Consolidação do Capitalismo e a Revolução Industrial!
Estamos mudando de assunto?
Mudando
em parte, porém não estamos deixando de falar do surgimento da Sociologia. Há
outros elementos que a motivaram surgir.
As
transformações na sociedade europeia não estavam ocorrendo somente no campo das
ideias, como era o caso da consolidação da ciência como ferramenta de
interpretação do mundo, que vimos até aqui.
Há também
a consolidação do sistema capitalista, culminando com a Revolução Industrial,
que ocorreu em meados do século XVIII, na Inglaterra, gerando grandes
alterações no estilo de vida das pessoas, sobretudo nas das que viviam no campo
ou do artesanato. Estes temas despertavam o interesse de críticos da época.
Dessa
maneira, quando a Sociologia iniciou os seus trabalhos, ela o fez com base em
pensadores que viram os problemas sociais ocasionados a partir da crise gerada
pelos fatos acima mencionados.
Acompanhe:
Recorrendo à História para entendermos...
Podemos
dizer que o início do sistema capitalista se deu na chamada Baixa Idade Média,
entre os séculos IX e XV, na Europa Ocidental.
A partir
do século XI, com as “cruzadas” realizadas pela Igreja Católica, para
conquistar Jerusalém que estava dominada pelos muçulmanos, um canal de
circulação de riquezas na Europa foi aberto.
O contato
cultural e o comércio do ocidente com o oriente europeu foram retomados via Mar
Mediterrâneo. Com a movimentação de pessoas e riquezas houve, na Europa
Ocidental, o surgimento de núcleos urbanos, conhecidos por burgos. Destes,
ressurgiram as cidades, pois existiam poucas naquele tempo.
As
chamadas corporações de ofício, que eram uma espécie de associação que
organizava as atividades artesanais para ter acordo entre os preços de venda e
qualidade do produto, por exemplo, começaram a aparecer a fim de regular o
trabalho dos artesões que vinham para as cidades exercer sua profissão. Aqui
vemos que a ideia do lucro se fortalecia.
Mais tarde, os europeus...
...começaram
a explorar o comércio em termos mundiais, principalmente depois dos séculos XV
e XVI e das chamadas Grandes Navegações.
Por
exemplo, com o descobrimento da América, muita riqueza daqui era levada à
Europa para a criação de mercadorias que seriam vendidas nesse mercado mundial
que estava surgindo. A ideia de uma produção em série de mercadorias começava a
surgir.
As
antigas corporações de ofícios foram transformadas pelos comerciantes da época
em manufatura. O trabalho manufatureiro acontecia com vários artesãos, em
locais separados e dirigidos por um comerciante que dava a eles a matéria-prima
e as ferramentas. No final do trabalho encomendado, os artesões recebiam um
pagamento acertado com o comerciante.
Mais à
frente ainda, os comerciantes (futuros empresários capitalistas) pensaram que
seria melhor reunir todos esses artesãos num só lugar, pois assim poderiam ver
o que eles estavam produzindo. Além de cuidar da qualidade do produto, o
controle sobre a matéria-prima e ritmo da produção poderia ser maior.
Foi então que surgiu a ideia da fábrica...
Um lugar
com uma produção mais organizada, com a acentuação da divisão de funções, onde
o artesão ia deixando de participar do processo inteiro de produção da
mercadoria e onde passava a operar apenas parte da produção. Desse ponto para a
implantação das máquinas movidas a vapor, restava somente o tempo da invenção
das mesmas.
Quando o
inventor escocês James Watt (1736-1819) conseguiu patentear a máquina a vapor,
em abril de 1784, ela veio dar grande impulso à industrialização que se
instalava, aumentando a produção, diminuindo os gastos com mão-de-obra e
aumentando o acúmulo de capital.
Veja o quadro que se montava...
O sistema
feudal da Europa Ocidental, estava sendo superado. Ele não conseguiria suprir
as necessidades dos novos mercados que se abriam. O sistema capitalista, com
base na propriedade privada e no lucro, isto é, na acumulação de capital,
estava sendo consolidado.
A partir
da Revolução Industrial (século XVIII), as cidades da Europa Ocidental
começavam a se transformar em grandes centros urbanos comerciais e,
posteriormente, industriais. Muitas delas “inchadas” por desempregados. O
estilo de vida das pessoas estava se transformando – para alguns de forma
violenta e radical – como era o caso de muitos camponeses que eram expulsos
pelos senhores das terras que as cercavam para criar ovelhas e fornecer lã às
fábricas de tecidos.
Já no
caso dos artesãos, esses “perdiam” sua qualificação profissional e o controle
sobre o que produziam, ou seja, de profissionais, passavam a “não ter
profissão”, pois a indústria era quem ditava que tipo de profissional precisava
ser. Não importava se fossem grandes artesãos, só precisariam aprender a operar
a máquina da fábrica. Se fosse hoje, usaríamos o termo aprender a “apertar
botões”. Dessa maneira, como não tinham capital para ter uma produção autônoma
e competir com a fábrica, submetiam-se ao trabalho assalariado.
Novas e
grandes invenções estavam sendo realizadas no campo tecnológico, como as
próprias máquinas a vapor das indústrias. O comércio mundial estava aumentando
cada vez mais. O mundo estava “encolhendo”, em termos de fronteiras comerciais
e ficando “europeizado”.
E em meio
a isto, duas classes distintas emergiam: a composta pelos empresários e
banqueiros, chamada de classe burguesa, e a classe assalariada, ou proletária.
A classe
burguesa é aquela que ao longo do tempo veio acumulando capital com o comércio
e reteve os meios de produção em suas mãos, isto é, as ferramentas, os
equipamentos fabris, o espaço da fábrica, etc., bem como o poder político. Já a
classe proletária, sem capital e expropriada dos meios de produção por meio de
sua expulsão dos feudos e das terras comuns, tornava-se fornecedora de mão-de-obra
aos donos das fábricas.
Agora perceba comigo:
O quadro
social na Europa Ocidental do período passava, então, por transformações
profundas, provocadas pela consolidação do sistema capitalista, pela
valorização da ciência contrapondo as explicações míticas a respeito do mundo,
pela abertura de mercados mundiais e pelos conflitos derivados das condições de
vida miseráveis dos operários, confrontadas com o enriquecimento da classe
burguesa. É em meio a todas essas mudanças que a Sociologia começa a ser
pensada como sendo uma ciência para dar respostas mais elaboradas sobre os novos
problemas sociais.
A
Sociologia e suas teorias, as quais vamos ver a seguir, se constituem ferramentas
de reflexão sobre a sociedade industrial e científica que surgia. Vamos ver
como elas refletem para entendermos os problemas sociais e ajudar a encontrar
soluções para os mesmos.
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