E depois do 13 de maio?
por
Valdineia Oliveira
Você
professor, já conversou com os estudantes da sua classe sobre o que aconteceu
com os africanos e negros escravizados depois da assinatura da Lei Áurea?
O período
pós-abolição na Bahia já foi tema de muitas pesquisas acadêmicas, no entanto, a
trajetória dos negros libertos pela abolição é desconhecida da grande maioria
das pessoas, uma vez que muitos livros didáticos encerram o assunto com a
assinatura da Lei Áurea pela Princesa Isabel e deixam, em aberto, as questões a
respeito do que aconteceu depois. Mas, é exatamente esse o momento que deveria
ser o ponto de partida para que professores e estudantes se comprometessem em
pesquisar para compreender as profundas desigualdades sociais que estão
presentes no Brasil contemporâneo.
Há
questões importantes, para as quais, a curiosidade dos estudantes deve ser
direcionada: Após a abolição, onde os negros foram morar? Eles tiveram
oportunidade de estudar? De se inserir no mercado de trabalho?
A partir
dessas questões é possível compreender se foi possível aos negros se integrarem
à sociedade brasileira ou se foram postos à margem, excluídos de condições
civilizatórias como moradia, saúde e educação. Os dados apontados pelo IPEA
informam que os negros não foram assistidos após a abolição. Eles foram se
instalar em regiões precárias, afastados dos bairros centrais.
A
educação dos negros escravizados durante a Colônia e o Império esteve voltada
apenas para o aprendizado do trabalho. Eles tiveram que lutar pela educação de
seus filhos durante a República, e compreender os passos dessa luta requer uma
larga pesquisa histórica, haja vista que os livros didáticos não se pronunciam
a esse respeito. Na Bahia, o pós-abolição foi marcado pela alocação das
populações negras em trabalhos ligados a subsistência e também o fortalecimento
das atividades rurais. As mulheres negras já tinham uma grande tradição de
trabalho nas ruas, segundo a pesquisadora Cecilia Soares (1994) o que podemos
observar na obra de Debret:
Também é
importante discutir a integração das mulheres negras ao trabalho doméstico no
Brasil, com baixa remuneração e exaustivas cargas horárias de trabalho.
Entretanto,
houve iniciativas de instruir a população negra para inserção no mercado de
trabalho. O Liceu de Artes e Ofícios da Bahia, uma associação da sociedade
civil da qual participavam “artistas” e artífices, estava voltado para a
formação de mão-de-obra livre para tarefas manuais ou manufatureiras e
pretendia ainda funcionar como sociedade de ajuda mútua, além de dar educação
aos filhos daqueles artífices. As
atividades do Liceu tiveram início em 1873. Segundo os pesquisadores: Menezes e
Filho (2008).
Enfim,
esses são apenas tópicos. E uma amostra de que é preciso pesquisar para saber
sobre o que aconteceu após o dia 13 de maio e concluir que não foi tranquilo o
processo de integração dos negros à sociedade brasileira, mas sim resultado de
muitas lutas.
Essas
lutas perduram até os dias atuais com as profundas desigualdades que se
apresentam na nossa sociedade.
Fonte: Plataforma Anísio Teixeira
Fonte: Plataforma Anísio Teixeira
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