AS CONSEQUÊNCIAS DA PRIMEIRA GUERRA MUNDIAL
Escrito por Pâmela Morais/Portal Politize!
As consequências da Primeira Guerra Mundial
foram diversas e afetaram de forma decisiva o decorrer do século XX. Para
compreender melhor os frutos do primeiro conflito em escala global da história,
o Politize! preparou este texto para você. Vamos lá?
CONSEQUÊNCIAS DA PRIMEIRA GUERRA MUNDIAL: A
CONFERÊNCIA DE PARIS
Em janeiro de 1919, os países envolvidos na
Primeira Guerra Mundial (1914-1918) reuniram-se na Conferência de Paris para
assinar os tratados de paz. As decisões do pós-guerra foram tomadas pelo
Conselho dos Quatro, formados pelos vencedores França, Reino Unido, Estados
Unidos e Itália. Lembrando que os países que participaram do conflito foram os
seguintes:
As principais consequências da Primeira
Guerra Mundial e das negociações de paz foram:
Tratado de Versalhes
O Tratado de Versalhes responsabilizou a
Alemanha pela Primeira Guerra Mundial e estabeleceu uma série de punições ao
Estado. Além de ter que pagar indenizações aos vencedores, os países da
Tríplice Entente – que foram quitadas apenas em 2010 –, a Alemanha foi proibida
de ter um exército grande e ainda perdeu colônias e territórios – como a
Alsácia-Lorena, cedida à França.
Todas essas condições instalaram um
sentimento de revanchismo que viria a colaborar para a ascensão do nazismo e
culminaria na Segunda Guerra Mundial.
Ascensão dos Estados Unidos
Além de não terem sofrido muitas perdas por
terem entrado na Primeira Guerra Mundial apenas no fim do conflito, os Estados
Unidos se beneficiaram de três anos iniciais da guerra, onde estabeleceram
comércio com os Aliados. Como não tiveram seu território invadido, os
norte-americanos não precisaram arcar com despesas de reconstrução e puderam se
tornar credores da Europa. Isto é, os Estados Unidos emprestavam dinheiro para
a reconstrução do Velho Mundo, que fora devastado pela guerra.
Com a economia a todo o vapor e sem os países
europeus para fazer concorrência, outra consequência da Primeira Guerra Mundial
foi a ascensão dos Estados Unidos como uma potência econômica e política
global. Em outras palavras, os estadunidenses foram os grandes vencedores do
conflito.
Formação da Liga das Nações
Como uma das consequências da Primeira Guerra
Mundial, surgiu a Liga das Nações. Essa organização internacional – uma espécie
de antecessora da ONU – foi criada a fim de evitar o surgimento de outro
conflito como a Grande Guerra.
A Liga das Nações foi inspirada no último dos
Catorze Pontos de Wilson, um plano elaborado pelo então presidente dos Estados
Unidos – Woodrow Wilson – para garantir a paz mundial. O 14º ponto de Wilson
estipulava que a Liga das Nações deveria ser “uma associação geral de nações,
sob pactos específicos com o propósito de fornecer garantias mútuas de
independência política e integridade territorial, tanto para os Estados grandes
como para os pequenos”.
Apesar de ter proposto a criação da Liga,
Wilson não conseguiu aprovação do congresso para que os Estados Unidos
participassem da organização. Sem contar com a maior potência mundial da época
e tendo que enfrentar diversos desentendimentos entre Estados-membros, a Liga
das Nações falhou em prevenir a Segunda Guerra Mundial e foi extinta em 1942.
O Brasil, que foi o único país americano a
participar da criação da Liga, acabou abandonando a organização em 1926, após
desavenças com diversos países e uma série de frustrações. A principal decepção
deveu-se ao fato de o Brasil não receber o reconhecimento que considerava
merecer por ser o representante da América na falta dos Estados Unidos.
Surgimento de novos países
Após a Grande Guerra, quatro impérios
desmoronaram: Alemão, Austro Húngaro, Russo e Otomano. Deles surgiram uma série
de novos países, como Polônia, Tchecoslováquia, Iugoslávia, Áustria, Hungria,
Estônia, Lituânia e Letônia.
Assim, uma das consequências da Primeira
Guerra Mundial foi a nova divisão política europeia, que redesenhou o mapa do
continente. A figura abaixo demonstra a mudança nos territórios após o
conflito.
Prejuízos socioeconômicos
Uma das principais consequências da Primeira
Guerra Mundial foi o número de mortes. Ao todo, cerca de 13 milhões de soldados
e civis morreram no conflito e outros 20 milhões foram feridos ou mutilados.
Esses números absurdos – que são justificados pelos novos armamentos
construídos com avanço tecnológico da Revolução Industrial – levam o conflito a
ser chamado de a “Grande Guerra”.
Tantas mortes e ferimentos não impactaram
apenas a moral dos países, mas também geraram consequências econômicas, pois os
Estados perderam significativas parcelas da população masculina ativa. A
Áustria-Hungria perdeu 17,1% dos homens economicamente ativos, enquanto a
Alemanha e a França tiveram baixas de 15,1% e 10,5%, respectivamente. Também na
Alemanha, a sociedade civil sofreu imensamente com a guerra. Milhares de mortes
foram causadas pela fome. A escassez de alimento não era justificada apenas
pelas sanções internacionais impostas ao país, que prejudicavam a importação, mas
também pelo fato de a indústria voltar-se completamente à guerra durante o
conflito.
Além das perdas humanas, os prejuízos
materiais foram imensos. A infraestrutura dos países europeus foi profundamente
afetada e a crise econômica causada pelos altos custos da guerra geraram
desemprego e fome. Tanta instabilidade política e social possibilitou a
ascensão de regimes totalitários que consistiram em outro ingrediente
fundamental para a Segunda Guerra Mundial.
As consequências da Primeira Guerra Mundial
para as mulheres
Dentre as consequências da Primeira Guerra
Mundial também está o aumento de número de mulheres trabalhando, principalmente
nas indústrias. Como os homens eram enviados à guerra, cabia à parcela feminina
da população assumir os postos de trabalho desocupados. Deve-se ressaltar que
as mulheres – principalmente de camadas mais pobres da sociedade – já
trabalhavam antes. A guerra levou ao aumento desse número, passando a abranger
mulheres da classe média também.
A elevação do número de mulheres nas
indústrias ainda é explicado pelo fato de guerras alterarem o eixo da economia
– que passa a produzir produtos necessários ao conflito – e não levam à
suspensão dessas atividades.
Contudo, não foi só na indústria que o número
de mulheres ativas cresceu. Outras tarefas tipicamente “masculinas” passaram a
ser exercidas pela população feminina, como o papel de agentes de trânsito e
policiais. Deve-se observar que o número de voluntárias para atuar como
enfermeiras na guerra também foi expressivo. Além disso, as mulheres ainda
tomaram as rédeas da produção camponesa em muitos países.
Segundo o historiador Benjamin Ziemann, 44%
das granjas bávaras (um povo que habitava a atual República Tcheca) eram
administradas por mulheres. A França também viu cerca de 800 mil mulheres
coordenarem as propriedades agrícolas e outras 400 mil atuarem na indústria
armamentista. O Ministério de Trabalho francês estima que, em 1917, o número de
mulheres atuando no comércio e na indústria era 20% maior do que antes da
Primeira Guerra Mundial. Já no Reino Unido, essa estimativa atinge os 50%.
Mesmo as mulheres tornando-se essenciais à
economia, elas não recebiam o mesmo que seus colegas homens. A desigualdade
salarial entre homens e mulheres, que persiste até hoje, tornou-se mais
gritante depois do fim da guerra, quando houve um retorno da população
masculina aos países. Além de ganharem menos, muitas mulheres ainda foram
demitidas e proibidas de trabalhar. Assim, mais uma das consequências da
Primeira Guerra Mundial foi os protestos pela emancipação feminina e o
crescimento do movimento feminista.
Entender as causas e consequências da
Primeira Guerra Mundial é essencial para compreender o longo século XX. A forma
como os países se relacionaram após o conflito – com as punições à Alemanha e o
fracasso da Liga das Nações – contribuiu para estourar a Segunda Guerra
Mundial. Mas não foram apenas as Grandes Guerras que marcaram o século XX. Foi
também nesses 100 anos que o mundo viveu a Crise de 1929 – que revelou uma
faceta obscura do capitalismo –, a Revolução de Russa e a formação da União
Soviética, que viria a protagonizar a Guerra Fria junto aos Estados Unidos.
0 Comentários