Cientistas falam sobre
perspectivas astronômicas para 2021
O ano de 2021 traz perspectivas
animadoras para a astronomia, como a contagem regressiva para uma missão com
destino à Lua e o lançamento de um supertelescópio que fará imagens inéditas do
espaço.
Quem perdeu a oportunidade de observar
os eventos ocorridos em 2020 terá a chance de observar novos fenômenos a partir
de 27 de abril, com uma Superlua.
Em maio, um eclipse total da Lua será a
atração nos céus brasileiros. Novembro terá outro eclipse, desta vez parcial.
Em dezembro será possível conferir a
famosa chuva de meteoros Geminídeas.
Começa este ano também a contagem
regressiva para a missão Artemis, da Nasa, que deve levar a primeira mulher à
Lua em 2024, com parceria brasileira. Os testes não tripulados começam este
ano, segundo a agência espacial norte-americana.
A missão ganhou novo fôlego após a
descoberta de moléculas de água na Lua, detectada pelo telescópio Sofia.
Telescópios
O lançamento do super telescópio James
Web é o destaque de Duilia de Mello, astrônoma, pesquisadora em projetos da
Nasa e vice-reitora da Universidade Católica da América.
“Eu acho que vai ser absolutamente
incrível toda expectativa que vai se tornar ao redor deste lançamento deste
telescópio [James Web], que estamos esperando há tanto tempo e vai revelar os
confins do universo. A gente vai poder ver as primeiras galáxias. Além disso,
[o telescópio] vai confirmar também alguns planetas ao redor de outras
estrelas. Vai ser uma missão de impacto na nossa visão de universo.”
O astrofísico do Observatório Nacional
Ricardo Ogando destaca que as imagens em alta resolução que serão capturadas em
2021 também serão destaque no campo astronômico.
“A astronomia é a ciência do acaso. A
gente nunca sabe o que vai descobrir. É muito difícil prever o que será
destaque em 2021. Por exemplo, matéria escura e energia escura. São dois
ingredientes importantes do universo que ninguém sabe o que são e surpreenderam
a todos quando foram descobertos”, explica.
Matéria escura
O cientista explica que a matéria escura
é uma matéria invisível, não detectável fisicamente e apenas teorizada devido à
sua ação gravitacional. A energia escura, por sua vez, é o nome que se dá ao
''combustível'' que acelera a expansão do universo.
“Vários projetos estão tentando
descobrir mais detalhes sobre este setor escuro do universo. Um deles é o LSST
(Legacy Survey of Space and Time), no Observatório Vera Rubin, no Chile, vai
usar um telescópio de 8 metros para fazer uma espécie de filme em altíssima
resolução do céu usando uma câmera de 3,2 mil megapixels”, revela o
astrofísico.
Leonardo Andrade, professor da
Universidade Federal do Rio Grande do Norte, destaca o uso de dados dos
telescópios para detecção de bioassinaturas.
''Para 2021, teremos possivelmente a
confirmação de alguns estudos, como o que trata da descoberta de um planeta ao
redor de duas estrelas – uma viva e outra morta, usando dois métodos de
detecção diferentes”, afirmou.
Para Hélio Jaques Rocha-Pinto, diretor
do Observatório do Valongo, 2021 será uma oportunidade para ampliar o
conhecimento humano sobre a Via Láctea com a liberação de dados do satélite
Gaia.
“Eu espero grandes descobertas na área
da astronomia galáctica em função da liberação de dados do satélite Gaia, que
está disponibilizando aos pesquisadores uma quantidade de informações sem
precedentes em termos de precisão das posições estelares e do movimento das
estrelas na esfera celeste”, concluiu.
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