Secretário-geral da ONU recomenda envio de
observadores à Líbia
Objetivo é acompanhar acordo de cessar-fogo
O secretário-geral da Organização das Nações
Unidas (ONU), António Guterres, sugeriu o envio de observadores internacionais
para a cidade de Sirte, porta de entrada para os principais campos petrolíferos
da Líbia, a fim de observar o acordo de cessar-fogo.
Em um relatório provisório ao Conselho de
Segurança sobre os acordos propostos para o monitoramento do cessar-fogo,
divulgado nessa segunda-feira (4), o chefe das Nações Unidas disse que uma
equipe avançada deveria ser enviada para Tripoli, capital da Líbia, como
primeiro passo para "fornecer as bases de um mecanismo gradual de
monitoramento do cessar-fogo [da ONU], baseado em Sirte".
A Líbia, que tem as reservas de petróleo mais
importantes no Continente Africano, é um país imerso no caos político e de
segurança desde a queda do regime de Muammar Kadhafi, em 2011.
Desde 2015, duas forças rivais disputam o
poder na Líbia.
A Rússia apoia as forças do marechal Khalifa
Haftar, enquanto a Turquia defende o Governo de Acordo Nacional (GAN),
reconhecido pela ONU e sediado em Tripoli.
Sob a mediação da ONU, os líderes militares
das fações beligerantes do conflito na Líbia encontraram-se em novembro, pela
primeira vez, para discutir a aplicação e o monitoramento de um cessar-fogo que
tinha sido anunciado em outubro passado.
O acordo prevê a retirada de todas as Forças
Armadas das linhas de conflito e a saída de todos os mercenários e combatentes
estrangeiros no prazo de três meses.
Guterres disse que a Comissão Militar Mista,
com cinco representantes de cada uma das partes rivais, "solicitou que
monitores internacionais individuais desarmados e sem uniformes fossem
destacados sob os auspícios das Nações Unidas", trabalhando em conjunto
com equipes de observadores dos governos rivais "para tarefas específicas
de monitoramento e verificação".
"Os partidos líbios também transmitiram
a sua posição firme de que nenhum destacamento de forças estrangeiras de
qualquer tipo, incluindo pessoal uniformizado das Nações Unidas, devia ocorrer
em território líbio", acrescentou o secretário-geral.
Guterres lembrou que a comissão acolheu
favoravelmente as ofertas de apoio ao mecanismo de observação por parte de
organizações regionais, incluindo a União Africana, a União Europeia e a Liga
Árabe, sob a proteção da ONU.
A equipe ia providenciar inicialmente
"supervisão", ao longo da estrada costeira, em relação "à
remoção de forças militares e mercenários, o destacamento da força policial
conjunta e a remoção de resíduos explosivos de guerra, armadilhas e
minas".
"Assim que as condições o permitissem,
ampliariam o trabalho de controle ao triângulo Abu Grein-Bin Jawad-Sawknah, e
possivelmente mais além", acrescentou.
Guterres apelou ainda para o apoio das partes no conflito. "Um cessar-fogo duradouro na Líbia necessita, acima de tudo, da adesão das partes e dos cidadãos comuns" do país, disse o secretário-geral, que pediu também respeito do embargo de armas da ONU, amplamente quebrado.
Guterres acrescentou que o destacamento de
observadores, sob a égide da Missão de Apoio das Nações Unidas na Líbia
(UNSMIL, na sigla em inglês) ia exigir financiamento e pessoal dos
Estados-membros da organização.
Ontem, o embaixador da Tunísia na ONU, Tarek
Ladeb, atual presidente do Conselho de Segurança, disse esperar a adoção de uma
resolução sobre um mecanismo de monitoramento do cessar-fogo antes de os
membros do órgão discutirem a UNSMIL, em 28 de janeiro.
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