A ORIGEM DO SISTEMA CAPITALISTA
Escrito por Talita de Carvalho/Portal Politize!
O sistema capitalista é adotado em quase todo
o mundo e começa a dar seus primeiros sinais de existência no século XV, com o
enfraquecimento do sistema feudal. Há um certo consenso entre os estudiosos de
que o capitalismo está hoje em sua terceira fase – capitalismo financeiro -, as
duas primeiras foram comercial e industrial.
Apesar de nos referirmos ao capitalismo como
um sistema econômico, é fundamental ter em mente que o modo de produção vai
interferir diretamente em aspectos políticos, sociais e econômicos, ou seja, o
sistema vai influenciar na organização de todos os aspectos de uma sociedade.
Nesse texto, vamos explicar como o
capitalismo surgiu e suas fases. Achou interessante? Então vem com a gente!
QUANDO O SISTEMA CAPITALISTA COMEÇOU?
O sistema capitalista começa a surgir com a
decadência do sistema de produção vigente até então: o feudalismo. O feudalismo
teve início no século V e durou até o século XV, quando o capitalismo começou a
tomar forma. Você talvez se lembre das características do sistema feudal, mas
vamos relembrar como ele funcionava e como o capitalismo começou a surgir no
final desse período.
O feudalismo: a fase anterior ao sistema
capitalista (Século V – XV)
O feudalismo era um sistema de organização
econômica, política e social vigente na Europa Ocidental da Idade Média,
baseado na posse de terras e em estamentos. Estamentos eram classes sociais
estáticas – não havia mobilidade -, isso significa que as pessoas nasciam e
morriam pertencendo à mesma classe social.
As três classes no sistema feudal eram:
nobreza, o clero e os servos.
Nobreza: era a classe mais alta, composta
pelos proprietários de terras, os chamados senhores feudais. Os feudos eram
grandes terras, concedidas pelo rei aos senhores feudais e onde estes tinham o
poder absoluto; cada senhor feudal determinava as regras dentro dos seus
feudos.
Clero: composto pelos membros da Igreja
Católica – instituição mais poderosa do feudalismo. Nesse momento, a igreja não
tinha apenas a função de evangelizar, ela exercia poderes na política e era
grande proprietária de terras.
Servos: eram os trabalhadores dos feudos,
eles não tinham direito à salários, trabalhavam em troca de lugar para viver e
alimentação.
A produção no feudalismo era caracterizada
pela autossuficiência. Os feudos produziam o que seria consumido no local, não
havia comércio, tampouco moedas. Quando havia intercâmbio de mercadorias,
trocavam-se produtos por produtos, e não produtos por dinheiro. Porém, com o
crescimento populacional, o desenvolvimento das cidades e das atividades
comerciais, surge a moeda para facilitar as trocas e ampliam-se as fontes de
renda.
Nesse momento surgem as feiras livres, que
eram espaços onde as pessoas levavam seus produtos para comercializar – muito
semelhantes às feiras que existem até hoje. Com o desenvolvimento da atividade
comercial surge uma nova classe econômica chamada burguesia. Assim, se antes
tínhamos uma sociedade de classes sociais estáticas, o surgimento da burguesia
vem quebrar essa organização econômica e social, pois permitiu a mobilidade
social daqueles que passaram a desenvolver atividades comerciais.
O comércio, diferente da organização feudal,
estruturava-se no trabalho livre e assalariado. Essa mudança foi um dos
principais acontecimentos para a transição da Idade Média para a Idade Moderna
e da decadência do feudalismo e início da primeira fase do capitalismo.
FASES DO SISTEMA CAPITALISTA
1ª fase do sistema capitalista: Capitalismo
Comercial (Século XV – XVIII)
A fase do capitalismo comercial é também
chamada de pré-capitalista. Naquele momento ainda não havia industrialização e
o sistema estava baseado em trocas comerciais. O modelo econômico adotado nesse
período foi o mercantilismo, que tinha como principais características:
- o controle estatal da economia – o Rei
controlava o mercado;
- o protecionismo – proteção do mercado
interno;
- o metalismo – acúmulo de metais preciosos;
- e a balança comercial favorável – mais
exportação do que importação.
A crença naquele momento era de que a riqueza
disponível no mundo não poderia ser aumentada, apenas redistribuída. Assim, os
países buscavam a acumulação de riquezas por meio da proteção da economia local
e acúmulo de metais decorrente das trocas comerciais que realizavam com outros
países. Foi nesse período que nações europeias exploraram os recursos de suas
colônias, como aconteceu aqui nas Américas.
2ª fase do sistema capitalista: Capitalismo
Industrial (Século XVIII – XIX)
A passagem do capitalismo comercial para o
capitalismo industrial se deu em meio à revoluções tecnológicas e políticas. A
Revolução Industrial se inicia na Inglaterra em 1760, e tem como seu marco
principal a introdução da máquina a vapor na produção, o que deu início à
transição de uma produção manufatureira para uma produção industrial.
A produção industrial tornava-se necessária,
pois com o crescimento demográfico e expansão das cidades era necessário que os
produtos fossem criados e distribuídos com mais eficiência e escala.
As revoluções também tiveram um caráter
político. Em 1789 inicia-se a Revolução Francesa, movimento que buscava o fim
da organização política, social e econômica vigente na época; que oferecia
privilégios a pequenas parcelas da população e concedia poucos direitos ao
povo.
Nessa fase do capitalismo, o poder passou para
as mãos da burguesia, que começou a crescer com a intensificação do comércio. A
economia durante o período do capitalismo industrial estava baseada no
liberalismo econômico. Essa corrente de pensamento – cujo principal pensador
foi Adam Smith – defendia o Estado mínimo e a não intervenção estatal na
economia. Segundo seus defensores, a lei de oferta e procura e a competição do
mercado, garantiriam melhores resultados para a sociedade como um todo.
O modo de produção vigente nos séculos de
capitalismo industrial permitiram o aumento da produtividade, a diminuição dos
valores das mercadorias e a acumulação de capital; por outro lado, esses
avanços só foram possíveis a partir de condições precárias de trabalho,
jornadas de trabalho muito altas, diminuição dos salários e aumento do
desemprego.
3ª fase do sistema capitalista: Capitalismo
financeiro (a partir do Século XX)
O capitalismo financeiro se inicia no século
XX, depois do final da Segunda Guerra Mundial. Essa nova fase tem seu início
quando bancos e empresas se unem para obter maiores lucros. É nesse momento que
surgem as empresas multinacionais e transnacionais, e se fortalecem as práticas
monopolistas. Esse modelo, vigente até hoje, é baseado nas leis das
instituições financeiras e dos grandes grupos empresariais presentes no mundo
todo.
É um período caracterizado por elevada
concorrência internacional, monopólio comercial, evolução tecnológica,
globalização e elevadas taxas de urbanização. É chamado de capitalismo
financeiro, pois as grandes empresas passaram a vender parcelas de seu capital
na bolsa de valores, e a partir de então, passou-se a produzir riqueza por
especulação. Nesse momento, a acumulação do capital chegou a níveis nunca
vistos antes.
Em decorrência das políticas liberais, em
1929, o sistema capitalista vive uma das piores crises econômicas da história.
Por conta de uma produção em excesso nos Estados Unidos e da redução da demanda
por produtos desse país, as empresas perderam valor e houve a quebra da bolsa
de valores.
Para salvar o mercado, o Estado teve que
intervir na economia e a partir de então adotou-se o sistema econômico
Keynesiano, que defendia a intervenção do Estado na economia para evitar crises
e garantir o consumo e o emprego. Esse sistema é também chamado de Welfare
State, ou Estado de bem-estar social.
A partir dos anos 1980, o keynesianismo perde
forças e a ideia de Estado mínimo e pouca participação estatal na economia
retorna. Assim como os liberais, os defensores do neoliberalismo, defendem que
as próprias regras do mercado vão garantir o crescimento econômico e o
desenvolvimento social.
O neoliberalismo foi implantado no Brasil e
em diversos países da América Latina, seguindo as proposições do que se
estabeleceu no Consenso de Washington – uma proposta neoliberal para o
desenvolvimento dos países da região.
Guerra fria e a vitória do sistema
capitalista
Apesar de ser adotado em grande parte do
mundo hoje, a hegemonia do sistema capitalista esteve em disputa durante
décadas após a Segunda Guerra Mundial. O outro sistema econômico era o
comunismo, que defendia o fim da propriedade privada em prol da construção de
uma sociedade mais justa e igualitária.
Ao longo do conflito, Estados Unidos –
defensor do capitalismo – e União Soviética – defensora do comunismo –
disputavam a hegemonia mundial e buscavam o apoio de outros países para
fortalecer seu posicionamento ideológico.
Foi chamada Guerra Fria, pois não houve
embate militar direto entre esses dois países, era um conflito ideológico
sustentado por uma guerra armamentista. Ambos os países foram investindo em
materiais e tecnologias bélicas e o equilíbrio entre essas forças foi o que
impediu que ataques entre eles de fato acontecessem.
Com o final da Guerra Fria e a vitória do
capitalismo como sistema hegemônico, grande parte dos países que estavam do
lado da União Soviética começaram a implementar o capitalismo.
Capitalismo informacional
O capitalismo informacional não é uma nova
fase do capitalismo, mas um novo momento da fase do capitalismo financeiro. O
conceito de capitalismo informacional foi discutido pela primeira vez por
Manuel Castells, em seu livro Sociedade em rede, publicado em 1996 e está
relacionado à revolução tecnológica dos últimos tempos.
O capitalismo informacional é caracterizado
pela globalização e pelos avanços nas tecnologias de informação, na aceleração
e crescimento dos fluxos de informações, pessoas, capitais e mercadorias.
Segundo esse autor, essas transformações tecnológicas mudam nossas práticas
culturais e sociais e constroem uma nova estrutura social.
O SISTEMA CAPITALISTA E SUA HISTÓRIA
Nesse texto explicamos para você o que é o
sistema capitalista, como ele foi surgindo em paralelo à decadência do
feudalismo no século XV e as fases pelas quais ele passou até os dias de hoje.
A primeira delas foi a do capitalismo comercial, também chamada de
mercantilismo; em seguida tivemos o capitalismo industrial, que se iniciou com
a revolução industrial na Inglaterra; e por fim, o capitalismo financeiro,
caracterizado por grande concentração de capital nas mãos dos bancos e das
grandes empresas.
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