(Unifesp 2004) O poema a seguir, de Raimundo Correia, é a base para as
três questões seguintes:
As pombas Vai-se a primeira pomba
despertada... Vai-se outra mais... mais outra... enfim dezenas De pombas vão-se
dos pombais, apenas Raia sanguínea e fresca a madrugada... E à tarde, quando a
rígida noitada Sopra, aos pombais de novo elas, serenas, Rufiando as asas,
sacudindo as penas, Voltam todas em bando e em revoada... Também dos corações
onde abotoam, Os sonhos, um por um céleres voam, Como voam as pombas dos
pombais; No azul da adolescência as asas soltam Fogem... Mas aos pombais as
pombas voltam, E eles aos corações não voltam mais...
1. O poema de
Raimundo Correia ilustra o Parnasianismo brasileiro. Dele, podem-se depreender
a seguintes características desse movimento literário:
a) soneto
em versos decassílabos, com predominância de descrição e vocabulário seleto.
b) versos
livres, com predominância de narração e ênfase nos aspectos sonoros.
c) versos sem
rima, liberdade na expressão dos sentimentos e recorrência às imagens.
d) soneto com
versos livres, exploração do plano imagético e sonoro.
e) soneto com
rimas raras, com descrição e presença da mitologia.
2. Os dois
últimos versos do poema revelam
a) um
enobrecimento da velhice após a realização dos sonhos de juventude.
b) uma
mentalidade conformista em relação ao amor e às desilusões vividas na
juventude.
c) uma
irritação com a dificuldade de se realizarem os sonhos.
d) um relativo
menosprezo para com os sentimentos humanos vividos na juventude.
e) uma
visão pessimista da condição humana em relação à vida e ao tempo.
3. Há uma
equivalência entre os dois quartetos e os dois tercetos do poema As pombas.
Assim, é correio afirmar que pombas, metaforicamente, representa
a) a
adolescência
b) os
sonhos
c) os corações
d) o
envelhecimento
e) a desilusão
4. (ENEM/2013)
Mal secreto
Se a cólera que espuma, a dor que mora
N’alma, e destrói cada ilusão que nasce,
Tudo o que punge, tudo o que devora
O coração, no rosto se estampasse;
Se se pudesse, o espírito que chora,
Ver através da máscara da face,
Quanta gente, talvez, que inveja agora
Nos causa, então piedade nos causasse!
Quanta gente que ri, talvez, consigo
Guarda um atroz, recôndito inimigo,
Como invisível chaga cancerosa!
Quanta gente que ri, talvez existe,
Cuja ventura única consiste
Em parecer aos outros venturosa!
CORREIA, R. In: PATRIOTA, M.
Para compreender Raimundo Correia. Brasília:
Alhambra, 1995.
Coerente com a proposta parnasiana de cuidado
formal e racionalidade na condução temática, o soneto de Raimundo Correia
reflete sobre a forma como as emoções do indivíduo são julgadas em sociedade.
Na concepção do eu lírico, esse julgamento revela que
a) o instinto
de solidariedade conduz o indivíduo a apiedar-se do próximo.
b) a
necessidade de ser socialmente aceito leva o indivíduo a agir de forma
dissimulada.
c) o
sofrimento íntimo torna-se mais ameno quando compartilhado por um grupo social.
d) a
capacidade de perdoar e aceitar as diferenças neutraliza o sentimento de
inveja.
e) a
transfiguração da angústia em alegria é um artifício nocivo ao convívio social.
5. (UFSM 2001) Leia os versos de Raimundo Correia e considere as
afirmativas que se seguem.
Vai-se a primeira pomba despertada ...
Vai-se outra mais ... mais outra ... enfim
dezenas
De pombas vão-se dos pombais, apenas
Raia a sanguínea e fresca madrugada ...
I. As rimas
finais são intercaladas.
II. A estrofe é
marcada por aliterações e assonâncias.
III. Os versos
são decassílabos, à exceção do segundo que é alexandrino.
Está(ão) correta(s)
a) apenas
I.
b) apenas
II.
c) apenas I
e II.
d) apenas II e
III.
e) I, II e
III.
6. (UFPR)
Considere estes versos de Raimundo Correia:
"Se se pudesse, o espírito que chora,
Ver através da máscara da face:
Quanta gente, talvez, que inveja agora
Nos causa, então piedade nos causasse!"
Assinale a alternativa que exprime a oposição
fundamental desses versos:
a) corpo
versus espírito.
b) essência do ser versus aparência.
c) gente feliz
versus gente infeliz.
d) piedade
versus falsidade.
e) dor versus
falsidade.
GABARITO
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