1. (U.E.
Londrina) Marque a alternativa incorreta sobre o
romance O Quinze, de Raquel de Queiroz:
a) O sucesso que rapidamente alcançou em todo o
país esta obra de uma jovem cearense fez com que O Quinze, publicado pouco
depois de A Bagaceira, de José Américo de Almeida, fosse uma das obras
fundamentais na divulgação do regionalismo de 30.
b) Escrito
por Raquel de Queiroz aos 15 anos, O Quinze apresenta a vida de Conceição, uma
jovem normalista também de 15 anos que se apaixona por seu primo Vicente, pecuarista
que procura salvar a fazenda da família das garras do coronel Chico Bento.
c) A obra de estreia de Raquel de Queiroz usa a
seca de 1915 no Ceará como pano de fundo para revelar o sofrimento e as
angústias tanto dos miseráveis quanto dos proprietários rurais.
d) Narrado na terceira pessoa, utilizando da
onisciência, o romance apresenta dois núcleos dramáticos que se cruzam: a
odisseia de Chico Bento, vaqueiro pobre e desempregado, e sua família, fugindo
da seca rumo a Fortaleza, e os desencontros amorosos entre a professora
Conceição e o seu primo e quase namorado, o pecuarista Vicente.
e) Conceição leva sua avó, Inácia, da fazenda
onde mora, em Quixadá, para ficar em Fortaleza enquanto perdurar a seca. Na
capital, a professora, solteirona (aos 22 anos!), ajuda os miseráveis reunidos
no Campo de concentração e pensa no seu primo Vicente que permanece em Quixadá,
cuidando bravamente da fazenda da família. Divididos tanto no espaço, quanto
por interesses diversos e intrigas várias, os primos, incapazes de se
comunicar, vão mesmo se amando, separando-se mais cada dia.
2. (U.E.
Londrina) Entre as personagens do romance O Quinze de
Raquel de Queiroz, está uma sertaneja corajosa, resistente e sofredora que
acompanha o marido na viagem entre Quixadá e Fortaleza. A retirante vê um dos
seus filhos morrer envenenado, outro fugir e se perder e é obrigada a entregar
o mais novo para ser criado em Fortaleza. Esta personagem em muito se assemelha
à mulher sertaneja criada, anos depois por Graciliano Ramos em Vidas Secas. As
retirantes de Raquel de Queiroz e Graciliano Ramos são, respectivamente:
a) Madalena e Sinhá Vitória
b) Conceição e Madalena
c) Cordulina
e Sinhá Vitória
d) Cordulina e Madalena
e) Conceição e Sinhá Vitória.
3. (UFT/2013) Leia o fragmento de texto para responder a questão a seguir.
Chegou a desolação da primeira fome. Vinha
seca e trágica, surgindo no fundo sujo dos sacos vazios, na descarnada nudez
das latas raspadas.
- Mãezinha, cadê a janta?
- Cala a boca, menino! Já vem!
- Vem lá o quê!...
Angustiado, Chico Bento apalpava os bolsos...
nem um triste vintém azinhavrado...
Lembrou-se da rede nova, grande e de listras
que comprara em Quixadá por conta do vale de Vicente.
Tinha sido para a viagem. Mas antes dormir no
chão do que ver os meninos chorando, com a barriga roncando de fome.
Estavam já na estrada do Castro. E se
arrancharam debaixo dum velho pau-branco seco, nu e retorcido, a bem dizer ao
tempo, porque aqueles cepos apontados para o céu não tinham nada de abrigo.
O vaqueiro saiu com a rede, resoluto:
- Vou ali naquela bodega, ver se dou um
jeito...
Voltou mais tarde, sem a rede, trazendo uma
rapadura e um litro de farinha:
- Tá aqui. O homem disse que a rede estava
velha, só deu isso, e ainda por cima se fazendo de compadecido...
Faminta, a meninada avançou; e até Mocinha,
sempre mais ou menos calada e indiferente, estendeu a mão com avidez.
(QUEIROZ, Rachel de. O Quinze. Rio de
Janeiro: José Olímpio, 1979, p. 33).
"O Quinze", romance de estreia de
Rachel de Queiroz, publicado em 1930, retrata a intensa seca que marcou o ano
de 1915 no sertão cearense. Considerando o fragmento apresentado, é CORRETO
afirmar:
a) Ainda
que publicado no início da década de 30, momento de intensas mudanças políticas
e culturais no país, o romance liga-se estética e tematicamente às propostas
literárias da primeira geração modernista.
b) Na
narrativa, estreitamente ligada às propostas de denúncia social dos
regionalistas de 30, destacam-se o drama da seca, a miséria e a degradação
humana, marcantes em cenas como a do fragmento citado.
c) Apesar de se referir à seca que marcou o ano
de 1915, o romance coloca em primeiro plano a violência e o desrespeito que
marcam as relações sociais, independente das condições climáticas; exemplo
disso é a relação de espoliação entre Chico Bento e o homem da bodega.
d) A linguagem utilizada pela autora, para
construir o romance, aproxima-se da oralidade, conforme se vê no fragmento. Tal
recurso é utilizado para se contrapor à escrita extremamente rebuscada de
alguns modernistas da primeira geração, como Oswald de Andrade.
e) O fragmento apresenta um discurso
moralizante, recorrente nos romances da segunda geração modernista, e destaca o
drama vivido pela família de Chico Bento, diante das dificuldades de sobrevivência.
4. (UCS/2012) A seca é metáfora recorrente na literatura, especialmente no segundo
período modernista. Assinale a alternativa correta em relação às obras que
apresentam cenas que caracterizam a brutal realidade dos retirantes
nordestinos.
a) O Quinze, de Raquel de Queiroz; Vidas
Secas, de Graciliano Ramos
b)
Menino de Engenho, de José Lins do Rego; Grande Sertão: Veredas, de
Guimarães Rosa
c) A
Rosa do Povo, de Carlos Drummond de Andrade; Os Sertões, de Euclides da Cunha
d) Um
Lugar ao Sol, de Érico Veríssimo; A Legião Estrangeira, de Clarice Lispector
e) Capitães da Areia, de Jorge Amado; Urupês, de Monteiro Lobato
5. (UNICENTRO/2008)
No poente avermelhado, um vulto preto se
desenhou.
Depois, o cavalo e o cavaleiro foram-se
destacando na sombra escura que avançava.
Ao chouto duro do cavalo, o cavaleiro subia e
descia na sela, desengonçadamente, numa indiferença de macaco pensativo que se
agacha num encontro de galhos e ali fica, deixando que o vento o empurre e
sacuda à vontade.
Era o Chico Bento. O cavalo parou debaixo do
pau-branco seco que fazia as vezes de sombra. O dono apeou, com a mesma
indolência desajeitada, tirou o cabresto de baixo da capa da sela e amarrou o
animal no tronco.
Vicente, sentado numa rede, o cigarro entre
as mãos, via-o chegar. E respondendo à saudação tartamudeada do caboclo:
— Boa tarde, compadre. Abanque-se!
O vaqueiro sentou-se num banco de pau, junto
ao parapeito.
Vinha fazer um negócio... umas resinhas que
ele tinha nas Aroeiras e queria vender...
[...]
Quando o vaqueiro montou novamente, o rapaz
disse, a modo de despedida:
— Pois de manhãzinha bem cedo mande o rapaz
buscar o animal e a ordem do dinheiro para o Zacarias da Feira.
Chico Bento saiu já com escuro. Lentamente o
balançava o chouto largo do cavalo.
Ia e vinha na larga sela de campo, de arção
redondo e grandes capas bordadas.
Pensava na troca. Umas reses tão famosas! Por
um babau velho e cinquenta mil-réis de volta! O que é a gente estar na
desgraça…
(QUEIROZ, Rachel de. O Quinze. Rio de
Janeiro: José Olímpio, 13 ed., 1971, p. 41-43).
O fragmento contextualizado na obra permite
afirmar:
a) A
narrativa como um todo sugere que a solução para a pobreza do nordestino
retirante encontra-se na emigração para o Amazonas a fim de trabalhar nos
seringais.
b) O personagem Vicente é o chefe político de
Quixadá que, no período de seca, pratica o assistencialismo, a fim de garantir
o continuísmo de sua família no poder.
c)
Vicente representa o proprietário de terra que, no período da seca, se
refugia no litoral, buscando novos negócios que aumentem os seus lucros.
d) A
amizade de Vicente a Chico Bento é reveladora do espírito solidário que marca
as relações entre todos os sertanejos no período da seca.
e) Chico
Bento, ao fazer negócio com Vicente, mostra consciência crítica do contexto em
que se encontra.
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