1. (Enem – 2016 – 1ª aplicação) Não estou mais pensando como costumava pensar. Percebo isso de modo
mais acentuado quando estou lendo. Mergulhar num livro, ou num longo artigo,
costumava ser fácil. Isso raramente ocorre atualmente. Agora minha atenção começa
a divagar depois de duas ou três páginas. Creio que seu o que está acontecendo.
Por mais de uma década venho passando tempo de mais on-line, procurando e
surfando e algumas vezes acrescentando informações à grande biblioteca da
internet. A internet tem sido uma dádiva para um escritor como eu. Pesquisas
que antes exigiam dias de procura em jornais ou na biblioteca agora podem ser
feitas em minutos. Como disse o teórico da comunicação Marshall Mcluhan nos
anos 1960, a mídia não é apenas um canal passivo para o tráfego de informação.
Ela fornece a matéria, mas também molda o processo de pensamento. E o que a net
parece fazer é pulverizar minha capacidade de concentração e contemplação.
CARR, N. Is Google making us stupid?
(adaptado).
Em relação à internet, a perspectiva
defendida pelo autor ressalta um paradoxo que se caracteriza por
a) associar uma experiência superficial à abundância de informações.
b) condicionar uma capacidade individual à
desorganização da rede.
c) agregar uma tendência contemporânea à aceleração
do tempo.
d) aproximar uma mídia inovadora à passividade
da recepção.
e) equiparar uma ferramenta digital à
tecnologia analógica.
2. (Enem – 2016 – 1ª aplicação) Quanto mais complicada se tornou a produção industrial, mais numerosos
passaram a ser os elementos da indústria que exigiam garantia de fornecimento.
Três deles eram de importância fundamental: o trabalho, a terra e o dinheiro.
Numa sociedade comercial, esse fornecimento só poderia ser organizado de uma
forma: tornando-os disponíveis à compra. Agora eles tinham que ser organizados
para a venda no mercado. Isso estava de acordo com a exigência de um sistema de
mercado. Sabemos que em um sistema como esse, os lucros só podem ser
assegurados se se garante a autorregulação por meios de mercados competitivos
interdependentes.
POLANYI, K. A grande transformação: as
origens de nossa época. Rio de Janeiro: Campus, 2000 (adaptado).
A consequência do processo de transformação
socioeconômica abordada no texto é a
a) expansão das terras comunais.
b) limitação do mercado como meio de
especulação.
c) consolidação da força de trabalho como
mercadoria.
d) diminuição do comércio como efeito da
industrialização.
e) adequação do dinheiro como elemento padrão
das transações.
3. (Enem – 2016 – 1ª aplicação) A democracia deliberativa afirma que as partes do conflito político
devem deliberar entre si e, por meio da argumentação razoável, tentar chegar a
um acordo sobre as políticas que seja satisfatório para todos. A democracia
ativista desconfia das exortações à deliberação por acreditar que, no mundo real
da política, onde as desigualdades estruturais influenciam procedimentos e
resultados, processos democráticos que parecem cumprir as normas de deliberação
geralmente tendem a beneficiar os agentes mais poderosos. Ela recomenda,
portanto, que aquelas que se preocupam com a promoção de mais justiça devem
realizar principalmente a atividade de oposição crítica, em vez de tentar
chegar a um acordo com quem sustenta estruturas de poder existentes ou delas se
beneficia.
YOUNG, I. M. Desafios ativistas à democracia
deliberativa. Revista Brasileira de Ciência Política, n. 13, jan-abr. 2014.
As concepções de democracia deliberativa e de
democracia ativista apresentadas no texto tratam como imprescindíveis, respectivamente,
a) a decisão da maioria e a uniformização de
direitos.
b) a organização de eleições e o movimento
anarquista.
c) a obtenção do consenso e a mobilização
das minorias.
d) a fragmentação da participação e a
desobediência civil.
e) a imposição de resistência e o monitoramento
da liberdade.
4. (Enem – 2016 – 1ª aplicação) A sociologia ainda não ultrapassou a era das construções e das sínteses
filosóficas. Em vez de assumir a tarefa de lançar luz sobre uma parcela
restrita do campo social, ela prefere buscar as brilhantes generalidades em que
todas as questões são levantadas sem que nenhuma seja expressamente tratada.
Não é com exames sumários e por meio de instituições rápidas que se pode chegar
a descobrir as leis de uma realidade tão complexa. Sobretudo, generalização as
vezes tão amplas e tão apressadas não são suscetíveis a nenhum tipo de prova.
DURKHEIM, E. O suicídio: estudo da
sociologia. São Paulo: Martins Fontes, 2000.
O texto expressa o esforço de Émile Durkheim
em construir uma sociologia com base na
a) vinculação com a filosofia como saber
unificado.
b) reunião das percepções intuitivas para
demonstração.
c) formulação de hipóteses subjetivas sobre a
vida social.
d) adesão aos padrões de investigação
típicos das ciências naturais.
e) incorporação de um conhecimento alimentado
pelo engajamento político.
5. (Enem – 2016 – 1ª aplicação) A
mundialização introduz o aumento da produtividade do trabalho sem acumulação de
capital, justamente pelo caráter divisível da forma técnica molecular-digital
do que resulta a permanência da má distribuição da renda: exemplificando mais
uma vez os vendedores de refrigerantes às portas dos estádios viram sua
produtividade aumentada graças ao just in time dos fabricantes e distribuidores
de bebidas, mas para realizar o valor de tais mercadorias, a forma de trabalho
dos vendedores é a mais primitiva. Combinam-se, pois, acumulação molecular
digital com o
puro uso da força de trabalho.
OLIVEIRA, F. Crítica à razão dualista e o
ornitorrinco. Campinas: Boitempo, 2003.
Os aspectos destacados no texto afetam
diretamente questões como emprego e renda, sendo possível explicar essas
transformações pelo(a)
a) crise bancária e o fortalecimento do capital
industrial.
b) inovação toyotista e a regularização do
trabalho formal.
c) impacto da tecnologia e as modificações
na estrutura produtiva.
d) emergência da globalização e a expansão do
setor secundário.
e) diminuição do tempo de trabalho e a
necessidade de diploma superior.
GABARITO
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