1. (ESPM/2015)
Em 21 de dezembro de 1961 a Bélgica concedeu
autonomia interna a Ruanda e, em 28 de junho de 1962, a Assembleia Geral da ONU
fixou para 1º. de junho a supressão da tutela e a concessão da independência à
República Democrática de Ruanda, ressaltando que o governo independente não
seria monoétnico. Tal cuidado não foi suficiente, pois os acontecimentos
posteriores acabaram culminando em um dos mais violentos genocídios do século
XX, estimando-se o número de mortos em 1.074.017, ou seja, um sétimo da
população de Ruanda.
(Leila Hernandez. A África na sala de aula)
Em abril de 2014 completaram-se 20 anos do
que ficou conhecido como genocídio de Ruanda. Diferenças, desigualdades,
discriminações raciais, econômicas, sociais e políticas alimentaram o ódio. O
assassinato do presidente Juvenal Habyarimana, em atentado ao avião em que
viajava, foi o estopim do genocídio.
Sobre o genocídio em Ruanda assinale a
alternativa correta:
a) foi praticado por mercenários belgas
interessados na recolonização de Ruanda e exploração de suas riquezas;
b) foi praticado por ruandeses contra cidadãos
europeus e norte-americanos acusados de responsabilidade pela miséria em
Ruanda;
c) refletiu o ódio religioso entre cristãos e
muçulmanos;
d) refletiu o ódio dos ruandeses contra as
Forças de Paz enviadas pela ONU para apaziguar as disputas entre diferentes
grupos políticos;
e) foi
praticado pelo grupo étnico hutu contra a etnia tútsi e hutus moderados que
formavam a oposição política no país, sendo que entre os mortos 93,7% eram
tútsis.
2. (Mackenzie
SP/2007)
A regra número um era matar. A regra número
dois, não havia. Era uma organização sem complicações. (...)
O conselheiro nos disse, a um de cada vez,
que doravante não devíamos fazer mais nada a não ser matar os tútsis.
Entendemos muito bem que era um programa definitivo. (...)
Os hútus de todos os tipos tinham de repente
se tornado irmãos patriotas sem mais nenhuma discórdia política. Já não
jogávamos com os discursos políticos. Já não estávamos “cada um na sua casa”. E
nos reuníamos no campo de futebol como um bando de amigos, e íamos para a caça
por afinidade.
Os trechos referidos são de depoimentos
colhidos pelo jornalista Jean Hatzfeld, e reunidos em seu livro Uma temporada
de facões. São relatos de criminosos genocidas que perpetraram, em meados da
década de 1990, um terrível massacre de civis.
Assinale a alternativa que menciona o país em
que essa tragédia ocorreu.
a) África do Sul.
b) Armênia.
c) Ruanda.
d) Ucrânia.
e) Tchetchênia.
3. (UFG
GO/2007) Leia o trecho do artigo de Demétrio Magnoli.
As etnias hutus e tutsis foram inventadas
pelo poder colonial europeu, que encontrou uma sociedade organizada em torno de
um rei de caráter sagrado, cuja autoridade se baseava numa aristocracia de
proprietários de rebanhos (os tutsis) que subordinava a massa de camponeses (os
hutus). Toda sociedade ligava-se por laços de dependência pessoal, que
asseguravam certa coesão.
Tudo começou com o censo, que registrou as
duas “etnias”. Em 1926, o governo colonial emitiu documentos de identidade com
rótulos “tutsi” e “hutu”. Manuais vulgares repetem, até hoje, narrativas
históricas que opõem as etnias, usando, para tanto, razões científicas.
MAGNOLI, D. O país das cotas e do genocídio.
Folha de S. Paulo, 19 ago. 2005. Ilustrada. [Adaptado].
O autor discute a relação entre os dois
grupos envolvidos no conflito ocorrido em 1994, em Ruanda. Sobre a emergência
desse conflito contemporâneo, pode-se afirmar que
a) o desacordo era anterior ao colonialismo,
pois historicamente tutsis e hutus disputavam a posse da terra.
b) a distinção entre tutsis e hutus reforçou a
oposição ao domínio colonial europeu.
c) o discurso histórico desqualificou a
sacralidade da figura real, induzindo os grupos à rivalidade.
d) a exploração dos proprietários de rebanhos
sobre os camponeses definia as relações étnicas.
e) as
identificações étnicas, patrocinadas por ação governamental, fermentaram o
conflito e o massacre.
4. (FFFCMPA
RS/2008) Em 1994, Ruanda foi palco de um terrível
genocídio que vitimou mais de um milhão de pessoas no confronto entre tutsis e
hutus e teve um saldo de cerca de dois milhões de refugiados em países
vizinhos. O conflito é desencadeado a partir do atentado aéreo que matou o
presidente de Ruanda, o hutu Juvenal Habyarimana. As raízes históricas desse
acontecimento estão
a) na
Partilha da África, que dividiu o continente segundo os interesses dos europeus
sem que fossem levadas em consideração as diferenças tribais, separando etnias
irmãs e reunindo em um mesmo país etnias rivais.
b) nas diferenças étnico-culturais entre a
África branca muçulmana, ao norte, e a África negra, subsaariana, ao sul.
c) na política segregacionista do apartheid que,
a partir da primeira metade do século XX, submeteu
a maioria negra a uma minoria branca, os
africâneres, privando-os de direitos políticos, cidadania e posse de terras no
centro-sul da África.
d) no contexto da Guerra Fria, quando EUA e
URSS incentivaram as diferenças étnicas no continente africano para impedir que
as guerras de independência tivessem êxito, buscando com isso aumentar suas
respectivas áreas de influência na região.
e) nas lutas partidárias desencadeadas após a
Segunda Guerra Mundial que colocaram em lados opostos grupos que defendiam o
desenvolvimento do continente a partir do modelo capitalista e os que pregavam
a revolução comunista como forma de superação das principais dificuldades
econômicas e possibilidade de uma distribuição de riquezas mais equitativa.
5. (UERJ/2010)
Quinze anos depois do genocídio que vitimou
mais de 800 mil pessoas, visitar Ruanda ainda é uma espécie de jogo de
adivinhação – a cada rosto que passa tenta-se descobrir quem foi vítima e quem
foi algoz na tragédia de 1994. O governo do país recorre à união do povo. O
censo e as carteiras de identidade étnicas não existem mais, todos agora são
apenas considerados ruandeses. O esforço do presidente Paul Kagame em evitar um
novo conflito é tão grande que chamar alguém de “tutsi” ou “hutu” de maneira
ofensiva é crime, com pena que pode chegar a 14 anos.
Marta REIS
A presença do trauma do genocídio é o
principal problema social de Ruanda, maior inclusive que a pobreza. Tratar esse
trauma coletivo devia ser prioridade número um, e não transformá-lo num tabu. A
política do governo é a do esquecimento por lei, por obrigação. Errada é a
vitimização do genocídio, pois existe uma história de conflitos anterior e
posterior ao massacre.
Marcio GAGLIATO
Adaptado de O Globo, 12/04/2009
A polêmica sobre os efeitos do genocídio de
Ruanda, ocorrido em 1994, aponta para contradições dos processos de
constituição de Estados nacionais na África contemporânea. Com base na análise
dos textos, a resolução dessas contradições estaria relacionada à adoção das
seguintes medidas:
a) conciliação político-religiosa – afirmação
das identidades locais
b) punição das diferenças culturais –
unificação da memória nacional
c) denúncia da dominação colonial – integração
ao mundo globalizado
d) reforço
do pertencimento nacional – revisão das heranças da descolonização
GABARITO
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