caracterizam, conforme o texto acima sugere, a prosa de:
a) Jorge Amado, em que o cotidiano se vê reconstruído pela intensa visão lírica.
b) Graciliano Ramos, que busca captar uma feroz realidade social.
c) Erico Verissimo, transformada em crônica de costumes da pequena burguesia gaúcha.
d) Clarice Lispector, de sondagem do eu, da existência, de especulação metafísica.
e) Lima Barreto, que observa os desmazelos sociais a que estava submetido o homem do início do século.


8. (PUCCAMP) Leia com atenção os seguintes excertos de contos do livro Laços de Família, de Clarice Lispector:
"Mas ninguém poderia adivinhar o que ela pensava. E para aqueles que junto da porta ainda a olharam uma vez, a aniversariante era apenas o que parecia ser: sentada à cabeceira da mesa imunda, com a mão fechada sobre a toalha como encerrando um cetro, e com aquela mudez que era a sua última palavra." ("Feliz aniversário")
"Olhando os imóveis limpos, seu coração se apertava um pouco em espanto. Mas na sua vida não havia lugar para que sentisse ternura pelo seu espanto – ela o abafava com a mesma habilidade que as lides em casa lhe haviam transmitido. Saía então para fazer compras ou levar objetos para consertar, cuidando do lar e da família à revelia deles." ("Amor").
Em ambos os excertos destaca-se um dos temas estruturadores do livro Laços de Família, já que nele a autora
a) explora o imaginário feminino, cuja natureza idealizante liberta a mulher de qualquer preocupação existencial.
b) denuncia o conformismo burguês da mulher, fazendo-nos ver que seus inúteis devaneios a afastam da realidade.
c) satiriza a hipocrisia dos laços familiares, propondo em lugar deles a harmonia de um mundo politicamente mais aberto e mais democrático.
d) desvela as tensões entre o universo íntimo e complexo da mulher e as condições objetivas do cotidiano em que ela deve desempenhar seu papel.
e) revela a solidez íntima da mulher, mais preparada para o sucesso das relações familiares do que o homem, obcecado por valores materiais.


9. (U.E. Londrina) No livro de contos Laços de Família encontra-se, aprofundada, uma tendência de Clarice Lispector já anunciada em seu primeiro romance. Trata-se da
a) busca de um novo modo de narrar que correspondesse ao modo de comunicação primitivo de suas personagens, nordestinos explorados pela sociedade.
b) tentativa de renovar a estrutura e andamento do conto para melhor caracterizar a alma popular, observada por meio do humor e da sátira, principalmente entre os "italianinhos" da década de 20.
c) preocupação em denunciar a existência de um grupo marginalizado e explorado pela sociedade, focalizando, ao mesmo tempo, as relações, entre o homem e o meio, numa linguagem concisa e despojada de artificialismos.
d) tentativa de penetrar a mente humana, o que significou o rompimento com uma narrativa ligada a acontecimentos exteriores e a necessidade de utilização de uma linguagem, carregada de metáforas originais.
e) inovações linguísticas e temáticas exigidas por uma nova concepção de arte, que denuncia os falsos valores da época em que viveu e que antecipava, em muitos aspectos, os ideais da Semana de 22.


10. (FUVEST) A respeito de Clarice Lispector, nos contos de Laços de Família, seria correto afirmar que:
a) parte frequentemente de acontecimentos surpreendentes para banalizá-los.
b) elabora o cotidiano em busca de seu significado oculto.
c) é altamente intimista, vasculhando o âmago das personagens com rara argúcia.
d) é regionalista hermética.
e) opera na área da memória, da autoanálise e do devaneio.


11. (UFPR – 2008) “(...) As palavras me antecedem e ultrapassam, elas me tentam e me modificam, e se não tomo cuidado será tarde demais: as coisas serão ditas sem eu as ter dito. Ou, pelo menos, não era apenas isso. Meu enleio vem de que um tapete é feito de tantos fios que posso me resignar a seguir um fio só; meu enredamento vem de que uma história é feita de muitas histórias. (...)”
(de “Os desastres de Sofia”)
(...) Na verdade era uma vida de sonho. Às vezes, quando falavam de alguém excêntrico, diziam com a benevolência que uma classe tem por outra: “Ah, esse leva uma vida de poeta”. Pode-se talvez dizer, aproveitando as poucas palavras que se conheceram do casal, pode-se dizer que ambos levavam, menos a extravagância, uma vida de mau poeta: vida de sonho. Não, não era verdade. Não era uma vida de sonho, pois este jamais os orientara. Mas de irrealidade. (...)”
(de “Os obedientes”)
Com base nos fragmentos acima transcritos, extraídos de contos do livro Felicidade clandestina, de Clarice Lispector, considere as seguintes afirmativas:
I. Narrar ou deixar de narrar, avaliar de diferentes maneiras um mesmo fato narrado são hesitações frequentes dos narradores de Clarice Lispector. Como nos fragmentos acima, também em outros contos prioriza-se a abordagem da vida interior, própria ou alheia, revelando sutis alternâncias de percepção da realidade.
II. O aspecto metalinguístico está presente no primeiro fragmento.
III. Na ficção de Clarice Lispector, as diferenças entre a percepção masculina e a feminina não são tematizadas, pois o ser humano está sempre condenado a viver num mundo incompreensível.
IV. Na ficção de Clarice Lispector, apenas as personagens adultas têm consciência de seus processos interiores. As crianças e adolescentes sofrem o impacto de novas descobertas, mas sua inocência os afasta de qualquer comportamento perverso e os protege dos riscos de viver mais intensamente.
Assinale a alternativa correta.
a) Somente as afirmativas 1 e 2 são verdadeiras.
b) Somente as afirmativas 2 e 4 são verdadeiras.
c) Somente as afirmativas 3, 4 são verdadeiras.
d) Somente as afirmativas 2, 3 e 4 são verdadeiras.
e) Somente as afirmativas 1, 2 e 4 são verdadeiras.


12. (Enem – 2013) Tudo no mundo começou com um sim. Uma molécula disse sim a outra molécula e nasceu a vida. Mas antes da pré-história havia a pré-história da pré-história e havia o nunca e havia o sim. Sempre houve. Não sei o quê, mas sei que o universo jamais começou.
[...]
Enquanto eu tiver perguntas e não houver resposta continuarei a escrever. Como começar pelo início, se as coisas acontecem antes de acontecer? Se antes da pré-pré-história já havia os monstros apocalípticos? Se esta história não existe, passará a existir. Pensar é um ato. Sentir é um fato. Os dois juntos – sou eu que escrevo o que estou escrevendo. [...] Felicidade? Nunca vi palavra mais doida, inventada pelas nordestinas que andam por aí aos montes.
Como eu irei dizer agora, esta história será o resultado de uma visão gradual – há dois anos e meio venho aos poucos descobrindo os porquês. É visão da iminência de. De quê? Quem sabe se mais tarde saberei. Como que estou escrevendo na hora mesma em que sou lido. Só não início pelo fim que justificaria o começo – como a morte parece dizer sobre a vida – porque preciso registrar os fatos antecedentes.
LISPECTOR, C. A hora da estrela. Rio de Janeiro:  Rocco, 1998 (fragmento).
A elaboração de uma voz narrativa peculiar acompanha a trajetória literária de Clarice Lispector, culminada com a obra A hora da estrela, de 1977, ano da morte da escritora. Nesse fragmento, nota-se essa peculiaridade porque o narrador
a) observa os acontecimentos que narra sob uma ótica distante, sendo indiferente aos fatos e às personagens.
b) relata a história sem ter tido a preocupação de investigar os motivos que levaram aos eventos que a compõem.
c) revela-se um sujeito que reflete sobre questões existenciais e sobre a construção do discurso.
d) admite a dificuldade de escrever uma história em razão da complexidade para escolher as palavras exatas.
e) propõe-se a discutir questões de natureza filosófica e metafísica, incomuns na narrativa de ficção.


13. (FUVEST) Sobre o narrador de A hora da estrela, de Clarice Lispector, pode-se afirmar que:
a) é do tipo observador, pois revela não ter conhecimento sobre o que se passa no universo sentimental e psíquico da personagem (Macabéa).
b) é onisciente, pois assume o papel de criador de uma vida, sobre a qual detém todas as informações; o poder da onisciência é, para ele, fonte de satisfação, pois Rodrigo S. percebe que os fatos dependem de seu arbítrio.
c) é do tipo observador, pois limita-se a descrever superficialmente as emoções de Macabéa, o que fica evidente nas ocorrências enigmáticas do termo “explosão“, apresentado sempre entre parênteses.
d) constitui-se como um personagem, pois narra em primeira pessoa; não há, entretanto, referências à sua história pessoal, visto que seu objetivo é falar sobre um personagem de ficção (Macabéa).
e) é um dos personagens do livro; entretanto, ao apresentar-se não só como narrador, mas também como criador da história, problematiza a essência da literatura de ficção, que reside na recriação arbitrária do real.


14. (FUVEST) Identifique a afirmação correta sobre A hora da estrela, de Clarice Lispector:
a) A força da temática social, centrada na miséria brasileira, afasta do livro as preocupações com a linguagem, frequentes em outros escritores da mesma geração.
b) Se o discurso do narrador critica principalmente a própria literatura, as falas de Macabéa exprimem sobretudo as críticas da personagem às injustiças sociais.
c) O narrador retarda bastante o início da narração da história de Macabéa, vinculando esse adiamento a um autoquestionamento radical.
d) Os sofrimentos da migrante nordestina são realçados, no livro, pelo contraste entre suas desventuras na cidade grande e suas lembranças de uma infância pobre, mas vivida no aconchego familiar.
e) O estilo do livro é caracterizado, principalmente, pela oposição de duas variedades linguísticas: linguagem culta, literária, em contraste com um grande número de expressões regionais nordestinas.


GABARITO

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