Resposta da questão 7: [E]
Depois de Platão e Aristóteles devemos
compreender que a simples aceitação de uma crença qualquer é uma escolha, é um
procedimento arbitrário e não mais uma posição mística agraciada por deus ou
deuses misteriosos. A respeito do surgimento da filosofia e seu relacionamento com
o discurso mítico podemos dizer que existe sempre uma tensão tanto estabelecida
pela oposição quanto pelo confronto – pensando a oposição como estabelecimento
de métodos e temas absolutamente distintos e o confronto como embate sobre os
temas similares. Os filósofos não eram sacerdotes e nem defensores de
explicações misteriosas sobre os fenômenos naturais. É importante compreender
que se iniciava nessa época uma reflexão sistemática empenhada em estabelecer
um conhecimento que não proviesse da inspiração divina, porém da argumentação
pública e da comprovação factual dos argumentos – e a modificação da maneira
através da qual as comunidades gregas se estabeleciam (a passagem de uma grande
organização fundada em um líder para a pluralidade de líderes de comunidades
menores) contribuiu muito para a valorização desse método dialógico de
argumentação que exigia a responsabilização do manifestante e, por conseguinte,
uma sensatez, que não era prioridade em uma explicação mítica. Enfim, vale
indicar por último que apesar de a passagem do mito para o lógos ter sido
gradual, afinal é muito difícil que aquilo que sustenta uma comunidade seja
alterado rapidamente, esta morosidade da substituição não é necessariamente
devida a uma proximidade entre poesia e filosofia. A relação entre ambas
existe, porém ela é sempre problemática e instaurada através da tensão.
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