Escrito por Camila Luz /Portal Politize!
O que são mudanças climáticas?
Se você
tem o costume de acompanhar notícias ou ainda está na escola, provavelmente já
ouviu falar de termos como mudanças climáticas, aquecimento global e efeito
estufa. Tais questões ambientais já causam impactos no meio ambiente e, no
futuro, podem provocar catástrofes com potencial para acabar com a vida na
Terra como conhecemos.
Mas o que
significam esses termos e qual a relação entre eles? Será que são sinônimos? E
qual o papel do ser humano nessas questões? Vamos entender!
Efeito estufa e aquecimento global
A partir
do final do século 18, com a Revolução Industrial, a produção industrial
começou a crescer rapidamente. O número de fábricas multiplicou e o consumo de
bens materiais cresceu, como por exemplo o uso de automóveis. Na época, as principais
atividades eram movidas pela queima de combustíveis fósseis, como carbono, gás
e petróleo – é essa queima de combustíveis que é responsável pela emissão de
dióxido de carbono (CO2) na atmosfera. Assim, desde então, de acordo com a
World Wide Fund for Nature (WWF), as emissões de CO2 aumentaram em 34%.
Já no
século 19, havia a consciência de que o dióxido de carbono acumulado na
atmosfera poderia criar um “efeito estufa” – além do CO2, ele também é causado
por gases como o metano (CH4) e óxido nitroso (N2O) que, ao convergirem na
atmosfera, provocam uma proteção especial contra os raios solares nocivos.
Assim, a
Terra consegue manter a sua temperatura média global, que hoje varia entre 14ºC
e 15ºC ou seja, esse fenômeno é também natural e garante a existência da vida
na Terra. Afinal, se não houvesse essa proteção, os raios solares iriam
refletir na superfície do planeta e retornar ao espaço, reduzindo a temperatura
média para aproximadamente -18ºC. Ou seja: nada de vida por aqui.
No
entanto, o aumento da emissão de gases desde a Revolução Industrial causou o
espessamento da camada formada pelo efeito estufa, retendo mais calor na Terra.
Portanto, o grande problema não é o fenômeno natural, e sim o agravamento dele.
O efeito estufa agravado, por sua vez, causa o aquecimento global – que é
simplesmente o aumento da temperatura da atmosfera terrestre e dos oceanos.
Hoje, a
concentração de CO2 na atmosfera supera os valores registrados nos últimos 20
milhões de anos. Também segundo a WWF, se o crescimento demográfico e o consumo
energético mantiverem os níveis atuais, baseando o seu funcionamento na
utilização de combustíveis fósseis, a situação irá piorar consideravelmente:
antes de 2050 as concentrações de dióxido de carbono terão duplicado em relação
às registradas antes da Revolução Industrial.
E o que são mudanças climáticas?
Qual é,
então, a diferença entre aquecimento global e mudanças climáticas? Segundo a
Administração Oceânica e Atmosférica dos Estados Unidos, o aquecimento global
diz respeito apenas ao aumento da temperatura superficial da Terra. Já as
mudanças climáticas incluem esse aquecimento e todos os “efeitos colaterais”
que ele causa, como derretimento das geleiras, tempestades intensas e seca mais
frequente.
Além disso,
as mudanças climáticas englobam tanto as alterações causadas pela natureza,
quanto pelo homem. Elas ocorrem naturalmente, por exemplo, por mudanças na
radiação solar e nos movimentos orbitais da Terra. O aquecimento global, por
outro lado, normalmente se refere somente às interferências causadas pelo ser
humano.
Quais são as consequências das mudanças climáticas?
Segundo o
Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), as décadas a partir de 1990
foram as mais quentes dos últimos 1.000 anos. Nos próximos 100 anos, poderá
haver um aumento da temperatura média global entre 1,8ºC e 4,0ºC. Parece pouco,
mas os impactos que tal variação poderá causar são graves.
Além
disso, o nível do mar poderá se elevar entre 0,18m e 0,59m, o que pode afetar
significativamente as atividades humanas e os ecossistemas terrestres.
Vamos conhecer algumas dessas consequências que já se tornaram
realidade?
Na
Europa, uma onda de calor no verão de 2003 resultou em mais de 30 mil mortes.
Já na Índia, em 2015, as temperaturas chegaram a 48ºC e também provocaram
milhares de mortes.
Se o
planeta continuar esquentando, a tendência é que as ondas intensas de calor
continuem ocorrendo e até se agravem.
Eventos
extremos, como tempestades tropicais, inundações, ondas de calor, secas,
nevascas, furacões, tornados e tsunamis devem se tornar mais frequentes,
podendo ocasionar a extinção de espécies de animais e plantas. Em 2005, por
exemplo, a ferocidade do furacão Katrina nos Estados Unidos foi atribuída, em
grande parte, à elevada temperatura das águas no Golfo do México.
As
mudanças climáticas também podem causar alterações na superfície terrestre,
provocando a mutação de terrenos. Em 2008, 160 km² de território se separaram
da Costa Antártica e derreteram. O derretimento de calotas polares e o aumento
do nível do mar podem ocasionar o desaparecimento de ilhas e cidades litorâneas
densamente povoadas.
Todas
essas consequências podem, ainda, ameaçar a segurança alimentar no planeta. O
aumento de apenas 1ºC na temperatura média da Terra poderá danificar
especialmente plantações de milho e arroz nos trópicos, alerta o International
Panel on Climate Change. A extinção de algumas espécies, portanto, não está
descartada.
Como o ser humano contribui para as mudanças climáticas?
Para 378
cientistas membros da National Academy of Sciences (Estados Unidos), os seres
humanos são responsáveis pelas mudanças climáticas. Em 2016, eles publicaram
uma carta aberta na qual dizem o seguinte:
“A
mudança climática causada pelo homem não é crença, farsa ou conspiração. É uma
realidade física […] Combustíveis fósseis alimentaram a Revolução Industrial.
Mas a queima de petróleo, carvão e gás também causou a maior parte do aumento
histórico em níveis atmosféricos de gases do efeito estufa que retêm calor.
Este aumento de gases do efeito estufa está mudando o clima da terra”.
Como
mencionado, a queima de combustíveis fósseis é uma das principais atividades
humanas que contribuem para as mudanças climáticas. Mas outros fatores, como a
agropecuária, desmatamento, o descarte de resíduos sólidos e a conversão do uso
do solo (transformando a vegetação natural para fazer pasto, por exemplo)
também estão diretamente relacionados ao aumento da temperatura do planeta e
suas consequências.
Todas
essas atividades emitem grande quantidade de CO2 e de gases formadores do
efeito estufa.
O Brasil
é, infelizmente, um dos líderes mundiais em emissões de gases do efeito estufa.
No nosso país, elas são causadas sobretudo pela conversão do uso do solo e pelo
desmatamento. Isso ocorre porque as áreas de florestas e os ecossistemas
naturais são grandes reservatórios e sumidouros de dióxido de carbono, tendo
assim grande capacidade de absorver e estocar esse gás.
Quando
ocorre o desmatamento ou um incêndio florestal, o carbono é liberado para a
atmosfera. Além disso, as emissões dos gases do efeito estufa pela agropecuária
e geração de energia também vêm aumentando consideravelmente nos últimos anos
por aqui.
O Acordo de Paris e a tentativa de combate às mudanças climáticas
A carta
publicada pelos 378 cientistas queria chamar atenção para o Acordo de Paris, o
tratado mais recente e importante sobre o tema. Assinado em 22 de abril de 2016
na Assembleia das Nações Unidas, seu objetivo é conduzir um processo para
diminuir significativamente a emissão de gases causadores do efeito estufa.
Além
disso, estabelece um objetivo importante: manter o teto do aquecimento global
abaixo de 2ºC, preferencialmente abaixo de 1,5ºC.
Naquela
data, 175 países assinaram o acordo, incluindo o Brasil. Hoje, 195 Estados já o
ratificaram, o que significa que se comprometem a colocar em prática as
alterações sugeridas pelo acordo.
Os países
signatários devem, obrigatoriamente, monitorar e reportar suas emissões de
gases. Mas fica a cargo de cada nação estabelecer suas próprias metas,
atualizando-as a cada cinco anos.
Outro
acordo bastante importante foi o Protocolo de Kyoto, firmado em 1997 durante a
3ª Conferência das Partes da Convenção das Nações Unidas sobre Mudanças
Climáticas. Ele também foi criado com o objetivo de reduzir a emissão de gases
poluentes responsáveis pelo aquecimento global.
No caso
do Protocolo de Kyoto, os países desenvolvidos teriam maior responsabilidade na
redução de emissões, já que contribuíram com mais de 150 anos de atividade
industrial que elevaram a emissão de gases. Para que cumprissem o objetivo,
teriam de reduzir de forma drástica as emissões, o que poderia diminuir o
crescimento econômico. Os Estados Unidos, por exemplo, assinaram o acordo, mas
não o ratificaram.
O país
norte-americano, inclusive, se retirou do Acordo de Paris em 2017 sob o mandato
do presidente Donald Trump. Ele alegou que foi eleito para governar os cidadãos
dos Estados Unidos, o que faz parte da sua política chamada “America First”.
Sua decisão foi amplamente criticada por líderes políticos, empresários e
ambientalistas do mundo todo – afinal, os Estados Unidos se manteve durante
décadas como o maior emissor de gases de efeito estufa. como aponta o World
Resources Institute.
Mudanças climáticas: há quem discorde
Uma das
motivações de Trump para deixar o Acordo do Paris é o questionamento sobre a
veracidade do aquecimento global. O presidente já o questionou pelo Twitter,
por exemplo – atitude que foi bastante rechaçada por cientistas.
Assim
como Donald Trump, há quem duvide do aquecimento global. Os motivos são
diversos. Para o presidente dos Estados Unidos, por exemplo, não há evidências
reais. As diversas evidências divulgadas seriam criadas para influenciar a
opinião pública e prejudicar a economia de países como os EUA. Afinal, é
preciso adotar uma série de mudanças políticas, sociais e econômicas para
combatê-lo.
Outro
argumento utilizado por cientistas e estudiosos que discordam que o aquecimento
global é um fenômeno não natural e prejudicial para o planeta é de que o
aquecimento global não seria causado pelo gás carbônico e pela ação humana, e
sim pela própria radiação solar. O sol tem ciclos, nos quais sua variação de
energia pode ser máxima ou mínima. Tal radiação seria responsável por aquecer
ou esfriar o planeta.
Assim
como o sol tem ciclos, o clima da Terra também. O planeta já passou por
diversos momentos, como a Era Glacial e períodos de temperatura média mais
elevada. As novas mudanças climáticas seriam, assim, uma consequência natural
dos ciclos do planeta. Há, ainda, quem não acredite na ciência ou questione as
evidências, pois ainda há discordâncias entre os cientistas sobre as causas e
possíveis impactos das mudanças climáticas.
No
documentário “A grande farsa do aquecimento global”, produzido em 2007, o
diretor Martin Durkin realizou uma série de entrevistas com economistas,
cientistas, políticos e outros céticos para traçar a ideia de que o consenso
científico atual sobre o aquecimento global tem muitas falhas. De acordo com as
conclusões exibidas no filme, a construção das mudanças climáticas seria
motivada por interesses econômicos e políticos, como a promoção da energia
solar e eólica na África em vez de combustíveis fósseis, impedindo o
desenvolvimento do continente.
Contudo,
esse pensamento ainda é minoria no cenário científico, pois, segundo a NASA, há
97% de consenso entre a comunidade científica sobre as mudanças climáticas e os
impactos causados pelo homem.
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