Postagens recentes

10/recent/ticker-posts

QUESTÕES SOBRE GUIMARÃES ROSA


1. (UC-BA) "A lembrança da vida da gente se guarda em trechos diversos, cada um com seu signo e sentimento, uns com os outros acho que nem não misturam. Contar seguido, alinhavado, só mesmo sendo as coisas de rasa importância. De cada vivimento que eu real tive, de alegria forte ou pesar, cada vez daquela hoje vejo que eu era como se fosse diferente pessoa. Sucedido, desgovernado. Assim eu acho, assim eu conto (...). Tem horas antigas que ficaram muito mais perto da gente do que outras, de recente data.
O trecho acima, de Grande Sertão: veredas, de Guimarães Rosa, esclarece um dos aspectos do tratamento dado ao tempo nessa obra. Assinale a alternativa em que se explicita esse tratamento.
a) narrador alterna o relato de fatos importantes do passado com a narração de pequenos episódios mais recentes.
b) A ordem cronológica da narrativa vai conferindo aos fatos relatados a importância real que tiveram no passado.
c) A narrativa constrói-se a partir de um tempo reestruturado pela memória, em que os acontecimentos se classificam segundo uma ordem de importância subjetiva.
d) relato dos acontecimentos não é feito em ordem cronológica, porque, se o fosse, ficaria falseada a importância dos fatos narrados, visto que a memória é mentirosa.
e) tempo da narrativa confunde na memória os acontecimentos significativos com aqueles que têm importância menor.


2. (UF-BA) "Este pequeno mundo do sertão, este mundo original e cheio de contrastes, é para mim o símbolo, diria mesmo o modo de meu universo. Nós, os homens do sertão, somos fabulistas por natureza. Eu trazia sempre os ouvidos atentos, escutava tudo o que podia e comecei a transformar em lenda o ambiente que me rodeava, porque este, em sua essência, era e continua sendo uma lenda."
O depoimento acima é do escritor:
a) Rubem Braga
b) Dalton Trevisan
c) Erico Verissimo
d) João Guimarães Rosa
e) Mário de Andrade 


3. (PUCCAMP) Em sua obra, "a tendência regionalista acaba assumindo a característica de experiência estética universal, compreendendo a fusão entre o real e o mágico, de forma a radicalizar os processos mentais e verbais inerentes ao contexto fornecedor de matéria-prima. O folclórico, o pitoresco e o documental cedem lugar a uma maneira nova de repensar as dimensões da cultura, flagrada em suas articulações no mundo da linguagem".
Esse conjunto de características descreve a obra de:
a) Clarice Lispector
b) José Cândido de Carvalho
c) Erico Verissimo
d) Jorge Amado
e) Guimarães Rosa  


4. (PUCCAMP) "O romance é narrado na primeira pessoa, em monólogo ininterrupto, por um velho fazendeiro do Norte de Minas, antigo jagunço. Na estrutura do livro, os fatos são transpostos para uma atmosfera lendária e o real se cruza com o fantástico."
As afirmações acima referem-se à obra-prima de um grande escritor brasileiro moderno:
a) Saragana, de João Guimarães Rosa.
b) Cangaceiros, de José Lins do Rego.
c) Menino do Engenho, de José Lins do Rego.
d) Grande Sertão: veredas, de João Guimarães Rosa.
e) Tempo e o Vento, de Erico Verissimo.


5. (PUCC-SP) "Sertão. Sabe o senhor: o sertão é onde o pensamento da gente se forma mais forte do que o poder do lugar. Viver é muito perigoso."
Pelo fragmento acima, de Grande sertão: veredas, de João Guimarães Rosa, percebemos que neste romance, como em outros textos regionalistas do autor:
a) o conflito entre o eu e o mundo se realiza pela interação entre as personagens e o sertão, que acaba por ser mítico e metafísico.
b) o sertão é um lugar perigoso, onde os habitantes sofrem as agressões do meio hostil e adverso à sobrevivência humana.
c) não existe uma região a que geograficamente se possa chamar "sertão": ela é fruto da projeção do inconsciente das personagens.
d) a periculosidade da vida das personagens está circunscrita ao meio físico e social em que vivem.
e) há um conceito muito restrito de sertão, reduzido a palco de luta entre bandos de jagunços.


6. (USF-SP) A respeito de Guimarães Rosa é correto afirmar que:
a) transmitiu ao nosso regionalismo valores universais, ao abordar dúvidas do próprio homem, numa linguagem recriada poeticamente.
b) continuou a tradição das obras regionalistas anteriores, especialmente as do ciclo da cana-de-açúcar, que denunciam a injustiça social.
c) foi mais valorizado como poeta, pela retomada dos recursos expressivos da língua, com sua linguagem plena de sonoridades e figuras literárias.
d) retomou a influência científica e a linguagem objetiva e enxuta de Euclides da Cunha, autor de Os sertões, para explicar a psicologia do sertanejo.
e) foi um autor de vanguarda que procurou mostrar as várias regiões do país, a partir de uma visão subjetiva e extremamente poética.


7. (PUCC-SP) Guimarães Rosa – numa linguagem em que a palavra é valorizada não só pelo seu significado, como também pelos seus sons e formas – tomou um tipo humano tradicional em nossa ficção, o jagunço, e transportou-o, além do documento, até a esfera onde os tipos literários passam a representar os problemas comuns da nossa humanidade.
Exemplifica as palavras acima o trecho de Guimarães Rosa:
a) "O chefe disse: me traga esse homem vivo, seu Getúlio. Quero o bicho vivão aqui e, pulando. O homem era valente, quis combate, mas a subaqueira dele anganchou a arma, de sorte que foi o fim dele. Uma parabelada no focinho, passarinhou aqui e ali e parou."
b) "À sua audácia e atrocidade deve seu renome este herói legendário para o qual não achamos par nas crônicas provinciais. Durante muitos anos, ouvindo suas mães ou suas aias cantarem as trovas comemorativas da vida e morte desse como Cid, ou Robin Hood pernambucano, os meninos tomados de pavor adormeceram mais depressa do que se lhes contassem as proezas do lobisomem ou a história do negro do surrão muito em voga entre o povo naqueles tempos."
c) "João Miguel sentiu na mão que empunhava a faca a sensação fofa de quem fura um embrulho. O homem, ferido no ventre, caiu de borco, e de sob ele um sangue grosso começou a escorrer sem parar, num riacho vermelho e morno, formando poças encarnadas nas anfractuosidades do ladrilho."
d) "Qu'é que me acuava? Agora, eu velho, vejo: quando cogito, quando relembro, conheço que naquele tempo eu girava leve demais, e assoprado. Deus deixou. Deus é urgente sem pressa. O sertão é dele. Eh! – o que o senhor quer indagar, eu sei. Porque o senhor está pensando alto, em quantidades. Eh. Do demo?"
e) "O tiroteio começou. A princípio ralo, depois mais cerrado. O padre olhava para seu velho relógio: uma da madrugada. Apagou a vela e ficou escutando. Havia momentos de trégua, depois de novo recomeçavam os tiros. E assim o combate continuou madrugada adentro. O dia raiava quando lhe vieram bater à porta. Foi abrir. Era um oficial dos farrapos cuja barba negra contrastava com a palidez esverdinhada do rosto."


8. (F.Objetivo-SP) Sobre Guimarães Rosa podemos afirmar que:
a) foi autor regionalista, seguindo a linha do regionalismo romântico.
b) inovou sobretudo nos temas, explorando tipos inéditos.
c) escreveu obra política de contestação à sociedade de consumo.
d) sua obra se revela intimista com raízes surrealistas.
e) inovou sobretudo o aspecto linguístico, revelando trabalho criativo na exploração do potencial da língua.


9. (UFPR) A obra Grande sertão: veredas, de Guimarães Rosa:
a) continua o regionalismo dos fins do século passado, sem grandes inovações.
b) exprime problemas humanos, em estilo próprio, baseado na contribuição linguística regional.
c) descreve tipos de várias regiões do Brasil, na tentativa de documentar a realidade brasileira.
d) fixa os tipos regionais, com precisão científica.
e) idealiza o tipo sertanejo, continuando a tradição de Alencar.


10. (FUVEST-SP)
"Diadorim me chamou, fomos caminhando, no meio da queleléia do povo. Mesmo eu vi o Hermógenes: ele se amargou engulindo de boca fechada. – 'Diadorim' – eu disse – 'esse Hermógenes está em verde, nas portas da inveja...,' Mas Diadorim por certo não me ouviu bem, pelo que começou dizendo: – 'Deus é servido...'"
No texto acima há elementos que permitem identificar o romance do qual foi extraído. O romance é:
a) Os sertões.
b) Grande sertão: veredas.
c) O coronel e o lobisomem.
d) O Quinze.
e) Vidas secas.


11. (PUC-RS) O conjunto de novelas de João Guimarães Rosa, publicado em 1956, aparece sob o título:
a) Corpo de baile.
b) Sagarana.
c) Primeiras estórias.
d) Estas estórias.
e) Grande sertão: veredas.


12. (FUVEST) João Guimarães Rosa, em Sagarana, permite ao leitor observar que:
a) explora o folclórico do sertão.
b) em episódios muitas vezes palpitantes surpreende a realidade nos mais leves pormenores e trabalha a linguagem com esmero.
c) limita-se ao quadro do regionalismo brasileiro.
d) é muito sutil na apresentação do cotidiano banal do jagunço.
e) é intimista hermético.


13. (PUC) "Um grupo de cavaleiros. Isto é, vendo melhor: um cavaleiro rente, frente à minha porta, equiparado, exato; e, embolados, de banda, três homens a cavalo. Tudo num relance, insolitíssimo. Tomei-me nos nervos. O cavaleiro esse – o oh-homem-oh – com cara de nenhum amigo. Sei o que é influência de fisionomia. Saíra e viera, aquele homem, para morrer em guerra. Saudou-me seco, curto, pesadamente. Seu cavalo era alto, um alazão; bem arreado, derreado, suado. E concebi grande dúvida."
O fragmento acima, de Guimarães Rosa, ilustra sua tendência a:
a) registrar os costumes das populações do Nordeste, numa linguagem que muito se aproxima da usada pelos escritores de fins do século XIX.
b) procurar fixar a musicalidade da fala sertaneja, revitalizando recursos da expressão poética: células rítmicas, aliterações, onomatopeias, rimas internas.
c) confrontar a cultura citadina e letrada com a matéria bruta do Brasil rural, provinciano e arcaico, numa linguagem que evidencia a superioridade atribuída ao homem urbano culto.
d) recuperar a linguagem "ingênua" e "espontânea" dos homens do campo, envolvidos em peripécias que acabam por dividi-los em dois grupos: um que representa a bondade natural; outro, a natural má índole.
e) procurar evitar que sejam rompidas as fronteiras entre prosa e poesia, aproveitando-se do estilo duro e seco da fala de suas personagens.


14. (FUVEST) Dentre os contos de Sagarana existe um em que o narrador sustenta um duelo literário com outro poeta, chamado Quem Será, e no qual se fazem várias considerações sobre a natureza da poesia. Numa metáfora do condicionamento do homem, resistente à aceitação do novo e diferente, o autor leva a personagem a passar por um período de cegueira. A partir daí a personagem descobre a mutilação dos sentidos, que agora se abrem a outras vertentes da realidade.
Em qual dos contos abaixo se discute essa questão?
a) "A hora e a vez de Augusto Matraga".
b) "Duelo".
c) "Conversa de bois".
d) "São Marcos".
e) "Corpo fechado".


15. (MACK) Sobre o personagem principal de "A hora e a vez de Augusto Matraga", de Guimarães Rosa, assinale a alternativa incorreta.
a) No decorrer da narrativa, aparece como Nhô Augusto, Augusto Estêves e Augusto Matraga.
b) No início, surge como um fazendeiro pacato, averso a brigas e totalmente dedicado à família.
c) Por ordem de seu maior inimigo, é surrado, marcado a ferro e deixado praticamente morto.
d) Convidado por Joãozinho Bem-Bom a integrar seu grupo de jagunços, recusa tal oferta ...
e) No duelo final, morre em consequência dos ferimentos recebidos, assim como seu opositor.


16. (Enem - 2011) “Quem é pobre, pouco se apega, é um giro-o-giro no vago dos gerais, que nem os pássaros de rios e lagoas. O senhor vê: o Zé-Zim, o melhor meeiro meu aqui, risonho e habilidoso. Pergunto: — Zé-Zim, por que é que você não cria galinhas-d‘angola, como todo o mundo faz? — Quero criar nada não... — me deu resposta: — Eu gosto muito de mudar... [...] Belo um dia, ele tora. Ninguém discrepa. Eu, tantas, mesmo digo. Eu dou proteção. [...] Essa não faltou também à minha mãe, quando eu era menino, no sertãozinho de minha terra. [...] Gente melhor do lugar eram todos dessa família Guedes, Jidião Guedes; quando saíram de lá, nos trouxeram junto, minha mãe e eu. Ficamos existindo em território baixio da Sirga, da outra banda, ali onde o de-Janeiro vai no São Francisco, o senhor sabe.”
ROSA, J. G. Grande Sertão: Veredas. Rio de Janeiro: José Olympio (fragmento).
Na passagem citada, Riobaldo expõe uma situação decorrente de uma desigualdade social típica das áreas rurais brasileiras marcadas pela concentração de terras e pela relação de dependência entre agregados e fazendeiros. No texto, destaca-se essa relação porque o personagem-narrador
a) relata a seu interlocutor a história de Zé-Zim, demonstrando sua pouca disposição em ajudar seus agregados, uma vez que superou essa condição graças à sua força de trabalho.
b) descreve o processo de transformação de um meeiro — espécie de agregado — em proprietário de terra.
c) denuncia a falta de compromisso e a desocupação dos moradores, que pouco se envolvem no trabalho da terra.
d) mostra como a condição material da vida do sertanejo é dificultada pela sua dupla condição de homem livre e, ao mesmo tempo, dependente.
e) mantém o distanciamento narrativo condizente com sua posição social, de proprietário de terras.


17. (PUCCAMP) Leia o seguinte trecho de Guimarães Rosa:
"E desse modo ele se doeu no enxergão, muitos meses, porque os ossos tomavam tempo para se ajuntar, e a fratura exposta criara bicheira. Mas os pretos cuidavam muito dele, não arrefecendo na dedicação.
– Se eu pudesse ao menos ter absolvição dos meus pecados! ...
Então eles trouxeram, uma noite, muito à escondida, o padre que o confessou e conversou com ele, muito tempo, dando-lhe conselhos que o faziam chorar.
– Mas, será que Deus vai ter pena de mim, com tanta ruindade que fiz, e tendo nas costas tanto pecado mortal?
– Tem, meu filho. Deus mede a espora pela rédea, e não tira o estribo do pé de arrependimento nenhum...
E por aí a fora foi, com um sermão comprido, que acabou depondo o doente num desvencido torpor."
O trecho acima representa a seguinte possibilidade entre os caminhos da literatura contemporânea.
a) ficção regionalista, em que se reelabora o gênero e se revaloriza um universo cultural localizado.
b) narrativa de cunho jornalístico, em que a linguagem comunicativa retoma e reinterpreta fatos da história recente.
c) ficção de natureza politizante, em que se dramatizam as condições de classes entre os protagonistas.
d) prosa intimista, psicologizante, em que o narrador expõe e analisa os movimentos da consciência reflexiva.
e) prosa de experimentação formal, em que a pesquisa linguística torna secundária a trama narrativa.


GABARITO



Postar um comentário

0 Comentários