Você conhece a história da União Soviética?
Escrito por Renan Lima /Portal
Politize!
Rússia,
Letônia, Lituânia, Estônia, Geórgia, Armênia, Azerbaijão, Bielorrússia,
Cazaquistão, Moldávia, Quirguistão, Tadjiquistão, Turcomenistão, Ucrânia e
Usbequistão. Ufa! Muitos países, não é? Pois bem, iremos abordar todos eles,
mas calma! Somados, todos esses quinze países formavam o que conhecemos como a
União das Repúblicas Socialistas Soviéticas, a URSS.
Criada em
30 de dezembro de 1922 e dissolvida em 26 de dezembro de 1991, a URSS
configurou-se durante sessenta e nove anos de existência como a segunda maior
nação do mundo e também como a segunda maior potência militar. Portanto, para
entendermos como se deu tamanho desenvolvimento, iremos abordar nos próximos
parágrafos a ascensão, o apogeu e a queda de uma das maiores nações já
existentes na história mundial.
Antecedentes e a Revolução Russa
Até o ano
de 1917, a Rússia era governada por um czar que exercia o poder através de um
regime absolutista autoritário e sem uma constituição definida. A população
passava por sérios problemas, sendo um dos principais a fome.
O
principal partido que lutava pelos interesses sociais era o POSDER – Partido
Operário Social Democrata Russo, que baseava suas ideias a partir do pensamento
de Karl Marx e tinha como principal liderança a figura de Vladmir Lenin. Devido
a uma discussão interna, o POSDER acabou se dividindo em dois: entre os Bolcheviques
(maioria) e os Mencheviques (Minoria) – sendo os bolcheviques liderados por
Lenin e os mencheviques por Julius Martov.
É
interessante lembrar que anteriormente, em 1904, a Rússia havia vivido uma
guerra contra o Japão pelo território da Manchúria – da qual saiu totalmente
defasada, com problemas sociais agravados e humilhada por uma derrota
massacrante diante dos japoneses. Ao fim desta guerra, a população fez uma
passeata pacífica e marchou até o Kremlin, palácio do czar. A resposta do
governo veio através do exército, que fuzilou os manifestantes em plena praça
pública, matando cerca de noventa pessoas em um episódio que ficou conhecido
como o Domingo Sangrento.
Tal ato
passaria a ser considerado pelos revolucionários de 1917 como o ensaio da revolução,
pois lutariam pelos que perderam a vida naquela passeata.
Com o
início da Primeira Guerra Mundial, em 1914, a Rússia enfrentava novamente
graves problemas internos, entre eles soldados que eram mandados para o front
de guerra sem mantimentos, a população que voltou a passar fome e o
descontentamento com o czar que já era enorme, tornou-se insuportável.
Assim, em
1917, ocorrem novas manifestações. No episódio, o exército russo volta-se
contra o czar – negando que mais um massacre ocorresse contra a população – o
que leva o czar a abdicar do trono.
Com o
vácuo no poder, Lenin que estava exilado volta ao país com dois lemas: “Pão,
Paz e Terra” e “Todo poder aos Sovietes”. Vale lembrar que sovietes eram os
grupos de trabalhadores que se reuniam em busca de melhor qualidade social pós
domingo sangrento. Assim, os bolcheviques – liderados por Lenin – invadem o
palácio do Kremlin em 25 de outubro de 1917, concretizando assim a Revolução
Russa.
O governo Lenin e o início da URSS
Assim que
assumiu o poder, Lenin passou a governar a Rússia com autoritarismo. Ainda
assim, o período também foi marcado por melhorias para a população, por
exemplo, a crise de abastecimento que solapava o país por décadas chegou ao fim
e terras foram concedidas para quem não tinha onde plantar seus alimentos.
Um dos
marcos mais importantes do governo Lenin foi a retirada do país da Primeira
Guerra Mundial, a partir do tratado de Brest Litovski. Ainda assim, houveram
muitas críticas ao tratado, pois a Rússia entregou vastas áreas territoriais
para a Alemanha – territórios que hoje correspondem a países como Polônia e
Bielorrússia.
Além
disso, boa parte da população russa desaprovava o forte autoritarismo do
governo bolchevique. Assim, como forma de oposição ao governo foi criado o
exército branco, que passou a lutar contra o exército vermelho do governo,
dando início a guerra civil (1918-1921).
Após
milhões de mortes, o exército vermelho de Lenin saiu vencedor do combate, porém
novamente o país ficou em estado crítico.
Para
voltar a desenvolver a economia russa, Lenin criou a Nova Política Econômica
(NEP). Uma política que caracterizou-se pela nacionalização da economia e pela
luta contra a desigualdade social, a miséria e a fome. Também dentro dessas
medidas, estava a criação da União das Repúblicas Socialistas Soviéticas –
URSS.
O governo de Josef Stalin e o apogeu soviético
Após a
morte de Lenin em 1924 – no auge desenvolvimentista da nova política econômica
– Josef Stalin ascendeu ao poder. Considerado como seguidor fiel de Lenin e
apoiado pelo exército, Stalin lançou no início de seu governo os “planos
quinquenais“. Basicamente, os planos quinquenais ajudaram a URSS a alcançar um
forte processo de industrialização, que deu sustentação para diversos avanços
no campo da saúde, educação, ciência e tecnologia.
É desta
forma que a URSS de Stalin se solidifica como um dos países mais desenvolvidos
do mundo, até mesmo depois do fim de seu governo em 1953, período conhecido como
“era stalinista”. O que deu força também para o país disputar com os EUA quem
teria a liderança militar, econômica e social, durante o período conhecido como
Guerra Fria (1947-1991).
Outra
medida implementada no governo Stalin foi a coletivização forçada das terras,
ou seja, uma política que excluía a propriedade privada e obrigava os
trabalhadores a produzirem para o governo. Devido a essa política, a URSS se
desenvolveu em vários setores e tornou-se o maior exportador de grãos do mundo.
Em contrapartida, entretanto, sua população começou a passar fome, já que o
Estado passou a controlar e exportar toda a produção agrícola.
Dessa
forma, cresceu então o descontentamento da população com Stalin, que respondeu
com uma série de ações que ficaram conhecidas como o período do grande terror e
dos processos de Moscou. Nesse período, Stalin passou a perseguir e matar
opositores, enviando-os a campos de concentração de trabalho forçado, onde os
cidadãos eram obrigados a trabalhar até a morte para sustentar os planos
quinquenais.
De forma
semelhante, julgamentos em Moscou serviram para a tortura de quem fosse pego
por protestar contra o governo. Por isso, Stalin ficou conhecido – ao lado de
Hitler – como um dos maiores assassinos do século XX.
Assim,
acredita-se que o governo Stalin estava ancorado em três pontos: melhoria da
qualidade de vida e industrialização através dos planos quinquenais, propaganda
política que passava a imagem de um Stalin “herói soviético” e o grande terror
de ser pego pelo regime Stalinista.
Fim de uma Era: cai a União Soviética
A URSS
chegou ao fim oficialmente no dia 26 de dezembro de 1991. Vários foram os
fatores que contribuíram para a sua queda, assim vamos ver alguns deles.
Para
começar, a década de 70/80 ficou conhecida como a “era da estagnação”. Vamos
entender por quê?
Nesse
período a URSS estava sendo comandada por Nikita Kruschev e Leonid Brezhnev.
Kruschev ficou conhecido por planificar toda a produção agrícola soviética e
por implementar políticas liberais com o objetivo de melhorar a economia. Já
Brezhnev foi o responsável por suprimir várias reformas político/administrativas
que Kruschev tinha colocado em prática, o que causou forte descontentamento
interno e várias manifestações contrárias ao governo.
A
bandeira política de Brezhnev era a bandeira militar, pois temia que um ou mais
países da união soviética almejasse independência. Tal temor o levou a criar a
Doutrina Brezhnev, uma diretriz de política externa que autorizava a URSS a
utilizar apoio militar para garantir suas fronteiras e manter a URSS unida.
A doutrina
fez com que a URSS interferisse politicamente no Afeganistão em 1979, em um
episódio que ficou conhecido como o Vietnã Soviético. Isso porque se tratou de
uma guerra muito semelhante a travada pelos EUA, na qual as guerrilhas
vietnamitas causaram enormes baixas no exército americano.
No ano de
1980, Brezhnev por problemas de saúde precisou deixar o poder, vindo a falecer
em 1982. Assim, entre 1980 à 1985, a União Soviética foi governada por uma junta militar. Até que em
1985, chega ao poder, com o apoio dos militares, Mikhail Gorbachev.
As
primeiras medidas de Gorbachev à frente do governo soviético foram a retirada
das tropas do Afeganistão, a aproximação da URSS com a União Europeia e o
encerramento da doutrina Brezhnev. Além disso, iniciou as negociações com os
Estados Unidos da América para o controle das armas nucleares.
No campo
interno, criou em 1986 a política conhecida como Perestroika (reestruturação),
que tinha por objetivo permitir a volta do multipartidarismo na URSS e a volta
do investimento no empreendedorismo. Em 1988, a política conhecida como
Glasnost (abertura) veio para promover a liberdade de expressão e de imprensa,
além de libertação de presos políticos.
Todas
essas medidas tiveram forte aprovação externa. Entretanto, dentro da URSS,
Gorbachev enfrentou críticas de todos os lados.
O partido
dos liberais – liderados por Boris Yeltsin – acreditavam que as medidas eram
brandas demais, e já o núcleo duro do exército soviético considerava as medidas
liberais demais. Tal efervescência interna levou a grandes protestos em várias
unidades federativas da URSS que demandavam a independência.
Assim, o
“golpe final” à URSS pode ser considerado a declaração de independência da
Ucrânia, em 24 de agosto de 1991. Afinal, após tal episódio, várias outras
unidades da URSS começaram a desenvolver processos de independência em cascata.
Para
tanto, em 25 de dezembro de 1991, Gorbachev renunciou e transferiu o poder
político da URSS para Yeltsin, e assim a Rússia foi declarada o estado sucessor
da URSS.
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