Revolução Francesa: etapas, causas e consequências
Escrito por Raphael Corradini /Portal Politize!
Em 1789,
acontecia na França a revolução que marcaria o fim da Idade Moderna e início da
Idade Contemporânea. A Revolução Francesa causou a queda de uma monarquia, o
enfraquecimento da Igreja e o fim da aristocracia. Entretanto, essa foi apenas
uma das revoluções que ocorreram no mundo entre os séculos XVIII e XIX, mas por
que ela é considerada um marco da história francesa e mundial?
Vamos
entender, mas para isso, primeiro precisamos compreender o que não ia bem no
reino da França em 1789 para que a revolução acontecesse. Veremos que durante
as décadas anteriores à Revolução, alguns fatores sociais, políticos e
econômicos serviram de fagulhas para o “espírito da Revolução” e foram
essenciais para culminar nos acontecimentos que conhecemos como a “Revolução
Francesa”.
As causas da Revolução Francesa
A
Revolução Francesa não aconteceu sem aviso na história da França, tampouco a
forma de pensar que norteou os ideais dos revolucionários surgiu do dia para a
noite. Entretanto, nem Luis XVI nem a Igreja estavam preparados para o que se
iniciou em 1789 e se estendeu até o último ano do século XVIII. Podemos
mencionar 4 como sendo as causas principais da revolução:
O
pensamento iluminista;
A
influência da Revolução Americana na economia e no imaginário da França;
A
desigualdade entre diferentes grupos sociais;
Uma
grande crise econômica que gerou fome e mortes.
Todas
essas razões estão ligadas entre si, mas vamos entender o que foi cada uma.
O Iluminismo e o Século das Luzes
O Século
das Luzes, como ficou conhecido o século XVIII, foi um período com grandes
mudanças na forma como as pessoas por toda a Europa lidavam com o conhecimento,
e foi o momento do despertar de uma das correntes de pensamento mais
importantes da história: O Iluminismo.
O
Iluminismo surgiu no começo do século, e teve grande influência sobre os
intelectuais e a burguesia daquele período em toda a Europa. Esse movimento
defendia valores do humanismo e da razão, colocando o ser humano e a busca pelo
conhecimento científico como as fontes das quais deveriam emanar todo o poder e
as decisões da sociedade. No pensamento iluminista, não havia mais espaço para
monarcas com poderes absolutos nem para a crença religiosa como a fonte para
justificar estruturas de poder.
Os ideais
iluministas eram disseminados facilmente por todo o país, com textos circulando
por gazetas e folhetins. Essa corrente de pensamento prosperou entre os
intelectuais da Europa desde a França, com pensadores como Voltaire,
Jean-Jacques Rousseau, e Mostesquieu, até a Itália, Alemanha e Inglaterra, onde
viveu John Locke, o “pai do Liberalismo”. Esses nomes são conhecidos até hoje
como baluartes da liberdade e dos direitos individuais dos cidadãos.
A influência da Revolução Americana
A segunda
metade do século XVIII não foi marcada apenas pela Revolução Francesa, mas por
uma série de revoltas e revoluções ao redor do continente europeu e na América.
Antes de a revolução na França começar em 1789, a mais notável havia sido a
Revolução de Independência das colônias americanas.
Essa
revolução foi apoiada por Luis XVI, que enviou tropas francesas para ajudar
George Washington e companhia na empreitada americana de se tornar independente
da Grã-Bretanha, o principal rival político e econômico da França naquele
período. A empreitada francesa, apesar de bem vista pela população, trouxe um
prejuízo financeiro e dívida tão grandes para a coroa que obrigou Luís XVI a
fazer sucessivos aumentos de impostos ao longo das décadas de 1770 e 1780, período
em que a França já passava por uma grande crise econômica, que veremos em
breve.
A
Revolução Americana foi importante também por um motivo simbólico: fortalecer
no imaginário dos franceses os ideais de liberdade e de igualdade entre
cidadãos, em sintonia com o pensamento iluminista da época. Porém, esses
desejos cada vez mais claros do povo francês se chocavam com uma barreira
poderosa: a divisão brutal da sociedade em grupos, alguns com muitos
privilégios, e outro com nenhum. Esses grupos eram chamados de Estados.
Os três Estados na França
A França
era uma superpotência europeia no fim do século XVIII, com uma população de
aproximadamente 25 milhões de habitantes e uma das monarquias mais vitoriosas
do continente. Entretanto, existia uma desigualdade latente entre nobres,
membros da Igreja, burgueses e camponeses, e essa desigualdade existia por meio
da existência de três ordens hierárquicas distintas, conhecidas como Primeiro,
Segunda e Terceiro Estados.
O Primeiro Estado
O
Primeiro Estado francês era composto pelo clero da Igreja Católica, que ao
longo da Idade Média exerceu uma hegemonia religiosa e política na França com
poderes comparáveis aos do rei. Uma figura de destaque que representa bem o
quão forte eram os membros da Igreja é o Cardeal de Richelieu, que no início do
século XVII, como ministro do rei Luis XIII, liderou os exércitos da França em
guerras por todo do continente, como a Guerra dos Trinta Anos.
Mas o
clero não contava apenas com o poder de influenciar o rei em suas decisões, a
Igreja também era proprietário de mais de 20% das terras da França e detinha
uma fortuna significativa em ouro e outros bens.
O Segundo Estado
A nobreza
compunha o Segundo Estado francês, e era formada pelos aristocratas. Esse grupo
estava em decadência antes de a revolução começar, pois vinham de uma tradição
feudal de vassalagem que estava se dissolvendo conforme os camponeses se
tornavam livres e deixavam as terras dos senhores. Essa aristocracia, que
baseava seu poder em títulos e influência por meio de cargos públicos,
representava algo que a revolução queria derrubar: os privilégios.
O Terceiro Estado
“O que é
o Terceiro Estado? – Tudo.
O que ele
tem sido até agora na política da França? – Nada.
O que ele
quer? – Quer ser algo.”
É com
essas três frases que o escritor francês Emmanuel Joseph Sievès (03/05/1748 –
20/06/1836) iniciou seu tratado pré-revolucionário sobre o que era o Terceiro
Estado. Mas você já consegue imaginar quais cidadãos faziam parte desse grupo?
O
Terceiro Estado era composto pela burguesia que estava nascendo na França
naquele período, pelos trabalhadores das cidades e pelos camponeses, sendo que
esses últimos correspondiam a quase 80% do total da população francesa.
Os
burgueses estavam em um momento de ascensão na França durante o século XVIII,
com o fim do regime feudal e o início da urbanização. Essas pessoas eram, em
sua maioria, comerciantes e empresários, e viviam nos centros urbanos franceses
como Lyon, Bourdeaux, Marselha e Paris. Uma outra parcela desse grupo social,
também muito importante para a Revolução, eram os intelectuais, acadêmicos,
advogados e médicos, conhecidos como a ‘baixa burguesia’.
A
burguesia estava se tornando economicamente relevante na França nos anos
pré-revolução, mas não via esse mesmo crescimento acontecer com o poder
político. Antoine Barnave, um dos nomes mais importantes da Revolução, disse em
certo momento que “Uma nova distribuição da riqueza pressupõe uma nova
distribuição do poder”. Os burgueses ainda eram sub representados na corte, e
viam a aristocracia como uma inimiga, uma vez que esta continuava tendo
privilégios fiscais e políticos garantidos pelo regime, mesmo tendo cada vez
menos relevância na economia.
Os
camponeses, por sua vez, eram as pessoas sobre as quais recaiam a maior parte
dos impostos, as vezes tendo de entregar até um décimo de suas colheitas. Com o
enfraquecimento do feudalismo e do regime de servidão, os camponeses passaram a
trabalhar no campo para produzir para si próprios, e no século XVIII, o trigo
era o produto mais importante para a economia francesa, e em especial, a principal
fonte de alimentos para quem vivia no interior e nos campos.
Dá pra
imaginar que uma crise na produção de trigo seria catastrófica, e foi
exatamente isso que aconteceu.
A crise econômica da França
‘Se não
têm pão, que comam brioches”. Essa frase é atribuída à rainha Maria Antonieta,
e embora provavelmente nunca tenha sido dita de fato, representa bem a situação
em que a população francesa se encontrava em 1789 e a visão que a nobreza tinha
sobre ela.
Durante
as décadas de 1770 e 1780, a França passou por uma grande estiagem, o que gerou
uma diminuição significativa das colheitas de trigo e outros cereais, que eram
a principal fonte de alimento dos camponeses. Essa crise, em conjunto com os
sucessivos aumentos de impostos sofridos apenas pelos mais pobres, causou um
estado de miséria entre camponeses e trabalhadores das cidades no país. Houve
muitas mortes por inanição e saqueamentos, além de conflitos nas ruas por
comida.
Essa
situação obrigou o rei Luís XVI a tomar uma atitude para tentar resolver a
crise dos Franceses. A decisão do rei foi convocar a Assembleia dos Estados
Gerais. Essa Assembleia é considerada o ponto sem volta para as mudanças que
estavam por vir, e se ela não tivesse sido convocada, talvez a Revolução não
ocorresse. Ficou curioso para saber o que foi esse grande evento?
A Revolução
Assembleia dos Estados Gerais
Durante
mais de duzentos anos (desde 1614) os monarcas franceses não se utilizaram do
seu poder de convocar uma assembleia que reunisse os três estados para
deliberar sobre a política e economia da França. Foi Luís XVI quem decidiu
fazer essa convocação em 1789 para reunir e consultar representantes dos três
estados para solucionar a crise.
A Assembleia
foi marcada para ter início em 1 de Maio, e contava com 1200 delegados, sendo
metade deles representantes do Terceiro Estado, que era composto por mais de
90% da população. Uma das votações mais importantes que a Assembleia realizaria
seria sobre um novo aumento de imposto. O Clero e a nobreza queriam realizar a
votação de forma que cada Estado tivesse um voto, para que pudessem votar
juntos e se manter isentos. Já os representantes do Terceiro Estado entendiam
que suas chances de conseguir se opor à elite aristocrática só seria possível
se a assembleia seguisse a lógica de cada deputado ter um voto.
A
aristocracia venceu, e por dois votos a um, foi decidido que o terceiro Estado
sofreria um aumento de impostos, enquanto os demais permaneceriam isentos.
O juramento do jogo de pela
Na manhã
do dia 20 de Junho, com mais de um mês e meio de Assembleia disputas contínuas
entre os grupos votantes, os deputados do Terceiro Estado tiveram uma surpresa
ao chegar para a assembleia no palácio de Versalhes e encontrar as portas
trancadas para sua entrada. Os deputados então invadiram uma sala secundária do
palácio, que servia de espaço para jogo de pela, e declaram que só sairiam dali
quando tivessem em mãos uma Constituição do Estado Francês. Esse evento ficou
conhecido como o Juramento do jogo de pela, e naquele dia, os deputados do
Terceiro Estado se autodeclararam a Assembleia Nacional Constituinte da França.
Luís XVI,
aparentemente rendido pelas exigências dos representantes do terceiro estado,
aos quais haviam se juntado também alguns membros do clero e da nobreza,
decidiu por acatar a exigência dos deputados. Entretanto, ao mesmo tempo em que
a assembleia acontecia no palácio próximo a Paris, o exército da coroa se
preparava na capital para suprimir a assembleia e os representantes.
A
população parisiense, alerta para a tentativa de Luís XVI, se rebelou contra as
forças do rei. Liderados pela Milícia de Paris, um grupo composto por guardas e
membros da burguesia, os parisienses invadiram o Hospital dos Inválidos de
Paris, onde saquearam armas e equipamentos de combate e partiram para a
fortaleza da Bastilha, onde se armazenava a pólvora da cidade.
Nesse
momento, ocorreu o que se pode chamar de o início definitivo da Revolução: a
queda da Bastilha.
A queda da Bastilha
No dia 14
de Julho de 1789, a população de Paris tomou a prisão da Bastilha. Ainda hoje,
o dia 14 de Julho é o principal feriado nacional e motivo de comemorações na
França. Mas o que era a Bastilha?
A
Bastilha de Saint-Antoine, ou simplesmente Bastilha, foi uma fortificação que
durante quatro séculos esteve localizada no centro de Paris. A partir do século
XV, a Bastilha passou a funcionar como uma prisão para onde eram enviados tanto
prisioneiros de guerra quanto pessoas acusadas de crimes contra a monarquia,
como panfletagem e publicação de sátiras.
A
fortificação representou, durante todo o período em que funcionou como uma
prisão, o poder absoluto da monarquia de prender e torturar prisioneiros sem
julgamento ou direito a defesa. Muitos prisioneiros morriam de fome e frio nos
calabouços da fortificação após serem presos por ordens do rei. Apesar de
representar um símbolo do absolutismo francês, em 1789 a Bastilha servia mais
como um depósito de pólvora e armamentos do que como uma prisão, e foi por
conta dessas armas que ela foi tomada e saqueada pelos revolucionários.
A queda
da Bastilha foi rápida e a fortificação foi incendiada. Houve mortos no
confronto entre população e guardas, entre eles o diretor da prisão, que foi
decapitado e teve sua cabeça exposta em toda a cidade pelos revolucionários.
Nos dias
seguintes à tomada da bastilha, o rei cede à pressão da população francesa e
aceita a criação de uma Assembleia Constituinte Nacional, formada pelos
deputados presentes na Assembleia dos Estados Gerais, que serão responsáveis
por criar a constituição da França. O país passa então a ser uma monarquia
constitucional. Esse documento ficou conhecido como a Declaração dos Direitos
do Homem e do Cidadão.
Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão
A
declaração contava com 17 artigos que definiam os ‘direitos naturais’ dos
cidadãos, como a liberdade de expressão e de crença religiosa, e delimitavam os
poderes dos governantes e agentes do Estado. O primeiro e mais conhecido artigo
da declaração dizia:
“Os
homens nascem iguais e são livres e iguais em direitos. As distinções sociais
só podem fundar-se na utilidade comum”.
A
Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão de 1789, diferente das que já
haviam surgido na Inglaterra e Estados Unidos pós-independência, descrevia os
direitos universais dos cidadãos. Não apenas os franceses, e não apenas os
franceses que viviam naquela época, mas todos os cidadãos de todos os lugares
em todas as épocas.
Nesse
momento, alguns grupos de representantes do povo começaram a se destacar dentro
da assembleia, sendo dois deles fundamentais para o desenrolar da Revolução.
Você já deve ter ouvido os nomes, mas sabe o que cada um deles defendia?
Jacobinos e Girondinos
Os
Girondinos eram da alta burguesia, composta por empresários e comerciantes.
Esse grupo queria uma reforma com foco no liberalismo econômico e no fim das
isenções de impostos e privilégios dos nobres. Eram conhecidos pela moderação
nas pautas que defendiam, contrários ao uso da violência e defensores da
monarquia constitucional.
Os
Jacobinos, por sua vez, eram a baixa burguesia. Esse grupo era formado
principalmente por intelectuais, advogados, trabalhadores da justiça e médicos.
Os Jacobinos eram considerados mais radicais e queriam uma revolução mais
profunda, com reformas econômicas e fiscais, mas também políticas, sendo que
alguns deles defendiam a erradicação total da monarquia constitucional que se
instaurou, para criar um regime republicano.
Girondinos
se sentavam à direita na Assembleia, e jacobinos à esquerda. Essa divisão foi a
origem do que definimos hoje como esquerda e direita.
A Revolução Francesa contra a Igreja
Uma das
primeiras ações dos deputados da assembleia constituinte contra a Igreja
Católica foi confiscar e nacionalizar as terras do clero, que equivaliam a 20%
do território francês, e a transformar os padres em funcionários do Estado
Francês, submissos às decisões da assembleia e com o dever de prestar juramento
de fidelidade ao rei, à França e à lei.
Mas os
revolucionários não queriam apenas combater o poder político e econômico da
Igreja, e sim erradicar qualquer resquício de tradição católica do país. Foram
realizadas mudanças profundas, entre elas a substituição do calendário
gregoriano por um calendário revolucionário em que os meses eram definidos com
base nas estações do ano, e no qual o ano I era 1793, ano de nascimento da
república francesa. Os domingos também foram abolidos, por serem dias
destinados à adoração cristã.
O fim da monarquia na França
Entre
1789 e 1791 existiu na França um regime de monarquia constitucional, no qual o
rei permanecia como o monarca, mas na prática não tinha mais o poder de
legislar. Durante esse período, a ordem política francesa se manteve
relativamente estável, até que na noite de 20 de Junho de 1791, a família real
francesa realizou uma tentativa de fuga da França com a ajuda de outros
monarcas europeus, entre eles o Imperador do Sacro Império Romano-Germânico,
Leopoldo II, irmão de Maria Antonieta. A intenção de Luís XVI e seus aliados
era reunir forças estrangeiras para retomar a França dos revolucionários.
O plano
não funcionou e os fugitivos foram descobertos durante a viagem e enviados
novamente para Paris. Com o fracasso da tentativa, monarcas de toda a Europa, da
Prússia (atual Alemanha) à Rússia, iniciaram ataques às fronteiras francesas,
pois passaram perceber a revolução como uma ameaça para seus próprios países,
se ela se mostrasse vitoriosa na França. Os franceses, por sua vez, estavam
divididos e seus exércitos desgastados. A guerra devastou as cidades de
fronteira da França, e foi o motivo derradeiro para a população de Paris
decidir por derrubar a monarquia, que estava atuando contra os interesses
franceses na guerra.
No dia 10
de Agosto de 1792, os parisienses, liderados por um grupo de revolucionários
conhecidos como sans-culottes, tomaram o palácio das Tulherias, onde vivia a
família real, e nesse momento, a monarquia francesa acabava de vez, dando lugar
à república, proclamada no dia 21 de Setembro. Luís XVI e Maria Antonieta foram
presos por alta traição.
A execução de Luís XVI e o regime do terror
A Assembleia
Nacional, que era eleita por meio de sufrágio censitário, deu lugar à
Convenção, uma assembleia eleita por sufrágio semi-universal, onde qualquer
homem poderia votar, independente de sua renda; mulheres, entretanto, não
poderiam. As reuniões da Convenção foram marcadas pelos embates cada vez mais
acirrados entre girondinos e jacobinos. O primeiro desses embates se referia a
qual deveria ser o destino de Luís XVI e sua família. Girondinos defendiam que
a família real fosse exilada, ao passo que os jacobinos entendiam que apenas a
execução da monarquia livraria a França da ameaça de um retorno do absolutismo.
Estes últimos venceram, e no dia 21 de Janeiro de 1793, Luís XVI foi executado
na guilhotina.
Os
conflitos entre jacobinos e girondinos não cessaram nesse ponto, na verdade
eles se intensificaram. Os girondinos estavam com medo das proporções que a
Revolução e que os movimentos populares como os sans-culottes estavam tomando,
e pediam o fim da Revolução, uma vez que haviam alcançado suas reivindicações
pela liberdade econômica e fim da aristocracia; mas os jacobinos acreditavam
que o fortalecimento dos movimentos populares era essencial para que uma
revolução profunda ocorresse. O auge desse conflito foi a prisão de boa parte
dos deputados girondinos, em Junho de 1793.
Esse
golpe de Estado deu início ao regime do terror na França, e desencadeou uma
guerra civil por todo o país. Foi instaurado pelos deputados jacobinos, nesse
momento, um comitê de salvação nacional, que se utilizava do terrorismo de
Estado para conter manifestações e insurreições e praticar execuções em massa
por todo o país. Entre trinta e cinquenta mil pessoas foram mortas nesse
período.
O Regime
do terror, liderado pelo jacobino Maximilien de Robespierre, não poupou
adversários políticos assim como não poupou aliados. Robespierre, o
‘Incorruptível’, deu continuidade a uma agenda de reformas econômicas e
culturais na França, ora se aliando a deputados revolucionários, ora a
deputados de centro. Seu poder dentro da Convenção se deteriorou rapidamente e
resultou em sua queda.
10 de Termidor e a chegada de Napoleão
Termidor
foi o nome dado pelos revolucionários aos meses de Julho e Agosto, e em 10 de
Termidor do ano II da Revolução (que corresponde a 28 de Julho de 1794, segundo
ano do calendário revolucionário) foi executado na guilhotina Maximilien de
Robespierre, o principal líder jacobino e um dos grandes nomes da Revolução e
comandante do regime do terror.
No
período posterior à queda de Robespierre e dos Jacobinos, o diretório passou a
ser dominado pelos girondinos, e durante os cinco anos seguintes, os deputados
conseguiram avançar com pautas de incentivo à liberdade econômica e com uma
série de vitórias militares na Europa, em especial na Itália e na Áustria.
Em 1799 a
população francesa volta a eleger maioria de jacobinos para a Convenção. Essa
volta da esquerda francesa ao poder causa temor em girondinos e burgueses, e em
conjunto, estes dois grupos apelam para um novo golpe de Estado. Mas desta vez
não para tomar o poder, e sim para sede-lo a um novo monarca. E não havia
ninguém melhor do que o astuto comandante militar responsável pelas vitórias
francesas no exterior: Napoleão Bonaparte.
Em 18 de
Brumário do ano VIII (9 de Novembro de 1799), Napoleão toma o poder por meio de
um golpe militar e se declara cônsul da França. Esse golpe tem o apoio da
burguesia, que enxerga em Napoleão um aliado de seus interesses econômicos.
Nesse momento termina a Revolução Francesa.
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