ONU alerta que chuva pode piorar
crise humanitária em Moçambique
Diretores da organização pediram
ajuda para a região
Os diretores regionais da Organização
das Nações Unidas (ONU) para a África Austral e Oriental alertaram hoje (20)
que a crise humanitária em Moçambique vai piorar devido à estação das chuvas e
pediram mais ajuda para a região afetada.
"Com o número de deslocados
aumentando diariamente, a falta de alimentação adequada, água, saneamento,
abrigo, saúde, proteção e educação agrava-se uma situação já terrível, pela
iminente estação de chuvas num país particularmente sujeito a extremos choques
climáticos", diz comunicado divulgado no mesmo dia em que foi concedida
entrevista coletiva para alertar sobre a crise na província de Cabo Delgado.
"A crise no Norte do país é uma
emergência complexa de segurança, de direitos humanos, humanitária e de
desenvolvimento, sendo imperativo continuar a fornecer assistência para salvar
vidas, enquanto se apoia coletivamente a construção de resiliência de longo
prazo liderada pelo governo", afirma a Declaração Conjunta sobre
Moçambique.
Os diretores regionais da ONU para a
África Austral e Oriental chamam a atenção ainda para a "urgência de
aumentar massivamente os investimentos em recuperação e resiliência" e
mostram-se "profundamente preocupados com o agravamento da crise
humanitária e a escalada da violência que forçou milhares a abandonarem as suas
casas e os seus distritos na província de Cabo Delgado".
O comunicado é divulgado semanas
depois da visita desses diretores de seis agências da ONU a Moçambique, em
dezembro, para avaliar a situação e as necessidades das populações deslocadas.
"A crescente insegurança e a
infraestrutura deficiente fizeram com que se tornasse mais difícil chegar às
pessoas necessitadas e, com a pandemia de covid-19, a crise tornou-se ainda
mais complexa", no final da visita, que "permitiu aos participantes
testemunharem em primeira mão o impacto da violência contínua em Cabo Delgado e
mostrar apoio às comunidades afetadas e ao povo moçambicano".
Para esses diretores, "há
necessidade urgente de expandir os programas de proteção, saúde, alimentação e
nutrição para crianças e mulheres vulneráveis, bem como as intervenções de
vacinação e imunização e o aconselhamento psicossocial e de trabalho, para
permitir que as famílias de agricultores e pescadores deslocados restabeleçam
meios de subsistência sustentáveis".
Assim, alertam que é preciso mais
apoio "para o reassentamento adequado de famílias deslocadas, as quais
sobrecarregam os já limitados recursos das comunidades acolhedoras empobrecidas
e retardam os esforços do governo para registar e assistir os deslocados com
eficácia".
A missão conjunta contou com
representantes da Organização Internacional para as Migrações (OIM), do Fundo
das Nações Unidas para a População (FNUAP) e da Agência das Nações Unidas para
os Refugiados (ACNUR), entre outros. Participou também a coordenadora Residente
das Nações Unidas e coordenadora Humanitária para Moçambique, Myrta Kaulard, e
representantes do Centro de Resiliência do Programa das Nações Unidas para o
Desenvolvimento.
A violência armada na província de
Cabo Delgado, no norte de Moçambique, onde se desenvolve o maior investimento
multinacional privado da África para a exploração de gás natural, provoca uma
crise humanitária com mais de duas mil mortes e 560 mil pessoas deslocadas, sem
habitação, nem alimentos, concentrando-se sobretudo na capital provincial,
Pemba.
Algumas das incursões passaram a ser
reivindicadas pelo grupo jihadista Estado Islâmico desde 2019.
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