1. (Faap-1997) AS POMBAS
Vai-se a primeira
pomba despertada…
Vai-se outra mais…
mais outra… enfim dezenas
De pombas vão-se
dos pombais, apenas
Raia sanguínea e
fresca a madrugada
E à tarde, quando
a rígida nortada
Sopra, aos
pombais, de novo, elas, serenas
Ruflando as asas,
sacudindo as penas,
Voltam todas em
bando e em revoada…
Também dos
corações onde abotoam,
Os sonhos, um por
um, céleres voam
Como voam as
pombas dos pombais;
No azul da
adolescência as asas soltam,
Fogem… Mas aos
pombais as pombas voltam
E eles aos corações não voltam mais…
(Raimundo Correia)
Nunca poderia ter lido o poema “AS POMBAS”, este
mesmo que você acaba de ler:
a)
Machado de Assis
b)
Aluísio Azevedo
c)
Tomás Antônio Gonzaga
d)
Olavo Bilac
e)
Euclides da Cunha
2. (UNESP 2012) Leia o poema de
Tomás Antônio Gonzaga (1744-1810).
Não vês aquele
velho respeitável,
que à muleta
encostado,
apenas mal se move
e mal se arrasta?
Oh! quanto estrago
não lhe fez o tempo,
o tempo
arrebatado,
que o mesmo bronze gasta!
Enrugaram-se as faces
e perderam
seus olhos a
viveza:
voltou-se o seu
cabelo em branca neve;
já lhe treme a
cabeça, a mão, o queixo,
nem tem uma beleza
das belezas que teve.
Assim também
serei, minha Marília,
daqui a poucos
anos,
que o ímpio tempo
para todos corre.
Os dentes cairão e
os meus cabelos.
Ah! sentirei os
danos,
que evita só quem morre.
Mas sempre
passarei uma velhice
muito menos
penosa.
Não trarei a
muleta carregada,
descansarei o já
vergado corpo
na tua mão
piedosa,
na tua mão nevada.
As frias tardes,
em que negra nuvem
os chuveiros não
lance,
irei contigo ao
prado florescente:
aqui me buscarás
um sítio ameno,
onde os membros
descanse,
e ao brando sol me aquente.
Apenas me sentar,
então, movendo
os olhos por
aquela
vistosa parte, que
ficar fronteira,
apontando direi: —
Ali falamos,
ali, ó minha bela,
te vi a vez primeira.
Verterão os meus
olhos duas fontes,
nascidas de
alegria;
farão teus olhos
ternos outro tanto;
então darei,
Marília, frios beijos
na mão formosa e
pia,
que me limpar o pranto.
Assim irá, Marília,
docemente
meu corpo
suportando
do tempo desumano
a dura guerra.
Contente morrerei,
por ser Marília
quem, sentida,
chorando
meus baços olhos cerra.
(Tomás Antônio Gonzaga. Marília de Dirceu e mais
poesias. Lisboa: Livraria Sá da Costa Editora, 1982.)
No conteúdo da quinta estrofe do poema encontramos
uma das características mais marcantes do Arcadismo:
a)
paisagem bucólica.
b)
pessimismo irônico.
c)
conflito dos elementos naturais.
d)
filosofia moral.
e)
desencanto com o amor.
3. (UEL 1997) Tomás Antônio
Gonzaga certamente adotou os valores da poesia neoclássica, mas em MARÍLlA DE
DIRCEU
a)
percebe-se o quanto o poeta desprezava as convenções do bucolismo literário.
b)
ainda ocorrem torneios de linguagem nitidamente barrocos.
c)
a sátira ao Governador de Minas faz lembrar os momentos mais ferinos de
Gregório de Matos.
d) a convenção
bucólica combina-se com um confessionalismo amoroso que já foi reconhecido como
pré-romântico.
e)
a amada do poeta deixa de ser associada à figura convencional da pastora.
4. (UFRGS 2005) Com base nos
fragmentos a seguir, extraídos da Lira II, da obra "Marília de
Dirceu", de Tomás Antônio Gonzaga, assinale com V (verdadeiro) ou F
(falso) as afirmações que seguem.
"Pintam,
Marília, os Poetas
A um menino
vendado,
Com uma aljava de
setas,
Arco empunhado na
mão;
Ligeiras asas nos
ombros,
O tenro corpo
despido,
E de Amor ou de
Cupido
São os nomes, que
lhe dão."
[...]
"Tu, Marília,
agora vendo
De Amor o lindo
retrato,
Contigo estarás
dizendo
Que é este o
retrato teu.
Sim, Marília, a
cópia é tua,
Que Cupido é Deus
suposto:
Se há Cupido, é só
teu rosto,
Que ele foi quem me venceu."
(__)
Na primeira estrofe, o poeta descreve uma figura representativa do amor na
mitologia clássica.
(__) Na
primeira estrofe, a amada Marília é alertada sobre a violência que se esconde
por detrás da superfície do amor.
(__)
Na segunda estrofe, o poeta transfere o retrato de Cupido para o rosto vencedor
de Marília.
(__) Na segunda
estrofe, o poeta confessa à amada a sua rendição em relação aos poderes do
amor.
A sequência correta de preenchimento dos
parênteses, de cima para baixo, é
a)
V - V - F - F.
b) V - F - V - V.
c)
F - F - V - V.
d)
V - F - F - V.
e)
F - V - F - F.
5. (UFV 1996) Leia o fragmento
de texto a seguir e faça o que se pede:
Esprema a vil
calúnia muito embora
Entre as mãos
denegridas, e insolentes,
Os venenos das
plantas,
E das bravas serpentes.
Chovam raios e
raios, no seu rosto
Não hás de ver,
Marília, o medo escrito:
O medo
perturbador,
Que infunde o vil delito.
[...]
Eu tenho um
coração maior que o mundo.
Tu, formosa
Marília, bem o sabes:
Eu tenho um
coração maior que o mundo.
Tu, formosa Marília, bem o sabes:
Um coração .... e
basta,
Onde tu mesma cabes.
(TAG, MD, Parte II, Lira II)
Sobre o fragmento de texto de Tomás Antônio Gonzaga,
Marília de Dirceu, assinale a alternativa FALSA:
a) a interferência
do mito na tessitura dos poemas, mantendo o poeta dentro dos padrões poéticos
clássicos, impede-o de abordar problemas pessoais.
b)
a interpelação feita a Marília muitas vezes é pretexto para o poeta celebrar
sua inocência e seu destemor diante das acusações feitas contra ele.
c)
a revelação sincera de si próprio e a confissão do padecimento que o inquieta
levam o poeta a romper com o decálogo arcádico, prenunciando a poética romântica.
d)
a desesperança, o abatimento e a solidão, presentes nas liras escritas depois
da prisão do autor, revelam contraste com as primeiras, concentradas na
conquista galante da mulher amada.
e)
embora tenha a estrutura de um diálogo, o texto é um monólogo - só Gonzaga fala
e raciocina.
6. (VUNESP) Há no
Arcadismo brasileiro uma obra satírica de forma epistolar que suscitou dúvidas
de autoria durante mais de um século. Assinale abaixo a alternativa que
apresente o nome correto dessa obra e seu autor mais provável:
a)
O Reino da estupidez e Francisco de Melo Franco
b)
Viola de Lereno e Domingos Caldas Barbosa
c)
O desertor e Manuel Inácio da Silva Alvarenga
d)
Cartas chilenas e Tomás Antônio Gonzaga
e)
Os Bruzundangas e Lima Barreto
7. (Cescea) “A poesia
parece fenômeno mais vivo e autêntico (...) por ter brotado de experiências
humanas palpitantes”. (Ele) “é dos raros poetas brasileiros, certamente o único
entre os árcades, cuja vida amorosa importa para a compreensão da obra.”
“O lírico ouvidor soltava os seus amores em liras
apaixonadas, que tinham, naquele ambiente de Vila Rica, um sabor novo e
raro.”
Assim a crítica literária tem-se manifestado sobre
o poeta:
a)
Cláudio Manuel da Costa
b)
Tomás Antônio Gonzaga
c)
Alvarenga Peixoto
d)
Gonçalves de Magalhães
e)
Basílio da Gama
8. (UFPB-2006) No Romanceiro da
Inconfidência, Cecília Meireles recria poeticamente os acontecimentos
históricos de Minas Gerais, ocorridos no final do século XVIII. Nesta mesma
época, circulavam, em Vila Rica, as Cartas Chilenas, atribuídas a Tomás Antônio
Gonzaga.
O fragmento a seguir foi extraído da Carta 2 em que
Critilo (Gonzaga), dirigindo-se ao seu amigo Doroteu (Cláudio Manuel da Costa),
narra o comportamento do Fanfarrão Minésio (Luís da Cunha Meneses, governador
de Minas).
Aquele, Doroteu,
que não é Santo
Mas quer fingir-se
Santo aos outros homens,
Pratica muito
mais, do que pratica,
Quem segue os sãos
caminhos da verdade.
Mal se põe nas
Igrejas, de joelhos,
Abre os braços em
cruz, a terra beija,
Entorta o seu
pescoço, fecha os olhos,
Faz que chora,
suspira, fere o peito;
E executa outras
muitas macaquices,
Estando em parte, onde o mundo as veja.
(GONZAGA, Tomás Antônio. Cartas Chilenas. São
Paulo: Companhia das Letras, 1995, p. 68-69).
Considerando as informações apresentadas e esse
fragmento poético, é correto afirmar:
a)
O autor descreve as atitudes do governador de Minas sem fazer uso de um tom
irônico.
b)
O autor critica algumas atitudes do governador de Minas, julgando-as
dissimuladas.
c)
O autor descreve, com humor, o comportamento do governador de Minas, sem
apresentar um posicionamento crítico.
d)
O tom satírico, presente nas Cartas Chilenas, não é observado nesse fragmento,
pois, aqui, há apenas a descrição das práticas religiosas do Fanfarrão Minésio.
e)
O autor chama a atenção para o fato de que o governador de Minas age com
fervor, longe dos olhos dos fiéis.
9. (Mack-2004)
Ornemos nossas
testas com as flores,
e façamos de feno
um brando leito;
prendamo-nos,
Marília, em laço estreito,
gozemos do prazer
de sãos amores (...)
(...) aproveite-se
o tempo, antes que faça
o estrago de
roubar ao corpo as forças
e ao semblante a graça.
Tomás Antônio Gonzaga
Nos versos acima,
a)
o eu-lírico, ao lamentar as transformações notadas em seu corpo e alma pela
passagem do tempo, revela-se amoroso homem de meia-idade.
b)
que retomam tema e estrutura de uma “canção de amigo”, está expresso o estado
de alma de quem sente a ausência do ser amado.
c)
nomeia-se diretamente a figura ironizada pelo eu-lírico, a mulher a quem se
poderiam fazer convites amorosos mais ousados.
d)
em que se notam diálogo e estrutura paralelística, o ponto de vista dominante é
o do amante que vê seus sentimentos antagônicos refletidos na natureza.
e)
a natureza é o espaço onde o amado se sente à vontade para expressar
diretamente à amada suas inclinações sensuais.
10. (Mack-2004)
Ornemos nossas
testas com as flores,
e façamos de feno
um brando leito;
prendamo-nos,
Marília, em laço estreito,
gozemos do prazer
de sãos amores (...)
(...) aproveite-se
o tempo, antes que faça
o estrago de
roubar ao corpo as forças
e ao semblante a graça.
Tomás Antônio Gonzaga
Quanto ao estilo, os versos
a)
revelam a presença não só de formas mais exageradas de inversão sintática -
hipérbatos -, como também de comparações excessivas, resíduos do estilo
cultista.
b)
comprovam a predileção pelo verso branco e pela ordem direta da frase,
característicos da naturalidade desejada pelos poetas do Arcadismo.
c)
denotam - pela singeleza do vocabulário, pela sintaxe quase prosaica - a
vontade de alcançar a simplicidade da linguagem, em oposição à artificialidade
do Barroco.
d)
organizam-se em torno de antíteses, na busca de caracterizar, em atitude
pré-romântica, o amor ideal e a pureza do lavor da terra.
e)
constroem-se pelo desdobramento contínuo de imagens, compondo um quadro em que
a emoção é tratada de modo abstrato, de acordo com a convenção árcade.
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