Cruzadas: o que foram e como são vistas?
Escrito por Danniel Figueiredo/Portal Politize!
Você já ouviu
falar de um movimento que levou milhares de cavaleiros e plebeus a seguirem
seus reis por grandes distâncias para lutar contra um inimigo que, na visão
deles, colocava em risco toda a estrutura de seu mundo? Não estamos falando da
luta contra os white walkers, da ficção Game of Thrones, mas das Cruzadas, uma
série de expedições militares reais que partiram da Europa nos séculos XI e XII
da era comum, com o objetivo de reconquistar territórios, sobretudo na região
da Palestina, tida como Terra Santa para os cristãos na época.
Mesmo não
se tratando da história escrita por George Martin, e, definitivamente, não
envolvendo três dragões, o movimento das Cruzadas também envolveu uma série de
disputas políticas, interesses diversos, massacres impiedosos e acontecimentos
inesperados e pode ser enxergado sobre uma série de perspectivas diferentes.
Nesse texto, nós do Politize! trazemos alguns elementos que tornam as Cruzadas
um dos acontecimentos mais enigmáticos da história.
O que foram as Cruzadas?
Essa história
começa no dia 27 de novembro do ano de 1.095, na cidade francesa de Clermont.
Ali, o então Papa Urbano II, autoridade máxima da Igreja Católica – uma das
instituições mais poderosas da época – lançou um chamado para os cristãos
ocidentais. O chamado para abandonar familiares e partir em uma missão na qual
muitos pereceriam, em prol de um objetivo muito pouco provável de ser
alcançado, em um lugar no qual a grande maioria deles nunca tinha estado. O que
você faria em uma situação assim?
A
convocação se materializou no chamado Discurso de Clermont. Marcado por fortes
elementos religiosos, uma constante tentativa de desumanização do inimigo
contra o qual tentava mover multidões e em busca de uma união que superasse as
divergências das disputas políticas entre os reinos, o discurso teve forte
impacto sobre os cristãos europeus. Que tal dar uma olhada em alguns de seus
trechos?
Dos
confins de Jerusalém e da cidade de Constantinopla, uma estória horrível tem se
propagado e muito frequentemente chega aos nossos ouvidos. A estória de uma
raça do reino dos Persas, uma raça amaldiçoada, uma raça profundamente alienada
de Deus, uma geração que não dirigiu seu coração e não confiou seu espírito a
Deus, invadiu as terras daqueles cristãos e as despovoou por espada, fogo e
pilhagem. Eles levaram alguns dos cativos para dentro de seu próprio país e
alguns foram mortos por torturas cruéis. […] Quando eles querem torturar
pessoas até a morte, eles perfuram seus umbigos e arrancam seus intestinos […]
outros são pregados em postos e perfurados com flechas […]
De quem é
o trabalho de vingar esses erros e recuperar esse território, se não de vocês?
[…] Se vocês se sentem presos pelo amor de seus filhos, pais e esposas, lembrem
o que Deus diz no Evangelho “aquele que ama seu pai e sua mãe mais do que a
mim, não é digno de mim” […]
Quando um
ataque armado for feito ao inimigo, deixe esse grito ser levantado por todos os
soldados de Deus: “Esta é a vontade de Deus! Esta é a vontade de Deus!”
[…] (Discurso do Papa Urbano II – Tradução
do autor)
O contexto da Primeira Cruzada
É
interessante pensarmos em qual o contexto no qual o Papa Urbano II proclamou
esse discurso inflamado que deu início a primeira de muitas Cruzadas.
Quando
Urbano II se tornou papa, a cristandade estava dividida entre a Igreja Católica
Apostólica Ortodoxa (também chamada Igreja Grega ou Igreja de Constantinopla) e
a Igreja Católica Apostólica Romana, fruto do cisma que aconteceu no ano de
1053, no qual os líderes da Igreja de Constantinopla e da Igreja Romana
excomungaram (baniram) um ao outro.
O próprio
papado de Urbano também estava ameaçado, em meia a longa rivalidade com o
Império da Alemanha, no momento, Sacro Império Romano – Germânico (não sem
razão seu discurso foi feito na França). Dessa forma, a convocação de uma Cruzada
era extremamente conveniente para restabelecer a autoridade papal e tentar
crescer como autoridade máxima da Igreja.
Ao mesmo
tempo, o Império Bizantino, no qual se localizava Constantinopla e a Igreja
Ortodoxa vinha sofrendo derrotas para tribos turcas (Seljuks) que avançavam
sobre seu território. Um chamado de apoio de exércitos europeus era mais que
bem-vindo, sobretudo por serem esses mesmos Seljuks os detentores do controle
em Jerusalém naquele momento. Uma Cruzada bem sucedida preservaria o próprio
Império Bizantino. Vale lembrar que Jerusalém em si, o principal alvo da
expedição, estava sob o controle do Islã há cerca de 400 anos.
Mesmo em
meio a todos os custos, aos que seguissem na Cruzada, o papa prometia a
salvação eterna e a redenção dos pecados. Aos que recusassem o “chamado de
Deus”, o inferno era uma grande possibilidade. Muitos buscaram essa salvação,
muitos outros foram obrigados a ir por conta de obrigações para com seus
barões. Outros tantos buscavam pagamentos de dívidas, o perdão de sua
excomunhão ou mesmo construir prestígio em batalha. E outros ainda tiveram seus
próprios motivos.
De uma
forma ou de outra, entre cavaleiros, plebeus, homens, mulheres e crianças, por
mais que não tenhamos como averiguar os números exatos, estima-se que cerca de
30.000 a 150.000 pessoas marcharam para Jerusalém.
Vejamos
um pouco mais sobre as características desses movimentos, do primeiro ao
oitavo. Vale lembrar que o termo Cruzadas tem origem na palavra “Cruz” e passou
a ser utilizado apenas no século XVII.
As Cruzadas
Do século
XI ao século XIII aconteceram cerca de oito grandes Cruzadas, diferentes em
datas, em personagens e mesmo em objetivos, mas que partilhavam a
característica com a qual essa história foi iniciada: a crença na unidade da
cristandade em torno de um inimigo comum (ao menos na perspectiva dessa mesma
cristandade).
Com o
tempo também foram sendo estabelecidas rotas mercantis simultâneas às Cruzadas
e o comércio em torno do Mediterrâneo – que seria um grande trunfo posterior,
sobretudo para as cidades italianas – foi sendo construído. Deixemos os
detalhamentos dessa história, contudo, para uma outra oportunidade e lancemos
nosso foco às multidões em movimento na Europa.
A primeira Cruzada (1095 – 1099)
Uma vez
que Urbano II lançou o chamado e este se propagou pela Europa, as multidões
partiram rumo a Constantinopla. O então imperador do império Bizantino, Alexius
I, ofereceu apoio aos Cruzados em troca de que as terras retomadas por eles
fossem devolvidas ao Império Bizantino, o que nem sempre ocorreu.
Até a
chegada em Jerusalém, foram três as conquistas mais significativas de cidades
obtidas pelos Cruzados no caminho: a cidade de Nicaea (então capital do sultão
Seljuk), em 1097, que retornou ao controle do Império Bizantino; a cidade de
Edessa, em 1098, que, diferente da primeira, se tornou o primeiro reino latino
nas terras sagradas para os cristãos, sob o comando de Baldwin of Boulogne; e a
cidade de Antioch, também em 1098, que se tornou o segundo reino latino.
Em 7 de
junho de 1099, um exército liderado por nomes como Godfrey de Bouillon (Duque
de Lower Lorraine); Raymond (Conde de Toulouse); Robert (Duke da Normandia) e
Robert (Conde de Flanders) iniciou um cerco à Jerusalém, que durou cinco
semanas e resultou em escassez de recursos e uma série de ataques reprimidos às
bem defendidas muralhas de Jerusalém.
Apenas no
dia 13 de julho de 1099, um grupo liderado por Godfrey de Bouillon conseguiu
adentrar as muralhas e permitir a entrada do exército Cruzado. Grande parte da
má reputação que as Cruzadas possuem hoje resulta dos massacres e torturas de
muçulmanos e judeus que se seguiram. No dia 22, quando as lutas terminaram,
Godfrey foi eleito o governante de Jerusalém, tendo morrido no ano seguinte, sendo
sucedido por seu Irmão Baldwin I.
No dia
12, com uma nova vitória em Ascalon, a conquista estava assegurada. Muitos dos
combatentes, após esse acontecimento, retornaram para seus lares na Europa. É
interessante notar que o próprio Urbano II morreu em julho de 1099, sem nunca
ter conhecido a vitória da Cruzada que incentivou.
A segunda Cruzada (1145 – 1148)
Em meio
as baixas defesas nas cidades recém conquistadas, muito por conta do retorno
para a Europa de boa parte dos combatentes, em dezembro de 1144 se iniciaram
novas ofensivas turcas. Edessa foi a primeira a ser cercada e seus habitantes
foram assassinados.
Essa foi
a deixa para a autorização de uma nova Cruzada pelo Papa Eugênio III. Contudo,
mais do que o Papa, o grande nome na construção dessa Cruzada é o de Bernard de
Clairvaux, um grande nome da igreja na época. Estima-se que 50.000 voluntários
formaram grandes exércitos, liderados por Luís VII da França e Conrado III da
Alemanha (que não se davam bem entre si).
Com
grandes derrotas, sobretudo em Dorylaeum, em 1147 e em Damasco, em 1148, a
Segunda Cruzada é considerada um grande fracasso.
A terceira Cruzada (1187 – 1192)
Esse não
era o melhor dos momentos para os cristãos da Europa. Se, por um lado, crescia
no Egito o nome de Saladino, que viria a se tornar um dos maiores algozes dos Cruzados, na própria Europa França e
Inglaterra estavam mais preocupadas em lutar entre si do que eu recuperar a
“Terra Santa”.
Em
outubro de 1187, Saladino cercou e tomou Jerusalém. Segundo a maioria dos
relatos, apesar de atitudes provocativas, Saladino teria permitido que a grande
maioria dos então habitantes da cidade fosse resgatada com vida. Suas
conquistas, contudo, não pararam por aí e outros tantos castelos Cruzados foram
tomados.
O Papa
Gregório VIII realizou então o chamado por uma nova Cruzada e três das figuras
mais importantes da época responderam: Ricardo Coração de Leão, da Inglaterra;
Philip (Augustus) II, da França e Frederick Barbarossa, da Alemanha.
Frederick
morreu afogado no caminho para a Terra Santa, em 1190. Ricardo e Philip
conquistaram a cidade de Acre em 1191. Em seguida, foram conquistadas as
cidades Arsuf e Jaffa, em 7 e 19 de setembro daquele mesmo ano.
Em meio
ao cerco de Jerusalém, contudo, Ricardo recebeu a notícia de que seu irmão John
estaria tramando com Philip da França contra ele. Ricardo então assinou uma
trégua de 3 anos com Saladino e partiu para tentar recuperar o controle de seu
país. Acabou morto em batalha, contudo, na França, em 1194. Já Saladino morreu
em 1193, seis meses após a assinatura do acordo com Ricardo.
A quarta Cruzada (1202 – 1204)
A quarta
Cruzada não resultou em ganhos nas terras santas, mas apenas na captura de uma
pequena cidade grega no Mar Adriático e saques ao próprio Império Bizantino, na
cidade de Constantinopla.
Ela
surgiu do chamado do Papa Inocêncio III, em 1198, sob as mesmas promessas já
relatadas de “salvação eterna”. O próprio papa, contudo, não teve poder para
definir onde se dariam ou não os ataques e a Cruzada acabaram fazendo parte de
uma guerra pela coroa do Império Bizantino.
A quinta Cruzada (1217 – 1221)
Em 1217,
o papa Honório III lançou o pedido por uma nova Cruzada, com o apoio do Rei da
Hungria e do Duque da Áustria. O foco dessa Cruzada era atacar o centro de
poder muçulmano no Egito, para, uma vez desmontada a capacidade de
contra-ataque muçulmano, recuperar Jerusalém.
Cerca de
300 navios partiram ao Egito e conquistaram a cidade de Damietta, em 1218. Em
1221 tentaram avançar pelo Rio Nilo, mas o sultão inimigo conseguiu forçar um
recuo e recuperar Damietta ainda naquele ano.
Francisco
de Assis foi capturado durante essa Cruzada, mas o sultão permitiu que ele
retornasse aos Cruzados.
A sexta Cruzada (1228 – 1229)
Incrivelmente,
após uma série de fracassos, a sexta Cruzada pode ser vista como uma das mais
vitoriosas. Dessa vez, contudo, não teve origem no pedido de um papa, mas no
Sacro Imperador Romano Frederick II, que havia sido excomungado pelo Papa
Gregório IX por não ter se juntado à Quinta Cruzada.
Apesar
disso, viajou com um exército para as Terras Santas em 1228 e negociou com o
Sultão do Egito, conseguindo as cidades de Jerusalém, Jaffa, Belém e Nazaré.
(Tratado de Jaffa de 1229). Com isso, Frederick se proclamou Rei de Jerusalém.
A cidade foi mantida até 1244, quando um grupo de Turcos Khwa-razmian a
reconquistou. Os Cruzados não voltaram a ter o controle de Jerusalém após esse
episódio.
A sétima Cruzada (1248 – 1250)
Assim
como a oitava Cruzada, foi liderada por Luis IX, após um pedido do Papa
Inocêncio IV, no Conselho de Lyon, em 1243. Luís atendeu o chamado em 1244 e
passou quatro anos planejando sua Cruzada.
A
estratégia seguida foi a mesma da quinta: o ataque ao Egito. Em 1249 foi
realizado o ataque à Damietta, que foi capturada. O exército seguiu então, pelo
Nilo, em direção a Cairo. Em 1250 foram derrotados na Batalha de Mansura e
cercados. O resgate foi uma elevada quantia em ouro e a devolução de Damietta.
Embora a maior parte dos europeus houvesse retornado à Europa após essa
derrota, Luis permaneceu em sua Cruzada, ajudando a reconstruir uma fortaleza
cristã na Síria, até 1254, quando na ocasião da morte de sua mãe, retornou à
França.
A oitava Cruzada (1267 – 1272)
Em 1260,
os Mamelucos, um grupo altamente treinado de soldados turcos, liderados por
Bairbars, cresceram em meio as terras Palestinas. Em 1268 eles haviam
conquistado territórios consideráveis, como Antioch e Jaffa, com o massacre dos
habitantes.
Luis IX
novamente lançou seu exército em Cruzada, mas os esforços tiveram logo um fim
em agosto de 1270, em meio a doenças que resultaram na morte de grande parte do
exército, incluindo Luis.
Após essa
derrota, o espírito Cruzado não conseguiu retomar força na Europa e em 1291, o
último grande bastão dos Cruzados em sua Terra Santa, o castelo de Acre, caiu.
A isso se seguiu uma debandada nos castelos restantes menores e o fim das grandes
Cruzadas na Europa.
As Cruzadas nas perspectivas dos Muçulmanos
e por um
lado até aqui trouxemos a visão das Cruzadas sob o olhar dos cristãos da
Europa, não podemos deixar de comentar também as visões do conflito por parte
do outro lado, os Muçulmanos, que acabaram sendo os grandes vitoriosos ao
final.
Para
isso, trazemos os pontos principais da entrevista realizada pelo canal History
Channel aos acadêmicos Paul M. Cobb, professor de História Islâmica na
Universidade da Pennsylvania, e autor do livro Race for Paradise: An Islamic
History of the Crusades, e Suleiman A. Mourad, professor de religião no Smith
College e autor do livro The Mosaic of Islam.
Perspectivas Cronológicas e Geográficas
De acordo
com Paul Cobb, cronologicamente, os registros das Cruzadas por parte dos
muçulmanos não são os mesmos dos europeus pois eles não reconhecem as Cruzadas.
Assim, momentos como o início em 1095, com o Discurso de Clermont ou o final
com a queda de Acre em 1291 não são tão relevantes. Para eles, o início dos conflitos é anterior,
por volta de 1060, e o final é apenas com a conquista de Constantinopla pelo
Império Otomano, no século XV.
Geograficamente,
o evento é percebido como um assalto aos principais centros muçulmanos no Mar
Mediterrâneo: Espanha, Norte da África, Sicília e a atual região da Turquia,
que permaneceu por centenas de anos.
A civilização medieval islâmica e a comparação com a Europa
Para
Suleiman, a Civilização Islâmica viveu, dos séculos IX ao XIV, seus anos de
ouro, de Bagdá a Damasco a Cairo. Houveram grandes avanços na matemática,
astronomia e medicina. Um exemplo é o físico Ibm al-Nafis que foi o primeiro a
descrever a circulação sanguínea pulmonar.
As
próprias ideias da filosofia grego romana também estavam sendo resgatadas e
repensadas.
Na visão
de Paulo Cobb, a civilização muçulmana era maior, mais urbanizada, mais
saudável e com maior riqueza cultural que a cristã. Bagdá possuía centenas de
milhares de habitantes enquanto cidades como Paris e Londres tinham cerca de
20.000 cada. A perspectiva dos ataques, então, é de um povo de uma região
marginal e subdesenvolvida (Europa cristã) atacando a região de maior
patrimônio cultural do mundo naquele momento (mundo muçulmano).
A importância de Jerusalém
Conforme
nós já dissemos para você em nosso texto sobre Jerusalém, ela também é uma
cidade sagrada dos muçulmanos. Mais precisamente, uma das três, ao lado de Meca
e Medina. Na visão de Suleiman, contudo, nos momentos de controle muçulmano,
era permitido a outros grupos conviver nas cidades sagradas.
O legado das Cruzadas para os Muçulmanos
Nas
exatas palavras de Suleiman
O legado
das Cruzadas no mundo é que os muçulmanos pensam onde estão hoje em termos da
invasão ocidental. Para alguns, as Cruzadas são vistas não somente como uma
ameaça medieval, mas presente. Uma tentativa constante de sobrepor o Islã.
As ordens de cavaleiros
Por fim,
em meio a tantos acontecimentos, não podemos deixar de mencionar as três ordens
de cavaleiros em torno das quais muitos mitos e lendas foram construídos ao
longo dos séculos. Os Templários, os Teutônicos e os Hospitaleiros.
A Ordem
dos Cavaleiros Templários: fundada em 1118 para proteger os peregrinos que
viajam à Terra Santa, se tornou uma das figuras centrais nas Cruzadas, com
cerca de 20.000 cavaleiros mortos. Os Templários respondiam apenas às ordens do
Papa em pessoa. A ordem cresceu muito, até que nos anos 1300 foram acusados
pela Igreja, em meio a uma série de dívidas que as coroas tinham para com eles,
de negarem a Cristo e cultuarem outros deuses. No Concílio de Viena de 1312 a
ordem foi oficialmente dissolvida e as dívidas que existiam para com ela,
anuladas.
A Ordem
dos Cavaleiros Teutônicos: Formada sobretudo por nobres alemães, ela foi
fundada em Acre em 1190. Em 1198 se tornaram uma ordem militar, com as famosas
túnicas brancas e cruzes pretas.
A Ordem
dos Cavaleiros Hospitaleiros: formada em 1110 por monges guerreiros. Foram
responsáveis por grandes avanços na enfermagem, mas também foram uma ordem
militar. Começaram em Jerusalém, mas logo se moveram para Acre (1187), Cyprus
(1291), Rhodes (1310) e Malta (1530). Em 1798 foram expulsos de Malta por
Napoleão, mas ainda existem hoje como os Cavaleiros de Malta.
Uma história de múltiplas perspectivas
Como você
pode ver, a história das Cruzadas e uma história centenária, com milhares de
atores, relações e perspectivas.
Tentamos
trazer para você os principais elementos para um entendimento inicial, mas a
história em si é bem mais complexa do que isso e é acompanhada de centenas de
lendas e mitos que foram sendo construídos ao longo dos séculos.
Como você
deve ter notado, de ambos os lados do conflito faltava conhecimento a respeito
do outro lado e os discursos de desumanização, de “nós e eles” foram alguns dos
principais elementos responsáveis pelos grandes massacres perpetrados pelos
dois lados.
Em tempos
de nova polarização entre o Ocidente e o mundo muçulmano, aprender com o
passado e buscar ouvir e compreender os dois lados da história antes de tirar
conclusões precipitadas e recorrer a extremismos é um dos principais legados
que um estudo das Cruzadas pode nos deixar.
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